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Cosplayers criam campanha para criticar personagem de nova novela

A página Cospositivismo criou uma campanha para criticar o personagem Yuri - TV Globo/Estevam Avelar
A página Cospositivismo criou uma campanha para criticar o personagem Yuri Imagem: TV Globo/Estevam Avelar

Thamires Andrade

Do UOL

06/04/2017 09h17

A página no Facebook Cospositivismo criou a campanha "#yurinaomerepresenta" para criticar o personagem Yuri (Drico Alves), da novela "A Força do Querer". Na história, Yuri é filho de Heleninha (Totia Meirelles) e Junqueira (João Camargo), é viciado em cosplays e tecnologia e só se comunica por mensagens de celular, mesmo em casa.

Alexandre Rodrigues Damião, 27, criador da campanha e cosplayer dos personagens Naruto e Fujisaki Yuusuke, quer que os cosplayers sejam representados da maneira que realmente são na televisão. Cosplay consiste em caracterizar-se como algum personagem da ficção e usa técnicas teatrais para personificar sua personalidade.

"A campanha não é nenhum ataque de ódio à emissora/novela ou até mesmo ao ator em questão. Só queremos que as pessoas que não conheçam o universo cosplay saibam que é um hobby completamente saudável e que ajuda em inúmeras coisas, como na sociabilização, na integração e no desenvolvimento interpessoal", afirma.

Segundo Damião, a vida dos cosplayer é igual a de qualquer outra pessoa. "Cosplayers são pessoas normais, mães e pais, homens e mulheres de diversas idades, de várias etnias e tipos físicos diferentes. Pessoas que também acordam cedo para trabalhar e chegam tarde cansadas. A grande diferença é que estamos incluídos em uma arte que, para alguns é diversão e, para outros, um trabalho com remuneração", explica.

Ele também desmistifica ideias errôneas de que quem faz cosplay é antissocial ou não gosta de viver a própria vida. "A maioria de nós não é reclusa e nem antissocial, pelo contrário. Um dos principais erros é as pessoas acharem que gostamos de viver outros personagens porque estamos descontentes com a nossa própria vida. Não é verdade. O cosplay é um tipo de homenagem. Não é muito diferente das pessoas que costumam se fantasiar no Carnaval. Se a pessoa se veste de Superman é porque ela quer interpretar/viver aquele personagem naquele momento", explica.

Nada de vício

Damião também explica que não há "vício" em cosplay e que as pessoas não andam vestidas como o personagem o tempo todo. "A maioria de nós só se caracteriza para eventos de cultura pop ou encontros de cosplay, que são festas realizadas ao ar livre. Mas não tem vício em cosplay, não é algo que não tem controle a ponto de afetar sua vida", diz.

O problema de representações como a da novela das 21h, na opinião de Damião, é perpetuar a desinformação para o público leigo. "A maioria dos cosplayers tem receio das grandes mídias, pois costumamos ser ridicularizados pelo que somos e fazemos. Prefiro acreditar que isso aconteça por falta de conhecimento e informação. O povo brasileiro tem uma resistência muito grande ao que é diferente", diz.

O administrador da Cospositivismo espera que a campanha chegue aos ouvidos da autora da novela Gloria Perez para que ela possa retratar os cosplayers com mais veracidade. "Assim, quem não conhece a arte, terá a mente mais aberta para tomar conhecimento", diz.