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Superar luto com novo amor, como Leila Cordeiro, é impulso de vida

Leila Cordeiro com seu atual namorado, Wilson Pariz - Reprodução/Arquivo pessoal
Leila Cordeiro com seu atual namorado, Wilson Pariz Imagem: Reprodução/Arquivo pessoal

Thamires Andrade

Do UOL

15/02/2017 17h35

A jornalista Leila Cordeiro, que foi casada por mais de 30 anos com Eliakim Araújo, afirmou em entrevista à coluna de Patrícia Kogut, no jornal "O Globo", que reencontrou seu ex-noivo, Wilson Pariz, e começou a namorar novamente. Eliakim Araújo morreu em julho do ano passado vítima de um câncer de pâncreas.

Muitos internautas fizeram comentários na matéria do tipo: "Que amor era esse que esquece tão rápido o outro?" Mas, segundo a terapeuta de família e de casal Cristiane Moraes Pertusi, o recurso que cada um usa para lidar com o luto é individual e não existe certo ou errado.

"Temos que olhar sob diferentes prismas para não cair em um julgamento estereotipado. O certo e errado é muito relativo. O fato dela se envolver com alguém, não quer dizer que ela não gostava dele. Esse tipo de pensamento é um pré-julgamento das pessoas", explica.

Para Cristiane, pessoas que pensam dessa maneira não conseguem se colocar no lugar do outro e, geralmente, são mal resolvidas emocionalmente. "Elas ficam na defensiva, brigam e julgam muito. Conseguem ver o defeito no outro, mas não em si", fala.

Duração do luto

Na opinião de Cristiane, muita gente pode ter estranhado a postura da jornalista, pois existe uma sustentação teórica de que o luto tem duração de um ano. "O luto tem um ciclo de, pelo menos, um ano, mas não é uma regra absoluta. É que nesse período passarão datas significativas, como aniversário e Natal, em que a ausência da pessoa será mais latente", explica.

No entanto, segundo a terapeuta, é natural se envolver com alguém durante esse período até por conta da vulnerabilidade. "Às vezes a pessoa está frágil e esse acolhimento gera um sentimento. Fora que tem gente que se sente mais emocionalmente compensada ao estar com alguém. Se esse é o jeito que Leila encontrou para não ficar fragilizada e pirar, foi saudável para ela", diz.

A própria Leila disse, em entrevista à coluna, que Wilson a procurou e que ele ficou firme aguentando suas crises. "Confesso que, para mim, foi muito difícil admitir que poderia amar de novo em tão pouco tempo. Mas resolvi enfrentar o desafio e aqui estamos velejando", disse a jornalista.

Luto adiantado

Como o câncer é uma doença crônica, Cristiane conta que os cônjuges e familiares já tem um luto antes mesmo de a pessoa morrer. "Quando a morte é súbita, ninguém está preparado, mas quando é uma doença crônica, que se desenvolve, o cérebro vai se preparando para esse momento", explica.

Para Cristiane, esse também pode ter sido o caso da jornalista. "As pessoas podem achar que ela voltar a namorar foi um movimento precoce, mas, na verdade, ela já estava se preparando para ficar sem o marido aos poucos", opina.

Pulsão de vida

Cristiane também avalia que o comportamento de Leila representa uma pulsão de vida. "Esse comportamento mostra energia de vida que brota nela, o que é algo positivo e saudável. Tem tanta gente que depois da viuvez tem pulsão de morte, se enfurna em casa, se isola, não quer sair por nada. Viver esse tipo de luto é pior do que não se permitir sentir isso", fala.

"Estamos aqui para viver. Se ela botou esse homem precocemente em sua vida, ou não, ela que lidará com isso mais para frente. Inclusive, se envolver com alguém pode ter sido até mais duro para ela, já que ela a memória do marido que morreu ainda estava viva em sua memória", diz.