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Regras simples da paquera ajudam você a ter sucesso na balada; saiba quais são

Você tem uma boa história de cantada? Use o campo de comentários desta página para contá-la - Daniel Neri/UOL
Você tem uma boa história de cantada? Use o campo de comentários desta página para contá-la Imagem: Daniel Neri/UOL

Márcia Pereira

Do UOL, em São Paulo

24/02/2012 07h00

Eu xaveco, tu xavecas, ele e ela xavecam. A aplicação dessa conjugação verbal nem sempre acontece em tempos de baladas escuras e ensurdecedoras --programa cada vez mais frequente entre jovens, balzaquianas e quarentões, solteiros ou não. E, nem sempre, sair para se divertir em um bar ou boate resulta em um encontro proveitoso. Muitas são as interferências entre homens e mulheres. No entanto, alguns cuidados podem garantir o sucesso na noite, se a sua intenção é paquerar.

Elas, por exemplo, reclamam que eles pouco se dedicam à paquera, substituindo-a, sem o menor pudor, pela versão mais nua, crua e selvagem da pegação. Afinal, você sabe como se comportar em uma balada para não sair no zero a zero? Ou faz parte do grupo de pessoas que andam perdidas e se amedronta com a invasão das garotas no campo do cortejo --tarefa que, num passado não tão distante, era delegada somente aos barbudos? O UOL Comportamento foi a campo para descobrir como anda o clima de paquera.

Há cerca de três anos, Ana Carolina Araújo, 31 anos, mãe de um garoto de sete, virou assídua nas baladas paulistanas, após terminar um casamento de dez anos. Apesar de, muitas vezes, ir às boates com o objetivo de dançar e relaxar, diz que pratica a paquera com frequência. “Se estou a fim de dançar, fico na minha. Se o objetivo for marcar gol, eu realmente ataco", diz ela, que é assistente de diretoria de uma agência de publicidade. Ela faz parte do coro das que se incomodam com a falta de interesse e de bons modos dos homens. "Quando saio, percebo que muitos tratam as mulheres como um pedaço de carne. É preciso ter o mínimo de polidez para chegar em uma garota", afirma ela, que tem uma teoria para explicar tanta indelicadeza: "Tem muita mulher disponível. Elas, por sua vez, com medo da concorrência, relevam a falta de quesitos básicos, como educação."

O ritmo de urgência da vida atual tem levado os homens a se esquecerem das regras primárias da aproximação. "As mulheres querem, sim, ser ouvidas e querem ouvir. E têm tempo para isso. Mas, geralmente, o recurso do xaveco é usado para viabilizar uma noite e mais nada", diz o empresário de internet Ricardo (ele prefere não revelar o sobrenome), 42, que já arrumou duas namoradas na noite. "Geralmente, se o cara joga uma conversa em uma garota e ela faz um charminho, ele pula para outra", diz ele, que acredita que as mulheres ainda querem ser cortejadas.

Sem medo das mulheres

"Estamos vivendo um período de readaptação do lugar do feminino e do masculino na sociedade. O tempo todo, lidamos com novas configurações sociais e novas regras para jogos antigos são propostas, como na sedução", diz a terapeuta Any Trajber Waisbich.

A mulher que toma atitude ainda assusta, pois o comportamento é novo. Por isso, o segredo para elas é fisgar o pretendente sem que ele note que não tomou a iniciativa. "Isso faz parte da construção da virilidade. Assim, ele tem a sensação de controle. É uma bobagem a mulher bater de frente com isso", explica Fabiano Rampazzo. Use a linguagem corporal para baixar a guarda (um sorriso, um olhar fixo) e permitir que ele se aproxime.

Os homens, porém, devem aproveitar melhor o novo perfil feminino, sem susto. Enxergar com maus olhos uma mulher que toma a iniciativa é sinal de machismo. Quem vive na e da noite, como André Hidalgo, proprietário do Clube Glória, em São Paulo, percebeu que a mulher deixou de ser caça para se tornar caçadora. Mesmo que os machistas desaprovem.

"É algo irreversível e que acompanha outras conquistas femininas ao longo dos últimos anos. O homem que não se adaptar a esse padrão ficará sozinho", diz Hidalgo. Para ele, os que melhor entendem esse novo grupo são os mais novos. "Os garotos de até 25 anos já assimilaram, se acostumaram e estão aproveitando."
 


Observações de quem paquera
Representantes dos dois gêneros, com os quais a reportagem do UOL conversou, são unânimes em dizer que o primeiro passo a tomar, quando se sai à noite, é definir o objetivo. Por isso, pergunte para você mesmo o que procura: dançar, beijar, conhecer alguém, sexo ou tudo isso junto? Os baladeiros também indicam a linguagem corporal. Como o ambiente é muito ruidoso e, muitas vezes, é impossível conversar direito, o recurso é fundamental.

Co-autor dos livros "Manual do Xavequeiro", "Xaveco, Câmera, Ação!" e "Xaveco Pontocom", Fabiano Rampazzo também aponta a importância da adequação do figurino, entre os itens que ajudam a se ter sucesso na noite. "Vivemos regulados por códigos sociais e estar adequadamente vestido ajuda muito na comunicação visual e na arte do xaveco", diz ele. E para quem acha que o tipo de investida é uma maneira grosseira de se iniciar um contato, Rampazzo diz: "Todo namoro começa com um xaveco. O recurso é a base da humanidade. Xavecamos até para arrumarmos emprego. Quem não xaveca não sobrevive."

A etiqueta da balada
 - Antes de mais nada, mantenha o hálito fresco. Portanto, não esqueça de levar balas de hortelã;

- Oferecer uma bebida ainda é uma atitude que muitas e muitos encaram como uma gentileza. Mas, principalmente nessa hora, não esqueça a elegância e a educação, para não ficar parecendo que é uma armadilha; 

- Cuidado para não insistir demais com alguém que não demonstra interesse algum, seja você homem ou mulher, para não parecer chato ou, pior, psicopata;

- Não abuse da bebida. Uma mulher ou um homem bêbados estão fadados a terminar a noite sozinhos ou em uma roubada; 

- Não use clichês ao xavecar. Só se for com ironia (mas isso é bem mais difícil).

- Para Rampazzo, o tripé do bom xaveco é formado por sensibilidade, criatividade e sinceridade. E credibilidade é importante em uma conquista. "Vá além do óbvio. Em vez de chamar a atenção para o olho azul dele, fale do jeito como ele olha; se for ressaltar a boca carnuda de uma mulher, comente o seu sorriso."