Topo

Bom na teoria, poliamor pode ser difícil na prática

"O ser humano é conflituoso: não é fiel, mas quer que o parceiro seja; quer comer de tudo, mas se manter magro", diz o psicólogo Ailton Amélio da Silva - Getty Images
"O ser humano é conflituoso: não é fiel, mas quer que o parceiro seja; quer comer de tudo, mas se manter magro", diz o psicólogo Ailton Amélio da Silva Imagem: Getty Images

Da Redação

18/05/2010 13h15

Não é fácil mudar padrões de comportamento. Na teoria, o poliamor pode atrair muitas pessoas, mas na prática a coisa muda de figura. O publicitário Ernesto*, 30 anos, é casado há cinco anos e descobriu essa forma de amar na net. “Sempre discutia a monogamia e a poligamia com os amigos. A primeira é estranha, a segunda remete ao machismo. O poliamor foi ao encontro do que pensávamos”, conta ele.

Quando falou sobre assunto com a mulher, 31 anos, há cerca de quatro anos, ela ficou surpresa. “Minha mulher entendeu a ideia, mas o grande problema, segundo ela, era que eu não ia aguentar vê-la com outro”, diz. Apesar de não se autodenominar ciumento, essa ideia mexeu com o publicitário. “Quando ela topou praticar o poliamor, os primeiros sentimentos foram de insegurança. E, quando ela confessou que ficou com outro, eu não quis saber dos detalhes. O que senti foi algo parecido com ciúme ou a sensação de ser trocado”, relata. Mesmo assim, Ernesto garante que vão continuar tentando.

“O ser humano é conflituoso: não é fiel, mas quer que o parceiro seja; quer comer de tudo, mas se manter magro”, diz o psicólogo Ailton Amélio da Silva. Já para sexóloga Regina Navarro Lins, as mudanças são lentas, mas acontecem. Ela cita exemplos clássicos desse tipo de processo na sociedade: “Se na década de 1960, alguém afirmasse que o divórcio seria a coisa mais comum do mundo nos anos 2000, ninguém acreditaria. E se dissessem para a avó da sua mãe que não casar virgem seria normal um dia? Com certeza, ela responderia: impossível”. (ROSANA FERREIRA)

* O nome foi trocado a pedido do entrevistado