Revolta com "black face" de Faro, Joelma e Fafá não é mimimi; entenda
Neste domingo (23), no programa “Hora do Faro” (Record), Rodrigo Faro e Joelma pintaram o rosto de preto e colocaram perucas para imitar Michael Jackson. No “Domingão do Faustão” (Globo), a cantora Fafá de Belém fez o mesmo para se parecer com a colega de profissão Alcione.
O “black face” é uma técnica de maquiagem teatral, na qual pessoas brancas pintam-se de negras para imitá-las de forma caricata, reforçando características físicas com o intuito de fazer piadas.
Os primeiros registros de “black face” datam da Commedia Dell’Arte (forma de teatro popular originária da Itália), sob o nome “máscara do negro”, no século 15. De lá para cá, ele vai e volta nas manifestações artísticas, como se viu nos programas de TV citados.
“À medida que se repete de forma sistemática, fica uma dúvida no ar: foi mesmo inocente ou feito de forma jocosa, como era em sua origem”, afirma Douglas Belchior, fundador e professor do Movimento Uneafro-Brasil (União de Núcleos de Educação Popular para Negros e Classe Trabalhadora).
Para o ator e ativista do movimento negro Sidney Santiago Kuanza, o recurso do “black face” sempre cai no estereótipo e precisa ser combatido. “Em pleno século 21, é preciso mais responsabilidade. Não cabe mais inocência. Há vários perigos nessa manifestação, com representações viciadas, mesmo que a intenção não tivesse esse fim. O ‘black face’ é historicamente uma ferramenta para ofender o negro.”
O professor Belchior afirma que a arte tem o poder de se fazer como exemplo na vida das pessoas e por isso não se deve tolerar o “black face”. “Quando isso aparece fica a mensagem que não é problema fazer chacota com a cor de alguém. Se o objetivo é homenagear um artista negro, pelo menos, que seja por meio de alguém que efetivamente represente a etnia.”
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