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Este vídeo vai mudar tudo o que você pensa sobre o seu clitóris

Le Clitoris - Reprodução/Le Clitoris - Reprodução/Le Clitoris
Imagem: Reprodução/Le Clitoris

Natacha Cortêz

Do UOL

12/07/2017 04h00

"Mulheres são sortudas. Elas têm o único órgão do corpo humano exclusivamente dedicado ao prazer”. Assim começa Le Clitoris (2016), curta-metragem de animação da cineasta franco-canadense Lori Malépart-Traversy, que quer desmistificar tudo o que te contaram até agora sobre a parte da anatomia feminina menos estudada e, também, a mais crucificada.

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Os tabus e equívocos atribuídos ao clitóris são tão antigos quanto seus primeiros registros (Grécia antiga, de acordo com o filme). Nunca nem a ciência nem as religiões ficaram muito à vontade com ele.

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Cena de Le Clitoris
Imagem: Reprodução/Le Clitoris

Na época da caça às bruxas (entre os séculos 15 e 17), um clitóris avantajado era considerado uma marca do Diabo. Diziam ainda que o orgasmo feminino causava histeria e destruía o equilíbrio mental das mulheres. O culpado era o clitóris, por acionar esse "prazer maldito". 

Lori produziu o filme a fim de matar uma vontade antiga: falar de sexualidade feminina através da visão de uma mulher, ou seja, a sua própria. “Quando esse é o assunto, é raro ver na imprensa, na literatura ou no cinema o reflexo do olhar das mulheres. São homens que pensam nelas e as põem no mundo. O problema é que, quando fazem isso, elas vêm cheias de informações falsas. Por isso, meu filme é sobre a história desconhecida, os mitos e tantos equívocos que criamos sobre o clitóris, órgão perseguido pelas sociedades e pouco íntimo de nós mulheres”, diz. 

Meu filme é sobre a história desconhecida, os mitos e os tantos equívocos que criamos sobre o clitóris, órgão perseguido pelas sociedades e pouco íntimo de nós mulheres.

Freud, “o inimigo número 1 do clitóris”

Le Clitoris - Reprodução/Le Clitoris - Reprodução/Le Clitoris
Imagem: Reprodução/Le Clitoris

Para contar a verdadeira história do clitóris e ajudar a corrigir o prejuízo histórico infligido a ele e às suas donas, Lori foi desmistificar as velhas versões. E Le Clitoris passa pelas principais. Começando pela anatomia do órgão: “Como um iceberg, sua maior parte é escondida, duas raízes de 10 cm continuam na vagina”, chegando no que a diretora chama de descobridores.

Sim, descobridores -- nunca descobridoras. “O clitóris tem sido repetidamente descoberto e redescoberto por diferentes homens”, narra Lori na animação. Desde o cirurgião italiano Realdo Colombo, em 1559, que oficialmente deu nome ao órgão, até Sigmund Freud, “inimigo número 1 do clitóris”. Freud, que estabeleceu o conceito de “orgasmo vaginal”, dizia que as mulheres poderiam atingir o orgasmo APENAS através da penetração masculina, nunca estimulando seus corpos e (por que não?), seus clitóris. 

Ali, começava uma onda de obscurantismo sobre o órgão, esquecido e mal representado até os dias de hoje.

Aliás, aqui cabe uma pergunta: como vai a relação com o seu clitóris?

O prazer feminino não deve ser apenas focado em torno do pênis e da penetração. Há outras maneiras de explorar sua sexualidade. Amar e estimular seu clitóris é uma delas.

Sobre a repercussão do filme, que levou até então dez prêmios em festivais, Lori diz que a grande parte das mensagens que recebe são de mulheres, agradecendo a ela por colocar luz em verdades há tanto tempo abafadas. “Meu filme é feminista na forma como encoraja as mulheres a recuperar seu próprios corpos e sexualidade. O prazer feminino não deve ser apenas focado em torno do pênis e da penetração. Há outras maneiras de explorar sua sexualidade. Amar e estimular seu clitóris é uma delas.”