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Sexo no BBB: por que o homem sai como machão e a mulher como periguete?

Marcos e Emilly namoram sob o edredom - Reprodução/TVGlobo
Marcos e Emilly namoram sob o edredom Imagem: Reprodução/TVGlobo

Thamires Andrade

Do UOL

25/02/2017 18h51

O clima esquentou na sexta-feira (24) no quarto do líder no "BBB17". Emilly e Marcos trocaram carícias debaixo do edredom e, depois de muita pegação, a sister pediu: "goza na minha boca". A hashtag #gozanaminhaboca virou trending topics no Twitter e muita gente criticou a garota pelo ato. Mas por que ainda hoje, em um episódio desse, o homem sai como o machão e a mulher como 'periguete'?

De acordo com os especialistas ouvidos pelo UOL, isso acontece por conta do machismo e das visões antigas e arcaicas sobre a sexualidade que se perpetuam na sociedade.

“A pessoa até se considera moderna, mas em algum momento vem à tona esse modo arcaico de ver o mundo. Tem homem, inclusive, que quer uma mulher boa de cama e que goste de sexo, mas, ao encontrá-la, não dá conta, pois tem fantasias de que ela goste tanto de transar que queira ter mais de um parceiro”, fala a psicóloga Cristiane Pertusi.

Para Cristiane, esse fenômeno é inconsciente na mente das pessoas e surge, pois, historicamente, o homem escolhe suas parceiras para procriar. “Essa é a história da humanidade, por isso que muita gente acredita que uma mulher que será responsável por manter sua prole não deve ser tão expressiva com relação a sua sexualidade”, diz.

Críticas prejudicam a evolução da sociedade

Cristiane e o psicólogo Oswaldo M. Rodrigues Júnior acreditam que esse tipo de crítica destinada à Emilly são prejudiciais para a evolução da sociedade de modo geral. “As mulheres acabam punidas na discussão social, principalmente as meninas mais novas que acompanham essas notícias e ainda passarão por essas situações. Essas críticas fazem com que elas aprendam que não devem falar o que querem na hora H, que devem esperar que o parceiro determine como será a relação”, diz Oswaldo.

Para ele, o machismo do dia a dia se manifesta ao não aceitar as falas das mulheres. “Ainda hoje as pessoas acham um absurdo que a mulher solicite o que ela quer na cama, que possa ter um desempenho sexual e que conduzam a atividade junto do parceiro”, fala.

Para Cristiane, isso é prejudicial até para os casamentos, já que, para um casal sobreviver, é preciso ter uma relação de igualdade em que ambos tenham desejo sexual. “Muitos casais ainda se separam porque o tesão acabou. A expressão do desejo sexual é uma coisa natural e saudável”, fala.

Quem julga, queria ser igual

Para Cristiane, muita gente dirige críticas à Emilly como uma forma de defesa. “Às vezes a pessoa não tem uma relação boa com a sexualidade, gostaria de falar o que quer no sexo, dar uma ‘comandada’ na situação e não sabe como, até por vergonha. Não é todo mundo que chegou no nível de ser bem-sucedida sexualmente”, afirma.

A psicóloga também acredita que grande parte das críticas também aconteçam pelo fato de o casal se conhecer a pouco tempo, já que o reality começou há pouco mais de um mês. “O fato de ser uma relação que está no início e já ter esse nível de intimidade, faz com que o povo julgue ainda mais”, fala.

É importante expor suas vontades na cama

Na opinião de Júnior, é importante conversar explicitamente sobre as atividades sexuais preferidas ou que podem ser testadas. “É bom ter uma comunicação assertiva sobre esse tema, pois assim, o casal consegue compreender os sentimentos e percepções de cada um”, fala.

O psicólogo afirma que, no momento que cada um expõe sua regra de conduta, fica mais difícil haver algum tipo de desrespeito durante a relação sexual. “Assim, o casal sabe o que pode ou não vir a fazer. E cada um pode aprender a lidar com a frustração de não ter determinada coisa que gostaria. Esse mecanismo é importante de ser aprendido para não impor nada ao outro”, explica.