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Solteiros procuram cupido profissional para conseguir um amor

Com ou sem a ajuda profissional, é importante fazer uma autoavaliação e elevar a autoestima - Arte/UOL
Com ou sem a ajuda profissional, é importante fazer uma autoavaliação e elevar a autoestima Imagem: Arte/UOL

CAMILA DOURADO*

Colaboração para o UOL

07/07/2011 07h00

Depois do sucesso dos sites de namoro, que ajudam solteiros a encontrar um par compatível, entram em cena os "heart hunters" ou, em português, caçadores de coração. São profissionais que oferecem serviços para pessoas que estão sós e sentem dificuldade de se relacionar.

O trabalho do heart hunter começa antes da função de cruzar as afinidades dos candidatos e indicar quem pode –ou não– ser um bom pretendente. A pessoa que busca esse profissional passa por um acompanhamento psicológico. "Isso a ajudará a se preparar para a vida a dois", explica Eliete Matielo, psicóloga, heart hunter e diretora de um site de encontros. Só depois dessa terapia é que o solteiro parte em busca da cara-metade.

Autoconhecimento e autoestima

Antes de tudo, o cliente passa por uma avaliação do seu histórico amoroso, para descobrir o que levou os seus relacionamentos anteriores ao fracasso. "A pessoa deve substituir as crenças que limitam e atrapalham o sucesso no amor por outras que fortaleçam a autoestima e, consequentemente, elevam os critérios de escolha do parceiro", diz a psicóloga e heart hunter Priscilla de Sá.

Com essa questão descoberta, é feita uma análise do perfil da pessoa para entender o que ela espera de um relacionamento. "Estilo de vida e valores têm peso fundamental nessa formulação", declara Priscilla. "Com a lista do parceiro ideal em mãos, traçamos estratégias para que aumentem as chances de encontrá-lo."

Em busca de afinidade
Alcançado esse objetivo, uma opção é, sim, se cadastrar em sites de relacionamentos. "Neles, a busca por um parceiro pode ser bastante facilitada, já que todos que estão cadastrados ali têm a mesma finalidade: encontrar um amor. Costumo indicar para alguns de meus pacientes que sentem certa dificuldade de se relacionar e que não costumam paquerar em baladas", diz Carla Cecarello, psicóloga e sexóloga, coordenadora do projeto Ambsex e autora do livro "Sexualmente - Nós Queremos Discutir a Relação".  

Quando o solteiro se cadastra em um site de relacionamento, o heart hunter participa. "Nós ainda o preparamos para os primeiros contatos, o que, às vezes, demanda mudanças no visual e de hábitos em geral, e podemos, até mesmo, fazer um treino para que o cliente vá menos ansioso ao encontro", conta Priscilla. E, mesmo com tudo encaminhado, é possível continuar com o acompanhamento. "Muitos preferem manter o contato para eventuais inseguranças", diz Eliete.

  • Haroldo Saboia/UOL

    Bruna Bertholdi procurou uma heart hunter na tentativa de ter um namoro duradouro


Elas procuraram o serviço

A analista financeira Bruna Bertholdi, de 22 anos, procurou o trabalho de um heart hunter por perceber que seus relacionamentos nunca eram duradouros. "Eu não sabia onde estava errando", diz. Por indicação de uma amiga, ela se cadastrou em um site de encontros em busca de uma resposta que a ajudasse a mudar esse padrão. "Fiz a terapia por três meses, que me ajudou a descobrir onde estavam as minhas dificuldades."

Hoje, depois de cinco meses, Bruna acredita estar mais segura e pronta para uma relação. "Estou com uma pessoa legal. Ainda estamos nos conhecendo, mas já sinto que estou agindo diferente", diz. Agora, sempre que Bruna se sente insegura, liga para a sua heart hunter para pedir novos conselhos. "Alguns têm preconceito, mas é um trabalho muito sério", avalia.  

Julia, de 25 anos, que prefere não revelar seu nome completo, também procurou uma profissional. "Eu estava noiva, mas ele pediu um tempo. Fiquei muito mal, porque já era o segundo noivo a fazer isso. Comecei a achar que o problema era comigo”, conta. Com ajuda da terapia, Julia chegou à conclusão de que aquele não seria um relacionamento ideal para ela.

"Além disso, aceitei o desafio de ficar sozinha por 30 dias, sem ir à balada, só me conhecendo melhor, para saber o que eu queria da vida –e com que tipo de homem eu queria me relacionar. Amadureci muito. Hoje, controlo melhor a minha ansiedade e me sinto mais segura na relação, o que me ajudou a ser menos grudenta e a respeitar o espaço do outro", diz Julia, que, está namorando há seis meses.

Que tal montar um grupo de discussão?

As psicólogas e psicodramatistas Marina Vasconcellos e Cecília Zylberstajn convidaram oito mulheres solteiras e formaram um grupo de discussão. Elas se reúnem um sábado por mês para trocar ideias sobre o tema. "São mulheres bonitas, jovens -entre os 30 e 40 anos-, que trabalham, são bem sucedidas, mas sentem dificuldade de encontrar um par", conta Marina.

A psicóloga acredita que consultar um terapeuta (ou heart hunter) pode ser uma saída para quem percebe que seus relacionamentos não engrenam. "Porém, o importante é que essas pessoas passem a olhar melhor para si, para entender o que falta para que as coisas deem certo". Portanto, até formar um grupo para discutir a solteirice pode ser uma boa ideia, segundo ela.

"Qualquer um pode se reunir para discutir o assunto. É bom que tenha um profissional para direcionar. E que não seja uma reunião para falar que o sexo oposto não presta para nada", diz Marina. "As pessoas podem trocar ideias, questionar o que está errado e descobrir o que podem melhorar."

*Com colaboração de Vladimir Maluf