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Por que temos tanto medo de perder quem amamos?

GISELA RAO <BR>Colaboração para o UOL

25/11/2010 07h00

Se você sentiu um calafrio ao ler a pergunta acima é porque ainda não se achou. Provavelmente, todos os seus holofotes estão sobre o outro e você está vivendo na sombra. Que tal entender melhor este processo?

 

  • Getty Images/Thinkstock

    Algumas pessoas acabam escolhendo a via do sentimento de posse, cercando o companheiro de muitos cuidados como forma de aplacar qualquer possibilidade de perda

“Quando você fica muito insegura é porque a sua autoestima está baixa. Ou seja, você pensa assim: ‘Eu não confio muito em mim para conseguir outro namorado se eu perder este’”, afirma a psicóloga Marina Vasconcellos, especializada em terapia de casais. Para ela, essa insegurança tende a aumentar depois dos 35 anos, quando a mulher ainda se vê solteira. “Em alguns casos, o desespero fica tão grande que a pessoa foca só nisso e deixa de viver outras coisas que estão ao seu redor. Fora isso, ela conhece um rapaz e joga todas as carências nele já no primeiro encontro, como se ele fosse a salvação da sua vida. O namoro com pessoas seguras tem muito mais chances de dar certo”, acredita.

Segundo Luiza Ricotta, psicóloga e autora do livro “Me Separei! E Agora?”, quem investe num relacionamento de forma verdadeira, naturalmente não deseja ver tudo o que deposita em termos de significados escoar ralo abaixo. “Obter segurança é necessário para diminuir esse medo da perda e, para isso, a correspondência precisa acontecer. Quando se estabelece uma base de segurança, em que ambos não criam fantasias, há uma sensação de se estar mais fortemente ligados. Quando as atitudes e comportamentos não são claros, tendem a suscitar tais inseguranças, pois um precisa ser percebido como algo importante na vida do outro e, assim, respeitado”, analisa a psicóloga.

O perigo do excesso de medo no relacionamento é o surgimento de sentimentos, como o ciúme, uma das vias utilizadas como forma de pseudoproteção, pois, ao mesmo tempo em que parece cuidar, acaba por sufocar e limitar. Para Luiza, algumas pessoas acabam escolhendo a via do sentimento de posse, cercando o companheiro de muitos cuidados como forma de aplacar qualquer possibilidade de perda. Porém, deixam de respeitar o espaço de vida do outro, já que estão mais preocupadas consigo mesmas. Isso só tende a acelerar o temido término da relação.

Xô, medo!

A psicóloga Marina Vasconcellos dá três sugestões de ouro para diminuir o medo da perda. Confira:

  1. Seja mais autoconfiante. O outro tem de complementar você e não completar. Se o outro te completa, o que acontecerá quando acabar o relacionamento? Você ficará pela metade?
  2. Invista mais em você e na sua autoestima. Cuide da sua carreira, tenha um hobby, alimente amizades. Não aposte todas as fichas só no relacionamento.
  3. Se você acha que não sabe lidar com o medo da perda e ele se torna um problema, procure um psicólogo. Ele poderá ajudar, inclusive, a superar os medos das coisas da vida em geral.

Opinião das internautas

“Uma das coisas mais difíceis de aceitar na vida é a ‘impermanência’. Ela não está nos nossos planos, mas vai chegando, às vezes de forma sorrateira, às vezes bombástica. Mas, sabe? Essas coisas nos fazem fortes e mais inteligentes se soubermos usar isso a nosso favor! Realmente, o melhor mesmo é depositar todas nossas fichas em nós mesmas e na capacidade que temos de superação. Além de tudo, é preciso parar de aceitar o que a sociedade impõe para sermos felizes.” – Fernanda S. C.

”O medo da perda faz com que eu sofra e tenha medo de entrar em um novo relacionamento. Quando ele vem com muita força, eu o breco...” – Adriana R.

”No meu caso, sabe o que ajudou muito? Morar sozinha. Tudo bem que não é regra, mas quando você tem de se bastar, e convive bastante com a solidão (positiva!) você aprende a se conhecer melhor, com isso está um pouco mais preparada para não querer possuir tanto. Mas que é difícil, isso é.” – Juliana M.

“Uma vez um namorado me disse a frase: “Quanto mais liberdade você me dá, menos eu uso”. Isso me ajudou muito a diminuir o apego, o medo da perda.” – Paula L.