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Swing: organizadores de grupos de sexo contam como funcionam os encontros

Ideia é que todos se conheçam nos eventos de swing e sintam-se livres para transar ali mesmo - Getty Images
Ideia é que todos se conheçam nos eventos de swing e sintam-se livres para transar ali mesmo Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

14/12/2015 16h51

Há 11 anos, a agente de viagens Elaine Macedo, 51, organiza excursões exclusivas para casais adeptos do swing, nome dado a orgias sexuais com troca de casais em dois ou mais pares. Ao lado do marido, Paulo Macedo, com quem está há 27 anos, ela conheceu o universo do sexo grupal 16 anos atrás, mas enxergava pontos que precisavam ser melhorados nas chamadas baladas liberais. “Essas festas são muito confusas, há muitos curiosos, garotos de programa e pouca higiene. E o ‘swingueiro’ procura um ambiente diferenciado, mais privativo”, afirma.

Ela organiza cerca de sete viagens por ano para pousadas e resorts luxuosos no Brasil, além de cruzeiros. Búzios (RJ), Camboriú (SC) e Paraíba são os destinos que nos próximos meses receberão um grupo com, no máximo, 30 casais heterossexuais e bissexuais, dispostos a assumir suas fantasias eróticas.

Nos destinos terrestres, as viagens duram de três a quatro dias. Já em alto-mar, a duração média é de sete dias. Seja qual for o meio de hospedagem, a privacidade é garantida. O local é fechado para receber os casais e os funcionários são treinados para agir com o máximo de discrição. “Não permitimos que os funcionários tenham, dentro do hotel, celulares ou máquinas fotográficas”, diz.

Entre os participantes o uso dos aparelhos eletrônicos é permitido apenas dentro dos quartos. Nas festas, não. “Geralmente, fazemos um coquetel de boas-vindas e mais duas festas temáticas, incluindo uma na piscina”, diz.

A ideia é que todos se conheçam durante os eventos e sintam-se livres para transar ali mesmo, na frente dos outros participantes. “Até porque ver e ser visto durante uma relação sexual é um fetiche de muitos dos pares ali presentes”, diz Elaine.

O técnico de som Alan*, 49, também organiza com outros dois amigos encontros de casais liberais em Salvador. “Temos uma casa que recebe, quinzenalmente, de 15 a 20 pessoas adeptas de swing”, conta. O propósito é o mesmo: unir homens e mulheres a fim de transar com outros casais. A única diferença é que nesse evento ninguém dorme no local. “Chegamos por volta das 10h e vamos embora às 22h”, diz.

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Por ser uma casa própria, as relações sexuais são permitidas em todos os cômodos, no momento que cada participante achar mais adequado. Já no caso dos eventos organizados em hotéis, há algumas regras. “Transar na piscina não é permitido, porque é anti-higiênico. Para isso, construímos gazebos ao redor da área. Também não são permitidas relações sexuais na recepção e no restaurante”, diz a agente de viagens.

O uso de preservativos é obrigatório e drogas não entram. “Há bebidas disponíveis, mas recomendamos que todos consumam com moderação”, diz Alan.

Os participantes

Ambos os eventos contam com um público cativo, que se informa sobre a data de cada encontro por meio das redes sociais. Mas também costumam aparecer estreantes na prática que, muitas vezes, vão apenas para conhecer e não para participar.

Nesses grupos, quase tudo é permitido, mas nada é obrigatório, conforme reforçam os organizadores. “Os novos casais sempre querem saber se serão agarrados por outros e forçados a participar. Ou se terão de ficar nus o tempo todo. Isso não existe”, diz Elaine. “A dinâmica do sexo grupal é muito respeitosa. Há sempre o cuidado de perguntar se aquele casal quer participar ou não”, afirma Alan.

Homens e mulheres solteiras não entram, é preciso ter um par. “Geralmente participam pessoas com mais de 35 anos, que têm um relacionamento estável, pertencentes às classes A e B. Tem de tudo, de políticos a jornalistas e autoridades”, diz Elaine. O uso do nome real é opcional, muitos preferem se identificar com codinomes.

O custo para participar desses encontros varia de acordo com a estrutura oferecida. Nos realizados pelo técnico de som, por exemplo, cada participante custeia a própria bebida. E só. “Não aceitamos dinheiro, porque não é uma festa com fins lucrativos”, diz.

Já as viagens organizadas pela agência de Elaine exigem um investimento de acordo com a hospedagem oferecida, que costuma partir de R$ 3.000 por casal, com café da manhã e sem as passagens aéreas.

* O nome foi trocado para preservar a identidade do entrevistado