Opinião: Ser expulso de casa por ser LGBT é só o começo
Quando um LGBT é expulso de casa, existe um processo imediatista de se pensar sobrevivência. Como essas pessoas vão comer, onde elas vão morar? A gente também se pergunta como uma família tem coragem de colocar um filho na rua por sua orientação sexual e identidade de gênero.
Passadas essas perguntas iniciais, começamos a olhar com mais profundidade. A expulsão de casa não se dá de uma hora para outra, a partir de uma vivência familiar super saudável e estruturada: é mais um elemento em uma série de violências.
A pessoa LGBT que se vê sem teto passa, além de tudo, a confrontar também todos os seus medos, inseguranças e até a saudade de laços que, por pior que fossem, eram algo.
Quando chegamos em um momento da nossa vida em que a violência é algo que dá saudades, entendemos o quão desesperadora é a situação.
Se a vida ensina a sobreviver, a sociedade não faz o mesmo: cobranças são feitas constantemente, a aceitação não vem, os hospitais e instituições públicas não te atendem, nos centros de acolhida outros moradores e moradoras te agridem. Sem endereço fixo não se consegue escola, muito menos trabalho.
Se você é preto, vem da periferia, tem 18 anos ou pouco menos do que isso, até mesmo transitar pelos centros das cidades é um desafio. Você encara a solidão, mas não a solidão do textão de Facebook, a solidão de uma vida que nem a própria família te ajudou -- ou poderia ajudar.
Mas existe esperança: famílias vão se formando -- mas não dessas de comercial de margarina, menos ainda as que criam obrigações por conta do DNA compartilhado – mas sim aquela de coração, de sorrisos, de fervo e de auxílio. Se por um lado a falta de experiência com a pouca idade assusta, por outro, fazer amigos torna-se mais fácil e os laços com eles, mais estreitos.
No fim, ser expulso de casa é só mais um começo.
*Iran Giusti é produtor de conteúdo, militante e coordena o centro cultural e de acolhida LGBT Casa 1 (www.facebook.com/casaum).
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.