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Pompoarismo pode melhorar a vida sexual e a saúde

RENATA RODE<BR>Colaboração para o UOL

20/10/2010 15h00

Você já fez sua ginástica íntima hoje? Essa pergunta pode soar um pouco estranha para a maioria das pessoas, principalmente para aquelas que não conhecem o pompoarismo nem seus benefícios. Mas, acredite: essa técnica pode melhorar a vida sexual do casal e até a saúde feminina. “O ato de enrijecer os músculos vaginais ajuda a controlar problemas como a incontinência urinária. Além disso, com pouco tempo de exercícios e muita dedicação, é possível notar resultados, inclusive observados pelo próprio parceiro”, explica Regina Racco, especialista e autora de diversos livros sobre o tema.

Segundo o dicionário “Michaelis”, a definição de pompoar é: “Contração voluntária dos músculos circunvaginais, a fim de induzir sensações eróticas no pênis, durante o ato sexual. Tal prática prolonga e intensifica o prazer sexual.” As pompoaristas, portanto, relatam que podem ter orgasmos intensos e proporcionar ao parceiro sensações até então desconhecidas por meio da massagem que a vagina faz no pênis. Mas não é só. Aprovado por sexólogos e fisioterapeutas, o pompoarismo pode trazer outros benefícios, como explica Racco: “As contrações, quando bem realizadas e devidamente repetidas, fortalecem a região pélvica e aumentam a disposição e o bem-estar”.

Para a contadora L.G., 50 anos, de São Paulo, a ginástica íntima mudou sua vida. “Conheci a técnica em um curso e desde então não parei mais. Uma das vantagens é que sentimos diferença já na segunda semana de exercícios. E meu companheiro também elogiou os resultados”, conta a aluna. A paulistana afirma ainda que, com a prática constante de exercícios, houve melhora da incontinência urinária e, é claro, uma injeção de autoestima.

A história

A arte de treinar os músculos pélvicos é milenar. Em escritos antigos de países do Oriente, como China, Índia, Japão, e dos povos árabes, é possível notar dados sobre a ginástica. O pompoarismo foi se desenvolvendo ao longo da história e, no início do século passado, prostitutas tailandesas utilizavam-se da técnica para satisfazer seus clientes. Foram elas que começaram a usar a ginástica para o exibicionismo, e, até hoje, os shows em que mulheres atiram objetos usando as contrações pélvicas fazem sucesso em boates da região, a exemplo do filme australiano “Priscilla - A Rainha do Deserto”. O cinema, aliás, retratou esse tema em outras películas, como o documentário chinês “Os Últimos Tabus”, em que uma mulher “fuma” pela vagina, e o filme japonês “O Império dos Sentidos”, que mostra uma mulher introduzindo um ovo cozido – depois é expelido e ingerido pelo amante.

 

  • Getty Images/Thinkstock

    Bolinhas ligadas por um fio, conhecidas também por tailandesas, são usadas no treinamento

Para saber mais sobre o assunto, acompanhe a seguir a entrevista exclusiva com a especialista Regina Racco:

UOL Estilo Comportamento - Quando você começou a se interessar por ginástica íntima?

Regina Racco - Ainda muito jovem. Quem primeiro me falou sobre as contrações foi minha avó e, longe de fazer qualquer conotação sexual, ela dizia que os exercícios preparariam meu corpo para quando fosse mãe, que teria partos fáceis e boa recuperação. Eu tinha 14 anos.

Qualquer mulher pode fazer os exercícios?

Sim. Trata-se de uma ginástica totalmente segura. Antes de praticar, porém, as grávidas devem consultar seu médico e obter dele a permissão; e as virgens devem treinar as contrações sem o uso de acessórios. Com exceção dessas condições, mulheres de 18 a 138 anos podem - e devem - treinar.

Dê uma dica para a mulher que está em casa e quer começar a praticar a ginástica.

Comece agora a fazer os exercícios. Procurar conhecer bem sua anatomia (um espelhinho ajuda) e perceber o movimento do introito vaginal ao contrair faz parte de um bom começo.

Quais os benefícios que o pompoarismo traz à mulher?

Os benefícios são muitos e vão além do campo sexual. Na saúde íntima, auxilia no tratamento da incontinência urinária, prolapso uterino e infecções reincidentes; ajuda o parto normal e a recuperação no pós-parto; melhora a lubrificação de mulheres na pós-menopausa, além de protegê-las contra a perda da libido. Na vida sexual, auxilia a mulher que tem dificuldade em alcançar o orgasmo, além de dotá-la de uma extraordinária força (ocasionada pelos músculos fortes) e melhores movimentos, fazendo com que o ato sexual seja muito prazeroso ao casal.

O homem pode fazer pompoarismo?

Temos um trabalho voltado ao homem. Não é propriamente pompoarismo, e sim ginástica íntima com alguns elementos herdados desta técnica. O homem que busca este treinamento deseja aumentar o tempo entre a excitação e a ejaculação, portanto é excelente para tratar ejaculação precoce. E, para muitos alunos, o ganho ainda se torna maior: eles conseguem dissociar orgasmo da ejaculação, tornando-se amantes especiais capazes de se manter na relação por longo tempo, obtendo prazer (orgasmos secos) e controlando totalmente a ejaculação. É a base do sexo tântrico e um dos temas do meu novo livro “Pirulito e Outras Delícias”.

É verdade que a prática de pompoarismo enrijece a musculatura vaginal?

Sim. O trabalho centrado no canal beneficia toda a região genital, portanto o canal se torna mais forte (estreito e firme), os esfíncteres da uretra e do ânus se fortalecem, o períneo e até o músculo elevador do ânus (MEA) são tonificados. Uma mulher com musculatura forte nessa área melhora sua saúde íntima, como disse anteriormente, além de aumentar sua libido. O sexo se torna naturalmente mais prazeroso e problemas na região tendem a melhorar.

Isso dá mais prazer ao homem durante a relação sexual?

Prazer aos dois. Tanto a mulher quanto o homem sentem intenso prazer na relação sexual.

Quanto tempo é necessário praticar para ter resultados?

Pouco tempo, principalmente se a aluna treinar seguindo um método. Ensino pompoar há mais de vinte anos e desenvolvi meu próprio método. O pompoarismo é uma prática de origem Oriental, e somos mulheres ocidentais: outra criação, outra cultura. Então percebi cedo, durante meu trabalho, que era difícil para a mulher ocidental perceber o seu canal vaginal. Meu método utiliza quatro acessórios (esferas em três tamanhos, além do vibrador) e, por meio de autotestes periódicos ao final de 15 dias de treino diário, ela consegue ter essa percepção. E, embora haja diferença de mulher para mulher, é possível obter bons resultados em cinco meses em média.