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Eliminada do BBB e detonada na web, como Roberta lidará com tanta rejeição?

Thamires Andrade

Do UOL

15/03/2017 18h48

Roberta foi eliminada do BBB17 com 79,43% dos votos. E, ainda que outros participantes tenham sido eliminados com porcentagens superiores, a youtuber foi alvo de uma campanha de rejeição do público inédita, já que as torcidas de Emilly, Ilmar, Marcos e Ieda fizeram mutirões para votar por sua saída e ainda colocaram a hastag #ForaRoberta nos Trending Topics do Twitter. Em um episódio desse, a pergunta que fica é, após a eliminação, como lidar com uma rejeição tão grande?

Por que dói tanto?

Para Sabrina Gonzalez, psicóloga clínica e hospitalar, a rejeição dói, pois o ser humano é um ser social que gosta e precisa participar de grupos e se sentir acolhido e validado por eles. "É como diz a música 'é impossível ser feliz sozinho'. Somos compostos de círculos sociais e isso deriva da nossa infância. Nessa fase, precisamos da aprovação, carinho e atenção dos pais. Então, replicamos isso na vida adulta nos círculos que nos sentimos confortáveis", explica.

Já para Yuri Busin, psicólogo e diretor do Casme (Centro de Atenção à Saúde Mental - Equilíbrio), muitas pessoas não aprendem a lidar com a rejeição durante o processo de amadurecimento. "Elas não estão preparadas para sofrer qualquer tipo de frustração, não entendem que nem tudo vai ser da forma que elas querem. Quando crescem sem entender isso, tudo vira um monstro ", fala.

O que leva a rejeição?

Para Busin, alguns comportamentos podem promover a rejeição, principalmente entre a geração mais jovem que tende a achar que está sempre certa. "Às vezes existe um consenso social, então, quem não aprende a conviver e respeitar o grupo é excluído. Isso não tem a ver com gostar ou não da pessoa, mas não concordar com aspectos dela", fala.

Mas para o diretor do Casme, nem sempre o comportamento da pessoa é o motivo de sua exclusão. "Ela pode pensar diferente dos outros e, por isso, o resto do grupo se unir para excluir o que é diferente, afastar essa tendência", diz.

O caso específico de Roberta foi uma “traição” a amiga de confinamento Mayara logo no início do reality show. Para Júlia Bárány, psicanalista formada pela Sociedade Brasileira de Psicanálise Integrativa, muita gente rejeitou Roberta por projetar suas próprias questões na participante. “Todos que a rejeitaram, na verdade, não conseguiram olhar para si mesmas e ver que são capazes de trair, assim como ela”, fala.

Na TV dói mais?

Sabrina acredita que o fato do país inteiro julgar suas ações sem te conhecer gera uma pressão enorme em cima da pessoa. "Não é só o seu círculo social. É o país todo te julgando e condenando. É muita pressão. E, no fim, as pessoas não estão vivendo lá, no confinamento. Fora que, querendo ou não, é um jogo e cada um tem suas táticas e estratégias. Mas para não se afetar pelo que falam é preciso ter muita estrutura emocional e ser bem resolvida", fala.

Para Júlia, o fato de a rejeição ser televisionada tem um impacto muito maior na vida da pessoa. "É desastroso uma pessoa passar por isso. Ela não vai conseguir atravessar isso sozinha sem se sentir destruída, por isso, ela precisará da ajuda da família, dos amigos e talvez até ajuda profissional. Tudo depende do caso", diz.

E o que pode acontecer depois da rejeição?

Essa necessidade de aprovação faz com que a rejeição seja um evento capaz de mexer com autoestima e até com as nossas crenças. "Há quem se sinta pressionado e julgado por todos ao redor e começa a acreditar no que os outros falam sobre si. Então, há o risco da pessoa assumir 'sou ruim' e ter a autoestima diminuída, bem como a crença em si mesmo", fala Sabrina.

Para Júlia, uma rejeição em um programa desses pode ajudar a repensar e recriar, pois nada na vida acontece por acaso. “Às vezes precisamos refletir o porquê aquilo está acontecendo conosco, o que podemos aprender com isso. E, assim, podemos lidar com a rejeição de uma forma positiva”, fala.

Além de refletir sobre os comportamentos que teve lá dentro, Sabrina acredita que Roberta deve buscar respostas sinceras e não dar justificativas para ninguém. “Ela precisa entender que só precisa dar respostas para ela mesma se entender melhor e se avaliar. Outra coisa importante é ela pedir desculpas para ela mesma e se perdoar. Admitir que agiu errado e, assim, conseguirá reverter toda essa situação sem se deixar reduzir pelo que aconteceu, pois ela é muito mais do que o jogo”, fala.