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Por que damos tanto poder aos outros?

GISELA RAO <BR>Colaboração para o UOL

18/11/2010 12h31

Luiz Gasparetto é um psicólogo polêmico, mas é dele a “frase-salvadora-da-pátria”: “Nada, nem ninguém, tem poder sobre mim!”. Por que salvadora? Porque é excepcional para aqueles dias em que você deu seu “poder” embrulhadinho e para presente para alguém que te fez, logo em seguida, sentir-se como um chiclete mascado e amassado debaixo da roda de um ônibus. E, cá entre nós, quem já não se sentiu assim?

 

  • Getty Images/Thinkstock

    O poder de decisão deve estar nas próprias mãos sem depender dos outros

Segundo o psiquiatra Leonard Verea, formado pela Faculdade de Medicina e Cirurgia de Milão (Itália), e especialista em hipnose, é mais fácil dar o poder ao outro do que assumir a responsabilidade dos compromissos. “E ainda vemos isso acontecer muitas vezes principalmente na vida das mulheres. Na sociedade atual, em que não se faz mais uso da força como na época das cavernas, elas conquistaram o poder baseadas na área intelectual. Porém, a estrutura feminina emocional não mudou. A partir daí, a aparente fragilidade sentimental faz com que muitas se coloquem dependentes de seus homens. Ainda é uma questão cultural”, diz.

Para o psicólogo holístico Cyro Leão, o poder interior está ligado a nossa força instintiva emocional, mental e espiritual. Esse poder é que nos leva para frente, a conseguir os nossos objetivos e a concretizar os nossos sonhos. Quando nascemos ele é 100% nosso, mas a criança começa a aprender a fazer trocas para conseguir o que quer: se chora, ganha comida; se faz birra, ganha atenção. Sendo assim, muitas crianças aprendem desde cedo a controlar os adultos, e algumas, com pais bastante rígidos, acabam virando submissas.

Damos poder ao outro quando ainda não compreendemos e assumimos o nosso próprio

“Dar o seu poder pessoal é quando você se submete à vontade do outro independentemente do seu desejo e convicção pessoal. Muitas vezes, as pessoas adultas também fazem isso para conseguir o que querem do outro. Exemplos: a moça que não quer transar e transa, caso contrário “perderá” o namorado; a funcionária ou funcionário que se submete à vontade do chefe para não perder o emprego; a mulher que aceita a violência do marido por medo de ficar sozinha”, explica Leão, que sugere algumas atitudes para guardar o seu poder interior bem guardadinho:

  • Reflita e aprenda a argumentar com base no que você acha que não está correto. Às vezes, o outro não percebe que está passando dos limites.
  • Aprenda a arte de dizer não.
  • Lembre-se: quando você mente pra si mesmo está tirando poder de você e dando para o outro (e é bem possível que ele nem queira e nem tenha pedido),
  • Evite o fanatismo e a idolatria exagerada pelo outro.
  • Tenha o seu poder financeiro para não depender de ninguém.