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Oi, sumido! Casal se reencontra no Facebook após 40 anos e volta a namorar

José Manuel e Emília se conheceram na juventude e voltaram a namorar depois de 40 anos - Arquivo pessoal
José Manuel e Emília se conheceram na juventude e voltaram a namorar depois de 40 anos Imagem: Arquivo pessoal

Denise de Almeida

Do UOL

08/04/2017 04h00

A Guerra do Vietnã chegava ao fim e o Brasil, ainda na ditadura militar, era governado por Ernesto Geisel. Assim era o mundo quando José Manuel Correia conheceu Emília Fernandes da Cruz, a irmã de seu amigo. Os dois tinham 17 anos naquela época e viveram um breve namoro. Cada um seguiu seu rumo, mas 40 anos depois a história dos dois voltou a se cruzar.

José estudava e trabalhava com Manuel Lucas. Foi frequentando a casa da família do amigo que ele se aproximou de Emília. Os dois namoraram por apenas dois meses e só o irmão dela sabia da história de amor.

Antes de poderem oficializar a relação, Manuel encostou José na parede. "O irmão dela chegou e me falou ‘ô, meu, com a minha irmã não venha com sacanagem não! Ou assume o negócio direito ou você cai fora'. Como eu ia fazer o negócio direito, se eu era um 'tranqueirão', junto com o irmão dela?", lembra José.

"Depois disso, ele desistiu", diz, aos risos, Emília. "Fiquei em uma saia justa, porque eu ia para as baladas, para a zoeira, então o que ia dizer para ela? E com 17, 18 anos, a gente não pensa muito, né?", justifica José. "E olha que não engravidei ela nem nada. Ele já 'enquadrou' antes que acontecesse isso", diverte-se. 

Maria Emília e José Manuel quando namoraram em 1975 e atualmente; casal ficou 20 anos sem se ver - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Emília e José Manuel quando namoraram em 1975 e atualmente; casal ficou 20 anos sem se ver
Imagem: Arquivo pessoal

Separados, cada um seguiu sua vida. Vez ou outra eles se encontravam, por conta da amizade entre José e Manuel. "Cheguei a vê-la grávida, só que nessa época eu já estava casado também", ele conta. Mas, com a morte de Manuel Lucas, José e Emília passaram mais de 20 anos sem se ver.

Nesse período, Emília passou 18 anos casada, teve uma filha e se divorciou. José foi casado por 30 anos, também teve uma filha, e ficou viúvo. Quando isso aconteceu, Emília já estava solteira há cerca de cinco anos. Foi a ex-cunhada dela, também amiga do grupo desde o colégio, quem contou sobre o falecimento de Regina, a então esposa de José.

"Fiquei preocupada, porque também conheci a esposa dele, e entrei em contato", conta Emília. Foi quando, dois anos atrás, ela procurou José no Facebook. Eles trocaram mensagens e voltaram a conversar, mas apenas como amigos. "Começamos a contar tudo o que tinha acontecido nesses 40 anos", ela diz. "E tem assunto até hoje", completa José, enquanto os dois riem.

Eles passaram alguns dias mantendo contato apenas pela rede social, até marcarem o segundo primeiro encontro da vida deles. Emília confessa que nessa hora rolou um frio na barriga, mas que não tinha em mente o que viria dali. "Não sabíamos que ia dar em alguma coisa. Nos encontramos meio que para conversar, mesmo".

Uma vida inteira pela frente

"Agora que vim a conhecer a filha dela, que tinha visto ainda na barriga. A minha filha e a dela têm dois anos de diferença, hoje são irmãs", conta José.

Questionados como essa amizade virou amor, Emília conta que foi tudo "aos pouquinhos". Já José explica que eles não tinham tempo a perder. "Quando se é maduro a gente já sabe o que quer. Aí os dois estavam sozinhos, mesmo, e um foi preenchendo o outro".

Emília ainda entrega que uma frase dita por José no fim do primeiro namoro foi repetida por ela agora no retorno deles. Agora, em outro momento da vida do casal, a mensagem tinha um sentido muito mais especial. "Falei para ele a frase que ele me disse quando terminou comigo: que a gente tinha uma vida inteira pela frente".

O segundo namoro entre os dois já dura dois anos e o casal mostra estar feliz agora aos 60 anos. Eles dizem que não pensam em morar na mesma casa. "Namorado é mais gostoso, morando junto fica mais sério. Assim, quando um está de saco cheio do outro cada um vai para sua própria casa", brinca José. "Mas por enquanto ainda não aconteceu isso", diverte-se Emília.