Trocar o certo pelo duvidoso exige mais reflexão do que coragem
Continuar no emprego que oferece um bom salário e plano de carreira ou partir para um cargo diferente, numa empresa menor, mas com possibilidades de desenvolver antigos projetos? Terminar o último ano da faculdade ou trancar a matrícula para viajar pelo mundo? Carteira assinada ou autonomia? Marcar casamento ou namorar mais? Insistir em amizades que não são lá muito recíprocas ou se aventurar em conhecer pessoas diferentes?
Não tem jeito: certas decisões cruciais na vida implicam ganhos e perdas e, por isso, devem ser muito bem pensadas. Mais do que pesar os prós e contras dos fatores práticos da questão, é importante ter em mente de que algumas escolhas nem sempre são definitivas ou irreversíveis como parecem.
Na vida real, o final feliz exige muito esforço. "A precipitação pode render muita dor de cabeça, e não o resultado feliz de Hollywood. Para trocar uma situação certa por uma duvidosa, primeiro é preciso analisar as motivações internas. O que te faz tender para um caminho ou ou para outro?", pergunta Suzana Contieri, docente do curso de Psicologia da Universidade Metodista de São Paulo.
Segundo Suzana, é bom observar a sensação de enfado, tédio ou insatisfação com a situação atual. "Ela pode ser sintoma de um fato pontual ou de uma fase mais difícil. Nesse caso, é bom dar um tempo para que esse período passe antes de tomar qualquer atitude. Se o incômodo não for passageiro, é hora de repensar o que escolheu e partir para outra", diz.
E quando o certo inclui circunstâncias que têm proporcionado pouco prazer, como um emprego chato ou um casamento que caiu na rotina, e o duvidoso oferece a possibilidade de muita alegria, mesmo que os benefícios práticos como salário sejam menores, vale a pena pensar em fazer a mudança, de acordo com a psicóloga Roseana Ribeiro. Mas antes de tomar qualquer atitude radical pergunte-se: suportarei as consequências se tudo der errado?
O que é importante para você?
"Essa ordem de prioridades define bem quem você é e pode apontar qual rumo tomar. Se você colocou família em primeiro lugar e está em dúvida se passa ou não um ano sabático em um país distante, é provável que a decisão de viajar não seja uma boa escolha, pois provocará sofrimento", diz o ele.
Do mesmo modo, alguém que coloca "aventura" antes de "segurança material" certamente se sentirá mais realizado ao trocar uma carreira consolidada por um projeto profissional iniciante.
Se perceber a necessidade de ouvir a opinião de alguém antes de optar, procure quem tenha valores parecidos com os seus. "Isso abre espaço para a ajuda, em vez de confundir ainda mais”, diz Alexandre.
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