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Pessoas como Érica servem de 'estepe' e não se dão bem no amor

Flávia Alessandra (Érica) e Rodrigo Lombardi (Théo) durante gravação de cena de "Salve Jorge" - Divulgação/TV Globo
Flávia Alessandra (Érica) e Rodrigo Lombardi (Théo) durante gravação de cena de "Salve Jorge" Imagem: Divulgação/TV Globo

Heloísa Noronha

27/03/2013 07h00


Quem acompanha "Salve Jorge" sabe que Théo (Rodrigo Lobardi), por acreditar que Morena (Nanda Costa) está morta, decidiu pedir Érica (Flávia Alessandra) em casamento. E a veterinária, que sempre o amou, resolveu esquecer as mágoas do passado e dar novamente uma chance ao capitão da cavalaria.

Os telespectadores já perderam as contas de quantas vezes Érica foi rechaçada, chorou, penou e, depois de um tempo, reatou com Théo. E, com a volta de Morena ao Brasil com a filha nos braços, tudo indica que a loira sofrerá uma nova decepção.

Assim como acontece na trama da Globo, muitas mulheres enfrentam os problemas de Érica em seus relacionamentos: dão conselhos aos amados, oferecem um ombro amigo, ouvem suas confissões e são compreensivas ao extremo. Eles até ficam ao lado delas por um tempo, mas, por um motivo ou outro, uma hora acabam terminando o romance.

"Esse tipo de situação é mais comum do que se imagina, principalmente na cultura latina, em que a mulher costuma assumir a função de cuidadora e até de mãe do parceiro em alguns relacionamentos", afirma a psicóloga Regiane Rodrigues. "Muitas investem no papel de amiga já com a intenção de namorar o sujeito. A questão é que para alguns homens uma relação assim é carente de componentes eróticos", diz.

Pode até haver sexo, claro, mas se o amor não for recíproco, a exemplo de Théo, que não corresponde aos sentimentos de Érica, a relação não vai muito longe. 
 

A psicóloga Renata Lucas explica que esse comportamento altruísta ao extremo é bem cômodo para certos homens. "No caso do Théo, por exemplo, ele deixou bem claro que gosta é da Morena. É uma forma de se eximir da culpa pelo sucesso ou não do namoro. Afinal, a Érica está ciente do que ele verdadeiramente sente", declara.

Para as especialistas, embora aquele que termina e reata a relação pareça o vilão da história, a responsabilidade pela situação dolorosa é de quem se conforma com os acontecimentos, por mais que machuquem.

"É um perfil de pessoa de baixa autoestima e que coloca os interesses dos outros à frente dos seus. Por medo de ficar só, vai engolindo sapos e aceitando as condições alheias. ‘Ruim com ele, pior sem ele’, é o que ela pensa", diz Walkíria Fernandes, psicóloga e terapeuta sexual.


Tendência à vitimização

 
É preciso mudar a forma de lidar com as questões amorosas e de se posicionar. "No fundo, é confortável assumir o papel de vítima. Na novela, Érica sofre, chora, se decepciona, desabafa com as amigas, depois repete o enredo. É mais cômodo acreditar que não tem sorte no amor do que mudar", segundo Renata Lucas. 
 
Esse padrão de comportamento pode ter sido aprendido na infância –algumas crianças assimilam com os pais que só serão dignas de  amor se fizerem tudo o que os agrada. Para rompê-lo, é preciso exercitar o autoconhecimento e a autoconfiança.

"Perguntas como ‘o que eu quero para minha vida?’, ‘o que me deixa feliz?’, ‘o quanto eu me amo?’ e ‘o que posso fazer para me sentir bem?’ são muito importantes, assim como dizer ‘não’ e se colocar em primeiro lugar em determinadas situações", afirma Walkíria Fernandes.