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Os opostos se atraem, mas no dia a dia é preciso driblar as diferenças

A ideia dos opostos que se atraem não deve ser levada ao pé da letra - Getty Images
A ideia dos opostos que se atraem não deve ser levada ao pé da letra Imagem: Getty Images

Heloísa Noronha

Do UOL, em São Paulo

20/11/2014 07h03

O amor não é uma ciência exata, com regras definidas, nas quais todo mundo se encaixa. As pessoas costumam se apaixonar pelas mais diversas razões –conscientes, como admirar certos perfis, gostos e comportamentos, e inconscientes, que têm a ver com as questões ligadas a modelos de relacionamentos vivenciados nas famílias de origem de cada um. Carências afetivas e personalidades também entram em jogo.

Há, porém, um velho ditado sobre relacionamentos que prega que os opostos costumam se atrair. Por essa lógica, um bagunceiro pode muito bem se encantar por um maníaco por organização; um amante dos esportes tem grandes chances de cair de paixão por alguém que vive com o nariz enfiado nos livros e o que adora madrugar vai perder noites de sono nos braços de um notívago.

Esse conceito, apesar de arraigado, nem sempre deve ser levado ao pé da letra. Não são poucas as circunstâncias em que as pessoas buscam a si mesmas no outro. "Não existem duas pessoas iguais no mundo. As diferenças são normais. A ideia dos opostos que se atraem se explica pela busca de encontrar no outro algo que o complemente, quase sempre um desejo inconsciente de superação. É assim que, por exemplo, uma pessoa muito tímida pode se interessar por alguém extrovertido ou vice-versa", diz a mediadora de conflitos Suely Buriasco, de São Paulo (SP), educadora com MBA em Gestão de Pessoas e autora de "Mediando Conflitos no Relacionamento a Dois" (Ed. Novo Século).

Para a psicóloga Sandra Monice, do Espaço Triskell de Psicologia e Psicanálise, de São Caetano do Sul (SP), o mito de pessoas totalmente diferentes se atraírem já está enraizado no imaginário popular, mas, se olharmos bem, muitas vezes o que se verifica é que costumamos escolher quem tem muito mais pontos em comum conosco do que divergentes. "Geralmente, o que consideramos o ‘oposto’ em nossos parceiros podem ser apenas aspectos nossos não desenvolvidos ou não reconhecidos, que relegamos à sombra, e que identificamos no outro de uma forma idealizada", afirma.

De qualquer forma, relacionar-se com alguém muito diferente de nós pode ser sedutor e desafiador no início do romance, quando ambos estão empenhados em mostrar o melhor de si –e também a tolerância, a compreensão, a vontade de aparar as arestas. Com o tempo e a intimidade, aquilo que era encantador pode se transformar em uma série de conflitos se as divergências não forem trabalhadas a dois.

"É necessário lembrar que existirá sempre uma polaridade em cada um, com pontos fortes e fraquezas inerentes à natureza humana. Será a dinâmica da convivência que despertará a possibilidade de juntos vencerem a diferença ou serem vencidos por ela", fala o psicólogo Armando Ribeiro, do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo. Veja, a seguir, algumas dicas dos especialistas para que os opostos possam lidar melhor uns com os outros no dia a dia:

1. Comunicação é tudo em uma relação. Então, é importante se esforçar para se comunicar assertivamente. Antes de defender as suas verdades, escute o que o outro pensa.

2. É importante que cada um consiga perceber seus pontos de conflitos e carências individuais antes de atacar o outro por características que são suas. "Isso permite que o casal negocie soluções salutares para ambos, sem a sensação de que um se beneficia mais do que o outro", explica a psicóloga Cristiane Moraes Pertusi, doutora em Psicologia do Desenvolvimento Humano pela USP (Universidade de São Paulo).

3. Não queira mudar o outro: aceite as diferenças com naturalidade, sem jamais exigir mudanças ou cobrar atitudes que não são próprias do par. Lembre-se que foi assim que você conheceu e se interessou, certo? "Tente enxergar o outro como ele é, não como você gostaria que fosse", fala Sandra Monice.

4. Procure se colocar no lugar do par e tentar perceber como suas próprias manias podem incomodar. Faça também uma análise e pergunte-se: por que o comportamento do outro me incomoda? Será que não estou projetando aspectos meus nessa relação?

5. Jamais espere que alguém complete você. Quando precisamos que isso aconteça, é porque não nos sentimos inteiros, e não será um relacionamento que resolverá isso. 

6.  Cultive o bom humor. Rir das diferenças é muito saudável, une o casal e harmoniza a convivência. "Fazer graça das dificuldades transforma problemas em desafios, sem contar que é uma maneira divertida de se entenderem", fala Suely Buriasco.

7. Desenvolva a empatia. É fundamental para os relacionamentos saudáveis, pois faz com que você compreenda melhor o outro, sua forma de pensar, agir e se manifestar.

8. Quando a admiração pelo outro é privilegiada, releva-se muito mais as diferenças. Manter a atenção naquilo que  gosta faz com que você lide melhor com o que não gosta.

9. “É fundamental estabelecer acordos”, afirma Suely. "Nem sempre dá para relevar e conviver bem, pois conflitos são normais. O importante é gerenciar o quanto antes as dificuldades, antes que virem brigas que só desgastam as relações", completa.

10. Respeite a pessoa que você ama. Jamais desconsidere a maneira de ser da pessoa escolhida, principalmente em público. Não a humilhe ou subestime em tempo algum. Se algo incomodar, converse depois num momento reservado.$escape.getHash()uolbr_quizEmbed('http://mulher.uol.com.br/comportamento/quiz/2014/05/20/voce-idealiza-demais-o-parceiro.htm')