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Quer transar todo dia e o par não corresponde? Saiba lidar com isso

Do UOL

10/01/2017 04h04

Casais heterossexuais são os que mais sentem a diferença de libido, porque enquanto o homem tem um nível de hormônios sexuais estável ao longo da vida, o ciclo hormonal da mulher oscila durante todo o mês. Nos dias que antecedem a menstruação, por exemplo, ela tem menor interesse pelo sexo do que ao fim do sangramento. A flutuação é ainda maior na gestação, no pós-parto e quando ela entra na menopausa. “Há também as questões de educação e de como a sociedade encara o interesse feminino por sexo, de uma forma muito menos receptiva do que encara o masculino. Tudo isso leva à construção de uma sexualidade diferente entre homens e mulheres”, diz a psiquiatra Carmita Abdo, fundadora e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo). Já os casais homossexuais levam vantagem porque passam por mudanças sexuais juntos – com exceção daqueles com grande diferença de idade.

O relacionamento estável não é um problema
É muito comum ouvir que, após casar ou morar junto, a relação esfria. No entanto, Carmita explica que, durante a fase de namoro, quando a convivência é menor, os descompassos passam despercebidos, mas existem. “A ausência faz com que, no momento que eles se encontram, o interesse sexual esteja presente em ambos. Já na convivência diária, vai existir um intervalo entre as relações sexuais, porque o encontro não determina mais o ritmo da vida sexual”, explica.

Quando o descompasso é problemático
A partir do momento em que se torna impossível estabelecer um acordo entre o casal, a desarmonia se torna um empecilho na vida a dois. Mas alguém tem que ceder, diz o psicólogo Rodrigo Torres, mestre em Sexologia Clínica e Saúde Sexual pela Universidade de Barcelona, na Espanha. “Às vezes, nos surpreendemos e passamos a gostar de coisas que não imaginávamos. Vale experimentar algo para agradar quem amamos, se não fere nossa escala de valores. Se somos muito rígidos, perdemos oportunidades de aprender coisas novas”, diz o sexólogo. O diálogo sempre será o caminho para contornar o descompasso sexual. Talvez uma das partes, ao dizer que quer mais sexo, ouça do outro que ele prefere ter sexo com qualidade. Então, ambos terão de chegar a um acordo que seja satisfatório.

O problema da frequência
É a questão mais citada em consultórios, dizem os profissionais entrevistados. O mais comum é o homem querer mais sexo do que a mulher, contudo, a situação inversa também acontece. E, embora o sexo forçado seja completamente contraindicado, adaptar a frequência para agradar ao outro é algo usual. “Entre uma atividade sexual e outra, o homem geralmente vai se masturbar”, diz Carmita. Já a mulher pode até não responder às carícias na primeira abordagem, por ter sido pega desprevenida. Mas se o par não se ofender com a recusa e trabalhar o convencimento, sem forçar, pode ser que ela ceda. Simplesmente porque, a partir daquele momento, passou a pensar em sexo. “O que não pode acontecer é a mulher não respeitar o próprio limite e fazer sexo sem prazer, porque isso reforça o desinteresse pelo ato”, diz a psiquiatra.

Se uma prática agrada a um e não ao outro
“A prática do sexo oral ainda é um tabu. Há uma questão de nojo, de medo de contrair doença”, diz a psicóloga Lelah Monteiro, especializada em sexualidade pela Universidade Estadual de Londrina. Ela explica que muitas mulheres que vão ao seu consultório queixam-se de que os homens fazem um sexo oral medíocre, mas depois exigem um bom desempenho delas nas mesmas preliminares. “Muitos acham que só precisam umidificar a mulher antes da penetração, quando, para muitas, o sexo oral já é o sexo, porque elas chegam ao orgasmo nesse momento”, diz. Nos homens, há o desejo de a mulher deixá-lo ejacular na boca ou concordar com o sexo anal. Mas a melhor estratégia, quando não os desejos não batem, é tornar a prática atrativa. Com o uso de acessórios, por exemplo. Géis que esquentam e esfriam e com sabor podem estimular o sexo oral. Já o plugue anal pode ser o primeiro passo para a penetração por trás.


Dois mandões na cama
O sexo deve ser encarado como uma dança, com compasso e harmonia. Mas quando os dois querem dominar, fica difícil se desdobrar uma sequência de atividades: a proposta de um tem que ser aceita pelo outro para que os movimentos aconteçam. “Cada hora um terá que ceder para que o outro se sinta realizado ao exercer o domínio”, diz a sexóloga Walkíria Fernandes. Esse tipo de comportamento pode indicar uma competição dentro da própria relação, fora da cama. E é preciso conversar a respeito. Por outro lado, se não houver problemas além das quatro paredes, o jogo entre dominantes poderá se tornar excitante, se um tiver a função de persuadir o outro a fazer o que ele quer. Basta ver a situação por outra perspectiva para que ela desperte a libido, em vez de represá-la.