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Alvo de fetiche, homens fardados passam imagem de poder e cuidado

Théo (Rodrigo Lombardi, à esq.), Ciro (Sidney Sampaio, centro) e Élcio (Murilo Rosa, à dir.) são admirados por mulheres que assistem a "Salve Jorge". Muitas associam a farda à virilidade, diz terapeuta sexual - Montagem UOL/TV Globo
Théo (Rodrigo Lombardi, à esq.), Ciro (Sidney Sampaio, centro) e Élcio (Murilo Rosa, à dir.) são admirados por mulheres que assistem a "Salve Jorge". Muitas associam a farda à virilidade, diz terapeuta sexual Imagem: Montagem UOL/TV Globo

Heloísa Noronha

Do UOL, em São Paulo

07/01/2013 07h10

Para quem se derrete por uniformes, “Salve Jorge” é um prato cheio. Além do protagonista, Théo (Rodrigo Lombardi), o núcleo do Exército da novela das nove conta ainda com Élcio (Murilo Rosa), Ciro (Sidney Sampaio), Drago (Leonardo Carvalho) e o Coronel Nunes (Oscar Magrini). A paixão feminina por fardas sempre existiu e sempre foi alimentada pelo charme e fascínio de personagens de filmes como o piloto interpretado por Tom Cruise em “Top Gun” (1986) e o mais recente Capitão Nascimento (Wagner Moura) de "Tropa de Elite" (2007) e "Tropa de Elite 2" (2010).

Mas não são somente os ídolos da TV e do cinema que provocam encantamento. Na vida real, muitas mulheres viram a cabeça quando vêem um policial, um bombeiro ou um salva-vidas passar. Mas será que o uniforme pode tornar um homem mais sexy e atraente aos olhos femininos?

Para o terapeuta sexual Oswaldo Rodrigues Martins Jr., diretor do Instituto Paulista de Sexualidade (Inpasex), primeiro é preciso levar em consideração que o uniforme costuma expressar uma aparência mais bem cuidada e elegante. A segunda questão é a importância e o significado da atividade que conduz ao uso da farda. “Os significados conduzem a expectativas de comportamento”, afirma Martins Jr.

A farda simboliza poder, obrigação de cuidar das pessoas e capacidade de enfrentamento de obstáculos. Seguindo essa lógica, um soldado seria alguém com mais condições de mandar e também de cuidar, comparado a um homem civil ou à paisana. “Muitas mulheres associam a farda à virilidade, daí a atração”, diz a terapeuta sexual Isabel Delgado, do Rio de Janeiro.

Entre os gays, o fetiche por fardas também é comum por conta do estereótipo da masculinidade. Os homens heterossexuais, por sua vez, preferem fantasias que envolvem personagens mais “cuidadoras”, como enfermeiras e empregadas, e que transmitam submissão. 

Para as mulheres, a virilidade sugerida por um traje do Exército ou da polícia é capaz de despertar expectativas sobre como seria o desempenho daquele homem fardado na cama –forte, vigoroso, intenso. “As consumidoras ficam animadíssimas ao percorrerem as araras com as fantasias de policial, bombeiro etc. Pena que muitos homens ainda sentem vergonha ou constrangimento de usá-las. Se soubessem o efeito que essas roupas provocam nas parceiras, não hesitariam em vestir”, diz Ana Maria Faro, proprietária da butique erótica paulistana Revelateurs.

Segundo os especialistas, usar fardas (reais ou de mentirinha) para brincadeiras eróticas pode ser positivo para a sexualidade. “Ao experimentar papéis diferentes dos que vivencia na vida real, o casal tem a chance de descobrir sensações e experiências”, diz Martins Jr. O uso de fantasias sexuais para incrementar a relação não é um problema, mesmo quando elas incluem roupas específicas como uniformes, fardas ou roupas de couro, desde que as pessoas envolvidas estejam de acordo quanto à sua utilização. “O fetiche por uniformes, no entanto, pode se tornar algo negativo se a mulher ou o homem só conseguirem ter prazer sexual dessa forma”, alerta Isabel.