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Para poder doar sangue, jovem gay americano ficará um ano sem transar

Jay Franzone defende que a orientação sexual não deve ser parâmetro para definir comportamento de risco - Reubelt Photography/Independent/Reprodução
Jay Franzone defende que a orientação sexual não deve ser parâmetro para definir comportamento de risco Imagem: Reubelt Photography/Independent/Reprodução

Do UOL, em São Paulo

16/08/2016 17h39

Jay Franzone, 21, um jovem gay de Boston, nos Estados Unidos, está sem transar há oito meses e planeja continuar assim até completar um ano de abstinência sexual, tudo para que possa doar sangue. As informações são do jornal britânico “The Independent”.

De acordo com o FDA (Food and Drug Administration), órgão responsável por regulamentar normas de saúde no país, homossexuais são proibidos de ter qualquer contato sexual por 12 meses se quiserem se tornar doadores. Pela regulamentação anterior --que vigorou até o ano passado--, gays jamais poderiam ser doadores.

Franzone pretende ficar sem transar até janeiro de 2017 para mostrar como essa regra é insensata, principalmente quando se pensa na escassez de sangue nos bancos do país.

Recentemente, a Cruz Vermelha Americana fez um apelo pedindo doações de sangue e plaquetas. Depois de receber 39 mil doações a menos do que o esperado, a instituição afirmou que os pacientes estão precisando de sangue “desesperadamente”.

Para Franzone, deveria haver um método mais justo de seleção dos doadores. “Meu melhor amigo heterossexual pode transar com 25 mulheres em um mês, sem proteção, e doar. Se eu fizer sexo oral uma única vez em um ano, não posso. É absolutamente ridículo quando se comparam os riscos”, disse ao jornal.

Em sua opinião, as autoridades de saúde estão baseando a política no estigma de que todo gay é soropositivo. “Sabemos que isso não é verdade”, falou.

Segundo ele, a orientação sexual não deveria ser o parâmetro para detectar comportamentos de risco. “O peso sempre cai sobre gays e bissexuais, entretanto, há outros grupos com comportamentos perigosos que não são afetados por essa política.”

O assunto ganhou fôlego nos Estados Unidos após o atentado à boate LGBT Pulse em Orlando, em junho, quando os estoques de sangue caíram bruscamente. Na ocasião, o prefeito de Austin, no Texas, afirmou que comprar um rifle não deveria ser algo mais fácil do que um homem gay doar sangue. Para Franzone, esse tipo de regra só alimenta o preconceito de que pessoas homossexuais são cidadãos inferiores.

A regra dos 12 meses, que também é usada no Reino Unido e no Brasil (portaria 2.712 do Ministério da Saúde), é baseada em evidências científicas, diz o FDA, que deve continuar pesquisando o assunto.