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De 'blogueirinha' a empresária de sucesso, como sueca construiu um negócio milionário

Isabella Lowengrip começou carreira como blogueira de moda e beleza quando tinha apenas 14 anos  - Isabella Lowengrip
Isabella Lowengrip começou carreira como blogueira de moda e beleza quando tinha apenas 14 anos Imagem: Isabella Lowengrip

Maddy Savage

Da BBC, em Estocolmo

18/11/2017 12h59

Após se tornar uma celebridade como blogueira, a sueca Isabella Lowengrip criou uma das empresas de cosméticos mais conhecidas do país. Mas a trajetória da jovem de apenas 27 anos nem sempre foi um mar de rosas.

Ela começou a escrever o blog aos 14 anos e, de cara, enfrentou críticas da imprensa, que não a levava a sério.

"Os suecos, e particularmente as adolescentes, aderiram muito rápido", conta Lowengrip sobre a explosão de blogs que tomou conta do país há mais de dez anos.

"Lembro que a imprensa sueca riu da gente. Disseram 'olha aquelas meninas tentando fazer negócio com blogs'. Mas não desistimos, e eu me orgulho muito disso", relembra.

Sob o pseudônimo Blondinbella, Lowengrip se tornou rapidamente uma das blogueiras de moda e beleza mais lidas nos países nórdicos. Atualmente, cerca de 1,5 milhão de pessoas visitam seu site toda semana.

Traduzido para o inglês, alemão e, mais recentemente, para o árabe e francês, o blog também mostra as investidas da blogueira no mundo dos negócios e o esforço para conciliar a carreira com a criação dos filhos. Lowengrip é mãe de duas crianças pequenas.

Como Blondinbella, ela se transformou em "influenciadora digital", e o site também acabou se convertendo em plataforma para lançar uma série de outros negócios tão bem sucedidos quanto.

"Me vejo mais como empreendedora do que escritora. Ainda acho que escrevo muito mal", admite.

Adolescente empreendedora

Lowengrip mostrou tino comercial ainda na adolescência, quando conseguiu patrocinadores e anunciantes para o blog.

Enquanto os colegas gastavam todo dinheiro que entrava, ela investia em novos negócios. Em 2012, lançou a própria marca de produtos de beleza, a Lowengrip Care & Color (LCC), que entrou para a lista das companhias do setor que mais cresceu no ano passado na Suécia. 

Blogueira quer transformar a LCC em uma marca de cosméticos reconhecida internacionalmente  - Isabella Lowengrip - Isabella Lowengrip
Blogueira quer transformar a LCC em uma marca de cosméticos reconhecida internacionalmente
Imagem: Isabella Lowengrip

A linha de produtos, que promete resultados rápidos, inclui creme facial, rímel, shampoo e loção para o corpo.

As vendas da empresa chegaram a 35 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 13 milhões) no ano passado. E, de acordo com as previsões do grupo, a expectativa é atingir 75 milhões de coroas suecas (R$ 29 milhões) neste ano.

"Construir uma empresa era minha paixão", diz Lowengrip sobre a decisão de ir além do blog e apostar em novos negócios. "É difícil para mim usar maquiagem ou roupa de outra pessoa - quero criar tudo."

Mas a LCC e o blog têm uma conexão forte. Os empreendimentos dividem o mesmo escritório no badalado centro comercial Sturegallerian, em Estocolmo, e empregam 40 pessoas.

Com frequência, Lowengrip publica no blog posts sobre seu trabalho à frente da empresa - de encontros com designers e toxicologistas a visitas a feiras de beleza, passando pela assinatura de contratos importantes. 

Ela também costuma perguntar a opinião dos leitores sobre produtos e projetos. E demonstra interesse por outros tipos de negócios, como marcas de sapato, roupas, empresas de investimento e workshops para administrar as próprias finanças.

"Aconteceu que ela tem talento para os negócios e passou a ser levada muito mais a sério", avalia Frasse Levinsson, analista de mídia de Estocolmo e editor digital da revista cultural Nojesguiden.

Nem todos os negócios da sueca deram certo, como uma revista de celebridades e uma loja virtual - Isabella Lowengrip - Isabella Lowengrip
Nem todos os negócios da sueca deram certo, como uma revista de celebridades e uma loja virtual
Imagem: Isabella Lowengrip

"Ela sabe para onde o vento sopra. Por exemplo, cuidado com a pele é o tema do momento para o movimento feminista na Suécia. E é como se ela tivesse previsto isso, porque lançou os próprios produtos para a pele um pouco antes", afirma.

Vida pessoal

Ao comentar o próprio sucesso, Lowengrip lista diferentes fatores - do número de horas que investiu para aprender questões comerciais à colaboração de "colegas inteligentes". Ela admite, no entanto, que o tempo e energia investidos na construção da carreira afetaram sua vida pessoal.

Ela também é franca sobre os projetos que fracassaram ou não decolaram, incluindo a Egoboost, uma revista sobre celebridades que nunca deu lucro, e a Bellme, sua primeira loja online, que faliu logo depois que ela vendeu o negócio.

"Aprendi muito ao longo dos anos, então sou grata por todos os erros. Você tem que voltar ao jogo e não ter medo do que as pessoas vão pensar", avalia a empresária.

Aos 27 anos, Lowengrip reconhece que não é a "melhor das líderes", argumentando que seu ponto forte é trazer ideias e focar no plano mais amplo de transformar a LCC "na próxima Estée Lauder", referindo-se à empresa de cosméticos fundada pela americana de mesmo nome.

Por isso, a sócia dela, a jornalista e economista Pingis Hadenius, assumiu a função diretora executiva da LCC. O cargo oficial de Lowengrip na empresa é diretora criativa, mas ela continua sendo "a cara" da marca.

Lowengrip às vezes atua como modelo para divulgar os próprios produtos  - Isabella Lowengrip - Isabella Lowengrip
Lowengrip às vezes atua como modelo para divulgar os próprios produtos
Imagem: Isabella Lowengrip

Polêmica

Apesar de ser um ícone para milhares de suecas, que cresceram lendo suas histórias, Lowengrip segue dividindo opiniões.

Ela enfrentou críticas recentemente após se divorciar do marido e verbalizar a necessidade de pagar alguém para ajudá-la a cozinhar e limpar a casa -  algo que é considerado um tabu na social-democracia da Suécia.

Mãe de dois filhos, ela se recusa a ser julgada pelo estilo de vida que leva.

"É importante para mim não ter que escolher entre os negócios e a família", diz.

"Se eu sou uma pessoa mais feliz comigo mesma, então sou uma mãe melhor, uma colega melhor e uma líder melhor."