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"Ex" podem ser amigos; conheça histórias de três casais

O ex-casal Viviane Pratis, de 29 anos, e Danilo Barra, 28, que mantêm a amizade - Leonardo Soares/UOL
O ex-casal Viviane Pratis, de 29 anos, e Danilo Barra, 28, que mantêm a amizade Imagem: Leonardo Soares/UOL

Por Marina Oliveira e Thaís Macena

Do UOL, em São Paulo

18/07/2014 07h51

Quando a jornalista Viviane Pratis, de 29 anos, conheceu, na faculdade, o também jornalista Danilo Barra, 28, foi amor à primeira vista. Graças ao empurrãozinho de um amigo em comum, o encantamento logo virou namoro.

Por um ano, eles foram muito felizes, até que as diferenças começaram a pesar e a relação chegou ao fim. Mas, mesmo vivendo separados, os dois continuaram a se encontrar todos os dias, inclusive aos fins de semana, pois frequentavam a mesma igreja. Não demorou muito para que Danilo se apaixonasse novamente, por outra mulher. Foi então que ele tomou a atitude que selou a amizade com a "ex".

"Ele falou para a outra garota que não namoraria com ela enquanto não me visse bem, e que, se ela quisesse ficar com ele, teria de aceitar essa condição. Ela topou e o namoro só começou sete meses depois, quando eu já estava feliz e comprometida também", conta a jornalista.

Dessa maneira, a relação renasceu em outras bases, de carinho e companheirismo. Depois de separados, ambos continuaram a zelar pelo bem-estar do outro, mas com intenções diferentes. "Quando eu tinha problemas com o outro namorado, ele me aconselhava. Cheguei a passar por dificuldades financeiras e ele e a mulher me ajudaram muito", conta.

Quando se casou, Viviane dividiu o altar com o "ex", que, junto com a mulher, foi padrinho da sua relação. Anteriormente, ela e o marido já tinham sido testemunhas do casamento de Danilo. Morando há menos de dez minutos um do outro, os dois frequentemente saem para jantar e se divertir, acompanhados de seus atuais cônjuges.

A história do casal prova que é possível manter a amizade depois do término de um relacionamento amoroso. Isso pode acontecer mesmo quando a mágoa, a frustração e a raiva aparecem no fim da relação. O importante é que esses sentimentos sejam superados.

"Sempre que resta algum respeito ou admiração entre os ex-parceiros, há a chance de surgir uma amizade, calcada na experiência prazerosa que os uniu", explica a psicóloga Heloisa Fleury, supervisora do Programa de Estudos em Sexualidade do Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo).

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Cada pessoa tem uma maneira de lidar com os rompimentos afetivos e aquelas que se tornam amigas dos "ex" têm, além da vontade de manter laços com o outro –embora de natureza diferente–, maturidade emocional para compreender o que passou. Isso, claro, envolve tempo. A exemplo do que aconteceu com Viviane, em muitos casos, é preciso viver o período chamado de luto, quando se assimila o fim da relação.

"O tempo para uma nova aproximação não é o cronológico e, sim, emocional. Por isso mesmo, é individual. Temos de entender o fim de um relacionamento para começar outro, mesmo que seja com a mesma pessoa", explica a psicanalista Albangela Ceschin Machado, especialista em casal e família pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Unidos pela intimidade

Quando ocorre a superação do luto e a relação de proximidade é mantida, é possível tirar proveito da convivência com alguém que se conhece profundamente e com quem se pode dividir problemas e alegrias. Foi essa conexão que fez a assistente administrativa Marília de Simone Camargo, de 21 anos, manter a amizade com o estudante Marcelo de Sousa Braga, de 20 anos, após o fim do namoro de quatro meses.

"Com o fim do namoro, restou a amizade, foi algo que aconteceu naturalmente. E como nos conhecemos muito, conversamos sobre tudo, somos parceiros, saímos juntos e, quando estávamos solteiros, um até dava força para o outro conhecer novas pessoas", diz Marília.

Quando o casal chega a ter filhos antes de se separar, é ainda mais importante manter a parceria e o diálogo, porque é isso o que vai garantir a estabilidade emocional no convívio em família. "Quando a história contou com muitos acontecimentos doloridos, é preciso um esforço dos dois para desenvolver outro cenário interno e não revisitar as velhas mágoas. Não é uma boa ideia, por exemplo, falar sobre o passado, especialmente se o objetivo for descobrir de quem foi a culpa da separação", declara Heloisa Fleury.

Também vale a pena esforçar-se para manter uma relação respeitosa e amigável quando é preciso encontrar com o "ex" frequentemente. É o caso das pessoas que trabalham juntas, moram próximas ou, ainda, possuem a mesma turma de amigos.

A assessora de imprensa Carolina Loureiro, de 37 anos, separou-se do músico Claudio Marçal, 43 anos, após sete meses de namoro. Hoje, ela não só é amiga do "ex", como leva o atual namorado, com que tem um filho, aos shows do Claudio. "Para nós, foi fácil manter a amizade, porque nos dávamos muito bem durante o namoro. E meu atual namorado nunca fez objeção a esse contato com o 'ex'", explica Carolina.

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Quando um não quer...

Como em qualquer relação, para dar certo, a vontade de manter o vínculo de amizade precisa ser recíproca. Um dos ex-parceiros pode até manifestar a intenção de ficar em contato, mas sem forçar o limite do outro.

"Você pode apenas dizer que gostaria de manter a amizade e se colocar à disposição, lembrando que, se um dia o outro também quiser se reaproximar, você estará ali", explica a psicóloga pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Cecília Zylberstajn.

A aceitação do outro vai depender da maneira como foram trabalhados os sentimentos no término do romance. Insistir diante de um "ex" que não se mostra receptivo não é, em hipótese alguma, uma boa ideia.

"A maneira como cada pessoa consegue lidar com o seu passado é que vai impactar no presente", diz Albangela. Uma grande decepção com o fim do relacionamento, por exemplo, pode levar a um desinteresse total pelo antigo amor. E, nesse caso, também é preciso aceitar a reação do outro.

"Ser amigo pode ser muito bom, mas não é obrigatório e nem um prêmio para seres humanos mais evoluídos. Às vezes, a pessoa simplesmente não quer mais conviver com o 'ex' e isso precisa ser respeitado", diz a psicóloga.