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Opinião: Alguém precisa inventar o "Tinder da maternidade"

Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Lia Bock

Colaboração para o UOL

12/05/2017 15h14

A próxima revolução feminina vai ser quando as mulheres não precisarem mais de marido para fazer filho. E não estou, de forma alguma, desdenhando do papel do pai. Veja, eu não falei de não ter um pai e sim de não ter um marido. Porque pai é uma coisa, marido é outra completamente diferente. 

Fomos ensinadas que para fazer ou adotar um filho é preciso conhecer o homem da sua vida (namorar, casar viajar bastante e, de preferência, comprar a casa própria antes) para depois se dedicar à criança. Estamos presas naquele pacote que traz o marido junto com o filho. Mas muitas vezes a gente não quer marido, a gente não encontra marido, não aguenta o marido, e aí, como é que faz?
 
E não é que não existam muitos homens doidos para serem pais. Têm vários. Mas aí entra o tal do amor romântico que dificulta mais ainda nossa vida: não basta ser um casal, é preciso se amar. Caraca! Aí complica demais.
 
Verdade que os casais gays têm esfregado na cara da sociedade que, sim, é possível ter um filho fora do pacote pregado pela igreja. Mas a maioria deles também nos remete para o tal casal que se ama e, por isso, tem um filho junto.
 
Aliás, vi muitas propagandas para esse Dia das Mães que trazem casais de lésbicas. Claro: elas se amam e por isso tiveram um filho. É como se o amor tivesse dado essa “autorização”. Lindo ver a propaganda se atualizando. Já não era sem tempo. Mas, desculpa, eu quero mais. 
 
Sonho com o dia em que não vou escutar mais nenhuma amiga dizer que só quer ter filho se for com o homem da vida. Homem da vida, gente? Jura? Que tal trocar por: "pai da vida"?
 
Vai mudar tudo e pode ser até mais legal! Sonho mais longe ainda, com o dia em que teremos uma espécie de Tinder da maternidade. Imagina só: uma rede social em que as pessoas dão match para fazer um filho juntas. Um lugar em que você procure por parceirxs para dividir esta árdua, louca, generosa e maravilhosa missão que é criar uma criança.
 
Desconfio até que a tecnologia pode superar o nosso faro humano na busca por alguém que realmente rime com a gente no quesito filhos. Por que quem é que pergunta ao namorado novo em qual escola ele colocaria as crianças? Se ele sabe trocar fraldas? Quem pergunta se ele topa estar no grupo de WhatsApp da classe? No app a gente já resolveria tudo de uma vez para encontra a alma gêmea para criação dos rebentos.
 
Deixa eu sonhar, vai?
 
Nada contra marido, vejam. Acredito na vida a dois, na paixão e no amor infinito enquanto dure. Só não gosto de excluir quem não acredita e, mesmo assim, quer fazer filhos. Olho com desconfiança para esse formato de família que nos foi ensinado como único e claro, tomei duas doses de praticidade hoje.