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Autoconfiança demais é sinal de insegurança, dizem especialistas

Para os especialistas, quem tem uma boa autoestima não sente a necessidade de prová-la o tempo todo - TV Globo/João Cotta
Para os especialistas, quem tem uma boa autoestima não sente a necessidade de prová-la o tempo todo Imagem: TV Globo/João Cotta

Heloísa Noronha

Do UOL, em São Paulo

01/02/2013 09h30

Com forte tendência a ocupar frequentemente a posição de dona da verdade, Anamara, do "BBB13", voltou ao jogo ainda mais altiva do paredão falso que lhe concedeu a liderança. Provavelmente, se julgando a preferida pelo público na disputa por R$ 1,5 milhão (e a enquete do UOL, atualmente, indica isso), a baiana está com a já elevada autoestima nas alturas --e deixa isso bem claro para seus principais oponentes.

Para os especialistas, porém, pessoas que fazem questão de mostrar o quanto são autoconfiantes, em geral, guardam uma enorme insegurança dentro de si. “A autossuficiência e a alta autoestima funcionam como uma espécie de máscara. O objetivo é fazer com o que os outros comprem essa ideia”, diz a psicóloga Eliana de Barros Santos. Segundo o psicanalista Leonard Verea, é comum que a insegurança venha acompanhada de uma terrível timidez. “Para confundir os demais e não mostrar a verdadeira personalidade retraída, a Anamara acaba apelando para a provocação e a agressividade. Fora do 'BBB', muita gente também age assim”, conta.

Quem é autoconfiante demonstra equilíbrio e não sente a necessidade de provar isso. Ouve uma opinião contrária e reflete a respeito do assunto, mesmo que não chegue a mudar de opinião. Já a insegura não é aberta ao diálogo e, de acordo com Eliana Santos, costuma justificar a própria arrogância com frases do tipo: “Eu sou grosso, mas sou verdadeiro”, “Sou sincero, doa a quem doer”, “Sei ouvir críticas, mas não tolero mentiras” etc. Argumentos que tentam demonstrar humildade e ponderação, mas revelam que o ponto de vista do outro não é levado em consideração.

 

Anamara não é a única a se sentir especial após uma conquista --no caso dela, vencer o paredão com Marcello, o que lhe permitiu acompanhar tudo o que os outros participantes falaram, em um confortável quarto isolado. “Homens e mulheres, volta e meia, usam conquistas pessoais, como receber uma promoção no emprego, fazer uma viagem ou concretizar um projeto, para se colocar em um patamar acima dos demais”, declara a psicóloga Suzy Camacho.

Ela explica que fatos pontuais jogam luz sobre a autoestima exacerbada de algumas pessoas, mas que muitas trazem esse traço de personalidade desde a infância. “Tem a ver com a educação, que pecou pelo excesso ou pela falta de mimos e limites, e com o meio em que a criança cresceu. E, normalmente, a autoconfiança extrema denota falta de respeito pelos outros”, diz.

Mas a autoconfiança não é problema, desde que não interfira no espaço alheio. “Com o tempo, os amigos se afastam do arrogante. Só ficam em volta dele os fracos que não conseguem lançar mão do mesmo mecanismo para camuflar a própria insegurança”, fala a psicóloga Eliana de Barros Santos. É preciso muito jogo de cintura para lidar com alguém assim no trabalho, por exemplo. Uma dica é não alimentar ainda mais o ego do indivíduo. “Não seja plateia nem atenda às suas necessidades de admiração. Se a pessoa começar a se vangloriar, simplesmente diga ‘que bom pra você’ e mude o assunto”,  diz Suzy. 

 

Mas se a fé e a confiança em nós mesmos são fundamentais para alcançar nossos objetivos pessoais, afetivos e profissionais, a autoestima elevadíssima não seria uma ferramenta primordial para ter sucesso na vida? Segundo Suzy Camacho, a autoconfiança exagerada até leva a algum lugar, sim, pois também é sinônimo de obstinação. “Porém isso ocorre mais no plano material. Por ter uma natureza insegura que tenta esconder a todo custo, a pessoa nunca preenche totalmente o vazio que traz dentro de si”, diz a psicóloga.