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Mães de primeira viagem exageram em cuidados; saiba ter limites e veja famosas superprotetoras

Mães de primeira viagem estão mais sujeitas a superproteger filhos, diz psicóloga - Folhapress/AgNews/AgNews
Mães de primeira viagem estão mais sujeitas a superproteger filhos, diz psicóloga Imagem: Folhapress/AgNews/AgNews

Simone Cunha

Do UOL, em São Paulo

30/05/2012 07h00

Como a maioria das mães de primeira viagem, a atriz Taís Araújo saía correndo como louca quando ouvia o choro do recém-nascido João Vicente, hoje com quase um ano. O bebê podia até estar no colo do pai, o ator Lázaro Ramos, ou de alguém da família, mas Taís largava tudo para ver se havia algum problema. "Meu filho depende muito de mim, por isso acho natural querer protegê-lo o tempo todo. Me preocupo com tudo", diz a Penha de "Cheias de Charme". "Depois entendi que isso não é necessário. Agora estou mais tranquila, ele pode até ficar só de fralda quando está quente". 

O que hoje Taís já sabe muito bem, a dona de casa Thalita Cristina Silva Vianelo, 20 anos, não imaginava quando Emilly Cristina nasceu, em novembro de 2011. Era um dia quente, mas Thalita exagerou nos cuidados para manter a filha bem agasalhada. Vestiu-a com body, macacão grosso, meias, luvas, gorrinho e, como se não bastasse, ainda a enrolou em um cobertor. “Minha filha começou a ter febre e fiquei muito preocupada”, diz. Uma enfermeira notou o exagero e discretamente pediu para a mãe dar um banho morno na criança e colocar uma roupa leve. “A febre sumiu. Estava sufocando a minha filha com tanta roupa!”, diz. Exagerar na hora de agasalhar o bebê, o que pode desidratar a criança e até causar brotoejas na pele, é apenas um dos problemas recorrentes das mães de primeira viagem. 

Para a psicóloga infantil e arte educadora Jéssica Fogaça, superproteger o primeiro filho é normal. “Mães de primeira viagem costumam redobrar a atenção, pois têm medo de fazer algo errado”, diz. Toda mãe está sujeita a ter cuidados excessivos. Até mesmo a apresentadora Adriane Galisteu teme os exageros com seu filho Vittorio, de um ano e nove meses. "Morro de medo de superproteger meu filho, mas não conheço outra alternativa", diz. "Trabalho demais, por isso, quando posso estar com ele, exagero sim. Faço tudo o que posso por ele e dou o meu melhor". 

Como toda mãe, a atriz Juliana Paes fica apreensiva longe do filho. "Se vou ao mercadinho a um quarteirão da minha casa para comprar fraldas para o Pedro, já me sinto culpada por não estar ao lado dele", diz. Querer estar por perto e proteger o filho o tempo todo é normal, mas é importante buscar limites. “Ouvir pessoas mais velhas como a mãe, a sogra e conversar com o pediatra podem ajudar a controlar esse impulso de querer proteger o filho o tempo todo”, diz a psicóloga Jéssica. 

Para a atriz Nívea Stelmann, mãe de Miguel, de sete anos, toda mãe é superprotetora. Logo que seu filho nasceu, Nívea tratou de instalar redes de proteção por toda a casa. "Tenho sorte, porque meu filho é muito comportado. Nunca passei susto com ele por ter colocado algo na boca e engolir. Ele também nunca foi de quebrar nada ou de se perder. Mas não abro mão de sempre ter alguém de olho nele". 

Lacinhos e enfeites
Taís Araújo confessa que, se tivesse uma filha, talvez exagerasse nos enfeitinhos. E a maioria das mães faz o mesmo, embora isso não seja recomendado. “Nos primeiros anos de vida, a criança passa por uma fase oral e coloca tudo na boca. Por isso, botões, pedrinhas, bijuterias e enfeites não são indicados”, diz a pediatra Luiza Yoshikawa, do Hospital Santa Cruz, de São Paulo. Segundo ela, os enfeites são liberados a partir dos seis anos. Antes disso, é melhor evitá-los. "Todos esses apetrechos podem ser levados à boca ou ao ouvido e provocar engasgamentos e infecções”, afirma a pediatra.   

Higiene em excesso
Em 2001, quando o primogênito Lucas nasceu, a professora Carla Luiza de Moraes Tiberio, 33 anos, exagerou ao tentar deixar o bebê sempre cheirosinho. “Achava aqueles itens da linha baby tão fofos que decidi usar todos. Dava vários banhos ao longo do dia, variando as fórmulas: de eucalipto para respirar melhor, de camomila para relaxar”, diz. Sua empolgação resultou em uma alergia na criança. Exagerar nos cosméticos é uma característica de muitas mães de primeira viagem. “Com o intuito de manter o bebê sempre limpo, elas querem dar banho várias vezes ou usar lencinhos umedecidos a cada troca de fralda”, diz Luiza Yoshikawa. Para a médica, um banho por dia é o ideal. Se estiver muito calor, pode haver um segundo, mas sem sabonete. “A pele do bebê é muito delicada, por isso não é indicado passar cosméticos”, diz.

Mania de limpeza
Quando Ester nasceu, a supervisora administrativa Sandra Maria Lima e Castro Moledo, 34 anos, se tornou neurótica por limpeza. “Aspirava a casa duas vezes ao dia, estava sempre com um pano úmido limpando o chão e a cada minuto passava o dedo nos móveis para garantir que não houvesse poeira no ambiente”, diz.

Atitudes como lavar as mãos antes de pegar um bebê no colo são realmente muito importantes. Mas nenhuma mãe deve exigir que todos passem álcool gel nas mãos sempre que tiverem contato com o seu filho. O que toda criança precisa é viver em um local limpo, mas ventilado e arejado. “É importante para o desenvolvimento infantil manter contato com o ambiente natural. Não adianta mantê-la fechada dentro de casa sem tomar friagem: em algum momento essa criança entrará em contato com o externo e estará frágil para enfrentá-lo”, diz Luiza. Segundo o pediatra Francisco Lembo Neto, coordenador do núcleo de pediatria do Hospital Samaritano de São Paulo, exagerar na higiene dificulta o desenvolvimento do sistema imunológico. “A criança passa a frequentar a escola e começa a apresentar diversas infecções virais, afinal não está acostumada com o ambiente natural”, afirma.

Como saber os limites
Se você tem ouvido comentários como "não faça isso" ou "que exagero", fique atenta. Nenhuma mãe superprotege por mal, mas é importante corrigir os excessos. Para a pediatra Luiza Yoshikawa, a criança precisa ter contato com outras pessoas, brincar no quintal e até mesmo chorar. “O choro é um meio de comunicação. Se a mãe tenta suprir o filho o tempo todo para evitar que ele chore, pode estar impedindo que ele interaja”, diz.

Para o psicólogo Teuler Reis, de Belo Horizonte, quem superprotege demais tem dificuldade em falar não. “Os pais devem ensinar a seus filhos como buscar soluções para os problemas, assim pode ser desenvolvida a autoconfiança”, diz.  Para a psicóloga Jéssica Fogaça, a criança deve aprender por tentativa e erro. Por isso, a mãe não pode querer vivenciar tudo pelo filho. “Se deixá-lo atrasado, depois terá que ensinar tudo de uma vez, e isso poderá fazê-lo sofrer. Em vez de protegê-lo demais, que tal ensiná-lo com passinhos pequenos?”.