Topo

7 coisas que as pessoas tímidas gostariam que você soubesse

iStock
Imagem: iStock

Heloísa Noronha

Colaboração para o UOL

04/07/2017 04h00

Você já parou para pensar que ao empurrar aquela sua amiga envergonhada para conversar com desconhecidos está apenas reforçando o jeito retraído dela, em vez de contribuir de fato para que ela supere o problema? Descubra, a partir de dicas certeiras e sinceras, como lidar com a timidez alheia:

*Nomes trocados a pedido dos entrevistados

1. A timidez surge na infância

Assim como tantas outras características humanas, a timidez tem a ver com dois fatores básicos: predisposição genética e experiências que a pessoa tem durante a vida, principalmente na primeira infância. Ela surge em situações em que a criança é observada, avaliada ou exposta, como em uma conversa com estranhos ou quando vai fazer algo pela primeira vez. A maneira como ela é tratada pela família também interfere na timidez. Pais que a comparam com irmãos ou amiguinhos, a obrigam a ser extrovertida na frente dos outros e/ou menosprezam sua opinião fazem com que ela se feche ainda mais. Crianças mais reservadas, ansiosas e menos propensas a estabelecer relações sociais correm o risco de interagir menos com a família e os colegas, fixando um comportamento tímido.

2. Não queremos ajuda para socializar

Na opinião da biomédica Helena*, 30, as pessoas tentam ajudar os tímidos a "saírem da toca", mas só conseguem reforçar esse traço e causar constrangimento. "Até entendo o esforço das minhas amigas, mas gostaria que agissem de modo mais natural, que não provocasse tanto embaraço. Quando me apresentam a alguém, por exemplo, já me rotulam como 'a tímida'. Parece que desejam os outros conversem comigo por pena, não por interesse", reclama. De acordo com psicólogos, as amigas de Helena estão 100% equivocadas. É um erro expô-la a situações que causam medo e ansiedade. Tímidos detestam ser expostos e ser motivo de dó.

3. Parem de nos comparar aos outros

Pessoas retraídas costumam detestar a comparação com pessoas extrovertidas e expansivas, como se essas levassem a vida do jeito "certo" e a timidez fosse algo a se envergonhar. Ninguém gosta de ser alvo de julgamento, certo? Pois quem julga inevitavelmente está se colocando em uma posição de superioridade e rebaixando o outro. Tímidos têm muita dificuldade de confrontos e de se defender dos julgamentos e de críticas que humilham e confirmam seus sentimentos de inadequação. Então, nada de usá-las em comparações.

4. Alguns tímidos precisam de tratamento

Há dois tipos de timidez: a situacional e a crônica. A primeira é a que praticamente todo mundo tem em ocasiões específicas, como falar em público. Já a segunda é constante, ou seja, quando se tem dificuldade em quase todas as áreas sociais. E ela pode se tornar um grande problema quando causa sofrimento à pessoa e a impede de atingir seus objetivos sociais, profissionais, familiares ou afetivos. Além de terapia, podem ser prescritos remédios para ajudar a lidar com a ansiedade.

5. É óbvio que podemos nos destacar na vida

Embora a timidez possa parecer um obstáculo rumo a uma carreira de sucesso, principalmente em momentos em que a pessoa precisa defender suas ideias e seu ponto de vista, os experts são unânimes em afirmar que o retraído deixa a timidez de lado quando trabalha com o que gosta, em atividades que fazem com que se sinta bem e que lhe dão segurança. Exemplos famosos: Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, e a atriz Meryl Streep, indicada 20 vezes ao Oscar. "Eu tento compensar a minha maneira de falar retraída em mensagens e relatórios bem escritos e explicados", afirma a gerente de projetos Leda*, 37. Em contrapartida, o excesso de extroversão nem sempre é garantia de êxito, já que pode soar como excesso de autoconfiança e artificialidade.

6. Achamos que prestam muita atenção em nós

Por mais contraditório que pareça, existe na timidez um aspecto narcisista: o tímido acredita que todos o notam o tempo todo. Na cabeça dele, há o pressuposto de que se destaca da maioria das pessoas e que, por isso, todo mundo repara em seu medo, sua vergonha, seus gestos. Portanto, é necessário tentar aceitar que as pessoas geralmente gastam a maior parte de sua energia com elas mesmas -- e que a timidez é uma questão exclusiva de quem a tem, e não dos outros.

7. Mudar depende de nós, não dos outros

Para o universitário Maurício*, 23, assumir a timidez foi uma decisão libertadora. "Antes, eu fingia que não me acanhava em certas situações, o que só acabava chamando a atenção para aquilo que queria disfarçar. Quando entendi o jeito que era, comecei a trabalhar o constrangimento e a ansiedade. Ao agir com naturalidade, sem passar por cima da minha essência, aprendi a lidar melhor com as circunstâncias", conta. A força que as pessoas tanto se empenham em dar ao tímido na verdade está dentro dele mesmo. Só ele pode programar o próprio cérebro, por exemplo, e dizer a si mesmo diariamente que é capaz de enfrentar a vida. Reconhecer as situações que causam aflição também é importante para aprender a relaxar antes de agir, assim como trocar os pensamentos negativos e autodepreciativos e negativos por encorajadores e positivos.

 

Fontes: Ana Paula Magosso Cavaggioni psicóloga e diretora da Clia Psicologia e Educação, de São Paulo (SP); Marcelo Hanftwurzel, psicólogo com especialização em neuropsicologia pelo HC-USP (Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo); Maria de Melo, psicóloga, psicoterapeuta reichiana e autora do livro "A Coragem de Crescer – Sonhos e Histórias para Novos Caminhos" (Ed. Summus), e Rejane Sbrissa, psicóloga, de São Paulo (SP)