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Conheça sete mulheres pioneiras na ciência

Marie Curie (1867-1934) - A física e química polonesa ficou conhecida por suas contribuições sobre radioatividade. Em 1903, ganhou o Prêmio Nobel de Física, e, em 1911, o Prêmio Nobel de Química. As premiações fizeram da cientista a primeira pessoa a conquistar o Nobel duas vezes e em duas áreas diferentes - Reprodução/upsocl
Marie Curie (1867-1934) - A física e química polonesa ficou conhecida por suas contribuições sobre radioatividade. Em 1903, ganhou o Prêmio Nobel de Física, e, em 1911, o Prêmio Nobel de Química. As premiações fizeram da cientista a primeira pessoa a conquistar o Nobel duas vezes e em duas áreas diferentes Imagem: Reprodução/upsocl

12/11/2017 18h29

Quantas mulheres cientistas você consegue citar de cabeça? Em geral, símbolos da ciência costumam ser do sexo masculino, o que não faz justiça a diversas pioneiras que merecem ser lembradas, celebradas e estudadas. A série #100Mulheres, da BBC, listou algumas mulheres que fizeram - e ainda estão fazendo - história no campo científico.

Marie Curie: primeira pessoa a conquistar dois Prêmios Nobel

A polonesa Marie Curie (1867-1934), que ganhou fama internacional com seus estudos sobre radioatividade, foi a primeira pessoa a conquistar o Prêmio Nobel em dois campos diferentes da ciência. Em julho de 1898, ela anunciou, juntamente com o marido, Pierre Curie, a descoberta de um novo elemento químico, o polônio - que recebeu esse nome em homenagem ao seu país de origem. No mesmo ano, os dois descobriram o rádio. Em 1903, Marie Curie ganhou o Prêmio Nobel de Física ao lado do marido e de Henri Becquerel. Oito anos depois, conquistou o segundo Nobel - desta vez, de Química.

Caçula da família, Curie nasceu em Varsóvia, na Polônia. E trabalhou desde cedo para conseguir pagar os estudos. O esforço foi recompensado - ela conseguiu terminar um mestrado em física e outro em matemática, um na sequência do outro. Após a morte do marido, em um acidente em 1906, Curie assumiu o posto dele como professora - e tornou-se a primeira a mulher a lecionar na Universidade Sorbonne, em Paris. A cientista morreu, aos 66 anos, vítima de leucemia, causada pela exposição prolongada à radiação durante sua pesquisa.

Peggy Whitson: primeira mulher a comandar a Estação Espacial Internacional

Peggy Whitson comandou uma missão pela Estação Espacial Internacional em 2005  - Reprodução/NASA - Reprodução/NASA
Peggy Whitson comandou uma missão pela Estação Espacial Internacional em 2005
Imagem: Reprodução/NASA

Enquanto a americana Peggy Whitson cursava o último ano do ensino médio, a Nasa selecionava suas primeiras astronautas mulheres. E o que a princípio era um sonho, inspirado nas transmissões do homem pisando na Lua, começava a ganhar contornos de realidade. Criada em uma comunidade rural do Estado de Iowa, Whitson não sabia exatamente como realizar o sonho de se tornar astronauta, mas seguiu sua paixão pela química e biologia para obter um doutorado.

Cientistas costumam ser minoria em equipes de astronautas, geralmente formadas por militares. Mas, em 1996, Whitson foi selecionada como candidata a astronauta.A americana, que fez seu primeiro voo para a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) em 2002, se tornou a primeira cientista a comandar a ISS. Whitson encontrou na Estação Espacial Internacional um ambiente de pesquisa único. Realizou diversos experimentos - de testes voltados à agricultura até potenciais tratamentos para o câncer e dinâmica de fluidos. "Eu amo a variedade de pesquisas que estamos conduzindo no espaço. Vai nos ajudar no futuro, quando realmente conseguirmos sair e explorar lugares mais distantes - dentro do nosso Sistema Solar e até mesmo além dele", afirmou à BBC.

