Causar boa impressão em novo emprego exige observação e calma
Vilão da novela "Sangue Bom", o interesseiro Fabinho (Humberto Carrão) sonha em ser rico e poderoso. Assim que começou a trabalhar na agência de publicidade Class Mídia, ele imediatamente despertou comentários por tentar agradar demais e agir de maneira muito forçada, dizendo frases como "estou feliz por fazer parte desse time".
Fabinho já chegou atrasado ao emprego, não teve vergonha de agir como um puxa-saco de seu chefe e logo fez fofoca com informações confidenciais e se aproveita da proximidade com o dono da agência para conseguir privilégios, como sair mais cedo do trabalho.
Fabinho (Humberto Carrão) chegou atrasado, agiu como um puxa-saco do chefe e já fez fofocas em seu emprego na Class Mídia
Embora o personagem da novela das seis seja um vilão e não possa ser encarado como um exemplo a ser seguido, erros como os dele podem acontecer com qualquer um que começa em um emprego novo: todos estão sujeitos a tentar agradar demais, deixar uma fofoca escapar e perder a hora, por exemplo.
“Transições de emprego são períodos críticos em que pequenas diferenças de atitude podem ter impactos desproporcionais sobre resultados”, diz o coach e consultor Michael Watkins, autor de “Os Primeiros 90 Dias. Estratégias de Sucesso para Novos Líderes”, publicado em português pela Bookman (2006).
O novato não conhece os colegas, o ritmo e os conflitos da nova empresa, tampouco sabe exatamente onde termina sua função e começa a do funcionário ao lado. Também não dispõe de uma rede de relações confiáveis para se apoiar. Por isso, qualquer passo em falso pode representar um problema para o resto dos dias na empresa.
Para causar uma boa impressão nos primeiros dias de trabalho, é preciso continuar a estudar os valores da empresa e buscar uma identidade nela, observando chefes e pessoas que são respeitadas. Ouça as histórias sobre os "heróis" da companhia, piadas --que sempre podem ensinar lições sobre o que não fazer-- e experiências de vários colegas. Também é importante observar pontos de formalidade e de informalidade: como pessoas se vestem, como se comunicam em reuniões, quais são as relações entre funcionários da sua área, as flexibilidades de horário e se há muita pressão para o cumprimento de prazos.
Busque sempre interagir com outros departamentos, não se fixando a "panelas" e sabendo os limites da amizade no trabalho. É importante ser visto como indivíduo, sem carregar o estigma de determinados grupos fechados. “Evite conviver exclusivamente com pessoas já antigas na empresa e que só têm queixas a fazer. É importante não entrar, de cara, na onda da reclamação”, afirma Bruna Tokunaga Dias, gerente de orientação de carreira da Cia de Talentos. "Também evite falar sobre problemas pessoais e nunca abuse do telefone do escritório. Aproveite a oportunidade para construir uma boa imagem", diz Bruna.
Não tenha pressa
Não é necessário tentar mostrar serviço desesperadamente. Tenha calma e procure sempre trabalhar observando o funcionamento da empresa, a dinâmica entre os funcionários e os níveis hierárquicos. Só comece a dar sugestões depois de consolidar seus conhecimentos sobre tudo isso. “É essencial perceber se é uma companhia que valoriza a inovação, ou se o momento é de contenção máxima de custos. Isso aponta para estratégias da empresa”, diz Ana Luisa Pliopas, da Coordenadoria de Estágios e Colocação Profissional da escola de administração da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas de São Paulo).
É o que Michael Watkins chama de "secure early wins" (primeiras percepções de garantia): verifique quais são as vulnerabilidades existentes no meio, antes que o meio domine as suas. Descubra, estruture e planeje um jeito especial de mergulhar no aprendizado da cultura corporativa, fazendo-o de forma disciplinada, para chegar a uma estratégia de como contornar as "saias justas", com comprometimento e construção da própria credibilidade.
Não vai ser preciso concordar com absolutamente tudo e passar seus dias engolindo sapos. “Você pode preferir alguns objetivos e desaprovar outros”, afirma a professora doutora Patrícia Amélia Tomei, do IAG, escola de negócios da PUC do Rio de Janeiro.
Equilibrar carreira e vida pessoal em um emprego novo também exige jogo de cintura. Se são cobradas 18 horas de trabalho por dia, mas sua família é mais importante para você, então haverá grave conflito de valores, o que pode ser um sinal de que não valer a pena investir energia naquele trabalho. “Um dia vai ser preciso pular fora”, afirma Patrícia.
Bom humor é fundamental
Para conseguir ser reconhecido, não caia em armadilhas do mundo corporativo. Basta cumprir suas funções e mostrar-se alguém criativo, motivado bem-humorado e interessado em fazer coisas novas. "Não seja um puxa-saco do chefe e não perca tempo traçando meios de puxar o tapete de colegas", alerta a professora da PUC do Rio.
Segundo Ana Luisa, depois de cerca de um mês no emprego novo, é recomendável agendar uma reunião com o superior e reservar um bom tempo para discutir prioridades e ter um retorno sobre seu desempenho.
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