Você não consegue esperar elevador sem olhar o celular? Pode ser microtédio
Ninguém gosta de esperar, muito menos de perder tempo aguardando em um consultório, na fila do banco ou até no hall de elevador. Feitas a contragosto, essas pausas obrigatórias do dia a dia causam estresse, irritação, aborrecimento e são conhecidas como microtédio.
Autor de um artigo sobre o assunto, publicado em seu blog, o psicólogo Gabriel Cunha Nunes, do Rio de Janeiro, mestre em psicologia clínica pela PUC-Rio, afirma que ouviu o termo pela primeira vez entre 2007 e 2008, quando os smartphones começaram a se popularizar, tornando-se as ferramentas ideais para ocupar a mente em situações como essas.
“O ser humano tem muita dificuldade de lidar com o vazio, talvez porque o vazio máximo seja a morte. Essas pausas, nas quais nos sentimos improdutivos, são vistas como pequenas mortes diárias, o que gera uma sensação nada boa. Por outro lado, são também oportunidades de olhar para si mesmo, de refletir sobre a vida, mas algumas pessoas sentem dor ao fazer isso, principalmente aquelas que enfrentam grandes dramas ou problemas pessoais.”
O mais natural, nesses casos, afirma Nunes, é procurar o escapismo, algo que distraia a mente e afaste as preocupações, como navegar nas redes sociais ou fazer uso de jogos eletrônicos. “Não há nada de errado em querer se distrair para passar o tempo, mas essas pausas também podem ser aproveitadas de maneiras mais criativas”.
Saídas criativas
O especialista lembra o conceito de ócio criativo, elaborado pelo sociólogo italiano Domenico De Masi, que propõe utilizar o tempo com atividades que permitam trabalhar, estudar e se divertir simultaneamente. “O filósofo austríaco Ludwig Josef Johann Wittgenstein (1889-1951) tornou-se jardineiro para ter tempo de pensar e refletir enquanto trabalhava.”
Uma boa maneira de combater o microtédio, afirma Nunes, é recorrer a cursos rápidos. “Hoje, existem escolas de idiomas que oferecem aulas on-line de curta duração e que podem ser feitas em poucos minutos.”
Ocupar a mente aprendendo ou mesmo meditando, afirma o médico homeopata e psicólogo Roberto Debski, diretor da clínica Ser Integral, em Santos (SP), evita que sejamos tomados pelo estresse e pela irritação nos momentos de espera, a ponto de descontar a frustração nos outros. “Eu passo muitas horas no trânsito, o que é bastante estressante. Então comecei a comprar audiolivros em inglês e já ouvi mais de 200 em um ano. Esta é uma maneira de me atualizar na minha área e treinar outro idioma, de outra forma, não teria tempo para isso”, diz.
Pílulas de estudo
Em busca de se aprimorar no trabalho e nos relacionamentos interpessoais, a jornalista Camila Oliveira Pereira, 32, de São Paulo, já fez diversos cursos on-line em uma plataforma de ensino virtual chamada Edusense.
No formato de apresentações em vídeo ou em Power Point, os cursos são focados em desenvolvimento pessoal e duram de 30 a 40 minutos. As aulas são interativas e terminam com uma avaliação. A assinatura mensal custa R$ 19,90 e dá acesso ilimitado.
“Já fiz quase todos os cursos disponíveis, mas o que mais me marcou foi um que ensinava como se relacionar com pessoas que a gente não gosta. Aprendi que elas podem ser nossos mestres, que podemos treinar habilidades, como a paciência, em vez de sentir raiva, e isso trouxe muita qualidade de vida para mim.”
Segundo Guilherme Cavalcante, responsável pelo marketing da Edusense, os maiores diferenciais dos cursos são a rapidez e o fato de democratizarem o aprendizado de liderança. “Os temas mais acessados são os que ensinam competências emocionais, como confiança e assertividade."
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