Marie Tharp: mapeou o fundo do oceano

Em 1953, Marie Tharp (1920-2006) se tornou a primeira cientista a mapear o fundo do Oceano Atlântico. Geóloga e cartógrafa oceanógrafa, Tharp deu uma importante contribuição à ciência ao descobrir o Vale do Rift ou Vale da Grande Fenda (complexo de falhas tectônicas causadas pela separação das placas africana e arábica) - que comprovou a teoria das placas tectônicas. Inicialmente, a descoberta de Tharp não foi levada a sério, nem mesmo por seu parceiro de pesquisa, Bruce Heezen. Como a presença de mulheres em navios de pesquisa era proibida, ela desenhou os mapas com os dados que Heezen coletava nas expedições.

Apesar das contribuições revolucionárias, o nome de Tharp permanece quase no anonimato - enquanto Heezen recebe sozinho o crédito de grande parte do trabalho que realizaram juntos. Ela sabia que ficaria em segundo plano, mas descarta qualquer tipo de ressentimento e destaca a importância de documentar a cordilheira meso-atlântica. "Você só pode fazer isso uma vez. Não dá para encontrar nada maior que isso, pelo menos não nesse planeta", afirmou.

Wanda Diaz-Merced: tornou a astronomia acessível

A astrofísica Wanda Diaz-Merced começou a apresentar problemas de visão quando ainda era estudante na Universidade de Porto Rico. A retinopatia diabética (complicação da diabetes que causa cegueira) comprometeria totalmente sua visão em pouco tempo, mas ela estava determinada a não mudar os rumos de sua carreira. Um estágio na Nasa deu a Diaz-Merced a oportunidade de trabalhar com um método chamado "sonificação de dados". Por meio dessa técnica, as informações enviadas pelos satélites eram traduzidas em ondas sonoras - em vez de gráficos visuais, formato usado normalmente pelos astrônomos.

Diaz-Merced continuou desenvolvendo o software, permitindo que astrofísicos interpretem os dados com mais precisão e tornando essa área acessível a uma série de pesquisadores excluídos no passado. Ela trabalha atualmente no Departamento de Astronomia para Desenvolvimento da África do Sul, abrindo espaço na ciência para uma geração de estudantes cegos.
"Para esse campo da astronomia, que eu amo tanto, não quero ver nenhuma segregação. Quero que as pessoas tenham oportunidades iguais para mostrar seu talento", disse à BBC.

Quarraisha Abdool Karim: inovação na prevenção da Aids

Quarraisha Abdool Karim, epidemiologista especializada em doenças infecciosas, passou mais de 25 anos estudando como o vírus HIV, causador da Aids, se espalhou na África do Sul, e seu impacto nas mulheres. Em 2013, Karim ganhou a Ordem de Mapungubwe, maior honra da África do Sul, por suas contribuições inovadoras. Ela trabalhou de perto com mulheres de todas as comunidades sul-africanas para realizar testes de prevenção do HIV. Atualmente, Karim é diretora científica da Caprisa, centro de investigação da Aids na África do Sul, e atua como conselheira das agências da ONU.

Soyeon Yi: primeira astronauta da Coreia do Sul

Em 2008, Soyeon Yi fez história ao se tornar a primeira astronauta da Coreia do Sul, tendo competido com outras 36 mil candidatas pela vaga. "Não é comum ser a primeira na história entre as mulheres", diz Yi, confiante de que seu sucesso pode inspirar outras mulheres a entrar para o mundo da ciência. Quando olhou para baixo e viu a Terra do espaço, ela conta que se sentiu muito grata pelas oportunidades que teve na vida e pela "linda dádiva" que é nosso planeta.

Rajaa Cherkaoui El Moursli: papel-chave na descoberta do Bóson de Higgs

Na infância, a física nuclear Rajaa Cherkaoui El Moursli leu a biografia de Marie Curie diversas vezes - as conquistas da polonesa inspiraram a jovem marroquina ao longo de sua educação. Mas El Moursli teve que superar diversos obstáculos para seguir carreira na ciência. "O primeiro desafio foi convencer meu pai a me deixar ir para a França, para Grenoble, fazer faculdade", relembra.

"Naquela época, a sociedade marroquina ainda era muito conservadora e a maioria das meninas não podia deixar o país antes de casar". El Moursli ganhou prêmios por seu papel na descoberta (e prova) da existência do Bóson de Higgs, a partícula responsável pela criação da massa no universo. Ela também é responsável pelo primeiro mestrado em física médica no Marrocos.