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Ao beber muito na balada, homens e mulheres se expõem a riscos diferentes

Foram entrevistados 2.422 jovens, com idades entre 21 e 25 anos, frequentadores de baladas em São Paulo - Getty Images
Foram entrevistados 2.422 jovens, com idades entre 21 e 25 anos, frequentadores de baladas em São Paulo Imagem: Getty Images

Do UOL

16/05/2017 10h48

Levantamento feito com 2.422 jovens frequentadores de baladas em São Paulo revelou que homens e mulheres se expõem a riscos diferentes quando bebem muito. Eles ficam mais propensos a fazer uso de drogas ilícitas e a dirigir embriagados. Elas tendem a continuar bebendo e correm maior risco de overdose alcoólica. Além disso, expõem-se a um risco triplicado de sofrer abuso sexual.

A pesquisa foi coordenada pela professora Zila Sanchez, professora do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), e contou com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

As entrevistas foram feitas com jovens entre 21 e 25 anos – 60% homens e 40% mulheres –, que aceitaram participar com a garantia de anonimato. Os participantes foram abordados em 31 estabelecimentos da capital paulista, situados em diferentes bairros e voltados a diferentes classes sociais e estilos musicais.

No dia em que foram entrevistados, 30% dos jovens “baladeiros” deixaram a casa noturna com um nível alcoólico que se enquadra no chamado “binge drinking” (ao menos quatro doses para mulheres e cinco para homens, em um período aproximado de duas horas).

Diversos estudos associam esse padrão de consumo a maior ocorrência de abuso sexual, tentativas de suicídio, sexo desprotegido, gravidez indesejada, infarto, overdose alcoólica, quedas e outros problemas de saúde.

Três etapas

Cada estabelecimento foi visitado por uma equipe de oito pesquisadores uniformizados –seis dedicados a entrevistar voluntários e dois a observar fatores ambientais que poderiam influenciar o consumo de álcool, como temperatura e promoções para a venda de álcool.

A primeira entrevista foi feita ainda na fila de entrada. Os voluntários responderam a questões sobre o perfil sociodemográfico (idade, profissão, escolaridade, renda), a prática do “esquenta” pré-balada (local, tipo de bebida consumida, frequência, gastos), o padrão convencional de uso de álcool (durante a vida e recente) e a experimentação de outras drogas ao longo da vida. Em seguida, foram submetidos ao teste do bafômetro e ganharam uma pulseira numerada para identificação.

Ao final da balada, o teste do bafômetro foi repetido com os mesmos participantes, que também informaram a quantidade de álcool consumida e o dinheiro gasto na casa noturna. No dia seguinte, os entrevistados receberam em seu e-mail um link para um novo questionário, no qual tinham de relatar o que fizeram após deixar a casa noturna.

Dos 1.222 voluntários que concluíram as três etapas de perguntas, 10% disseram não se lembrar do que fizeram depois de sair da balada. Houve quem dissesse ter mantido relação sexual (mas sem saber com quem), ter acordado em um local estranho ou não se lembrar de como havia chegado em casa.