'V' invertido e mais: posições e acessórios para ter prazer na penetração

Ter orgasmo somente durante as preliminares e não na penetração é uma realidade para uma significativa parcela das mulheres. Mas, tirando os casos em que há dor, se a mulher sente prazer com carícias é sinal de que não há nada errado com a saúde dela. O que provavelmente falta é vivência sexual. A boa notícia é que algumas práticas podem reverter a situação.

Uma das técnicas que se pode experimentar é a manobra da ponte, quando a mulher, sentada sobre o parceiro, estimula o próprio clitóris durante a penetração. Porém, quando ela sente que está perto do orgasmo, para de se estimular e tenta perceber se consegue que apenas a penetração vaginal dispare a sensação.

Alguns acessórios eróticos, como o anel peniano, podem ajudar nessa descoberta. Colocado no membro masculino, ele vibra e estimula o clitóris.

A mulher também pode fazer um 'V' invertido, com os dedos indicador e médio dela, e encaixar no pênis. Daí, durante o movimento da penetração, a mão vai esbarrar no clitóris e ajudar a atingir o clímax.

Estímulos diferentes

Mudar o andamento da relação sexual é outra alternativa. Nesse caso, basta que o casal comece com as preliminares, parta para a penetração, para que a mulher perceba estímulos diferentes, e, depois, volte à masturbação para finalizar. Isso até que a parceira consiga atingir o orgasmo durante a penetração.

Outra sugestão é testar novas posições. Até o tradicional "papai e mamãe" permitirá uma estimulação indireta do clitóris se a mulher colocar um travesseiro embaixo do quadril.

O desenvolvimento dessas novas técnicas para sentir mais prazer deve continuar quando a mulher estiver sozinha. Ela precisa se tocar para perceber onde estão os pontos mais sensíveis da vagina, sem a cobrança -interna ou externa- de chegar ao clímax.

Para que a experiência seja mais realista, o ideal é utilizar um vibrador com a função de vibrar desligada. Exercícios de fortalecimento dos músculos da vagina também trazem uma maior percepção dessa região do corpo. Ao estimular a área com movimentos contínuos de contração e relaxamento, há um aumento da circulação local, o que pode facilitar a percepção dos estímulos e do prazer.

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Não deixe de tentar

De acordo com o Estudo do Comportamento Sexual do Brasileiro, conduzido pelo ProSex (Projeto Sexualidade) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo), entre 2000 e 2001, apenas 30% das mulheres sentem prazer durante a penetração. A maior parte delas precisa estimular o clitóris para alcançar a sensação. A estatística pode ser explicada, em grande parte, pela própria anatomia feminina. Isso porque o clitóris é ricamente inervado e por isso muito sensível. A vagina tem menos sensibilidade e somente no primeiro terço do canal.

Como a estimulação do clitóris é o caminho mais fácil para o orgasmo, algumas mulheres acabam preterindo a penetração. Para muitas delas, continuar o sexo após o orgasmo nas preliminares se torna um fardo. O aspecto emocional também influencia. Muitas vezes, a mulher se cobra muito e não consegue se envolver no momento da penetração. Ao pensar demais, o foco é desviado da sensação prazerosa.

Ainda há mulheres que, por medo de o parceiro ejacular antes, acabam preferindo garantir o prazer na preliminar. Ao optar por esse caminho 'mais fácil', a mulher se priva de experiências mais intensas.

Por isso, mesmo que tenha gozado durante as preliminares, é importante que a mulher continue envolvida na relação, já que há a possibilidade de sentir prazer novamente depois. Basta experimentar, ousar e descobrir o que lhe agrada no sexo.

Fontes: Carolina Ambrogini, coordenadora do Projeto Afrodite, do Departamento de Ginecologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo); Maria Cristina Romualdo Galati, psicóloga e terapeuta sexual do Instituto Kaplan, centro de estudos da sexualidade humana; e Quetie Mariano Monteiro, psicóloga do Cresex (Centro de Referência e Especialização em Sexologia) do Hospital Peróla Biyngton, em São Paulo.

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*Com matéria publicada em 19/10/2018

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