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"Eu e meu marido passamos nossas férias em resorts eróticos"

Swing: Resort no México permite troca de casal - Divulgação/ Casal First Tour
Swing: Resort no México permite troca de casal Imagem: Divulgação/ Casal First Tour

Helena Bertho

Do UOL

22/07/2017 04h00

Lana*, 54, e Nino*, 56, sempre foram um casal conservador. Mas há cinco anos eles sentiram que era hora de apimentar a relação e, desde então, eles passaram a curtir as férias em resorts liberais, onde é permitido nudismo, troca de casais e sexo em público. Quer saber como são esses resorts? Lana conta tudo.

"Quase 30 anos de casados, filhos crescidos, vida tranquila... Eu e meu marido estávamos muito bem, numa calmaria só, quando ele surgiu com a ideia de que a gente fosse em busca de umas coisas 'diferentes' para sair um pouco da rotina. Uma delas era o swing, ou troca de casais.

No começo, fiquei brava e ofendida. Não estava legal comigo? Mas conversamos, pesquisamos muitos meios de esquentar a relação e acabei entendendo que, na verdade, aquilo poderia significar algo bom para nós dois como casal.

Na internet, descobrimos que existiam resorts liberais e isso atiçou minha curiosidade: poderíamos viajar para uma paisagem linda e ainda conhecer todo um universo sexual novo. Decidimos ir para um em Cancun naquele ano mesmo, com o combinado de só fazer o que nos parecesse confortável."

"Se lá eu ficaria sem roupa, o que levar na mala?"

"Tiramos uma semana de férias e dividimos: metade no resort e outra metade em um hotel comum. Assim, se não gostássemos, as férias não seriam perdidas. Enquanto Nino estava animado, eu estava bem receosa, com medo do que encontraria. Por isso, reservamos já aqui do Brasil um transfer do próprio resort para nos pegar no aeroporto, não queria cruzar com ninguém no caminho.

Fazer a mala foi outro desafio: se lá eu poderia ficar sem roupa, o que levar? Investi bastante em lingeries, já que era provável que eu usasse mais. Fora que, se o que eu vestiria seriam poucas peças, o ideal era não repetir nem os sapatos. O resultado é que terminei com uma mala maior do que as que normalmente faço.

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E com ela em mãos e muita ansiedade no peito parti com meu marido rumo ao México.

Uma van nos buscou no aeroporto e fomos só os dois, discretamente, até o resort. Chegando lá, por fora parecia apenas um hotel comum, impressão que se repetiu ao entrar na recepção. No fundo, eu esperava encontrar já pessoas peladas e tinha bastante medo disso. Mas não: os funcionários estavam vestidos e, enquanto faziam nosso cadastro, nos serviram champagne e nos receberam muito bem.

Na segunda parte da recepção havia uma parede de vidro, através da qual dava para ver a piscina e lá havia gente sem roupa, o que me fez ficar vermelha só de olhar. Mas encarar isso era o próximo passo: primeiro subimos para o quarto e desfizemos a mala."

"Tive receio que as mulheres fossem mais bonitas que eu"

"Tinha muitos bloqueios em relação ao meu corpo. E se as outras mulheres fossem todas mais bonitas que eu? E se a piscina estivesse cheia de 'Giseles' nuas? E se meu marido só olhasse para as outras e esquecesse de mim?

Ainda bem que a regra lá é o conforto e a escolha: você não é obrigada a fazer nada. Se quiser tirar a roupa, tira. Se quiser transar, transa. Mas se não quiser, tudo bem. E naquele primeiro dia, preferi sair de biquíni." 

A noite nos resorts conta com festas temáticas e espaços para "ver e ser visto". - Divulgação/ Casal First Tour - Divulgação/ Casal First Tour
A noite nos resorts conta com festas temáticas e espaços para "ver e ser visto".
Imagem: Divulgação/ Casal First Tour
"Tem áreas específica para sexo"

"Já no segundo dia, superei a vergonha e curti o dia sem a parte de cima, para no outro criar coragem para ir sem nada. Tomar sol, nadar, conhecer pessoas na praia ou na piscina, com todo mundo sem roupa mudou a forma como eu via a situação. Antes, achava que se saísse pelada, estaria dizendo 'estou aqui para tudo' e seria atacada. Mas não, as pessoas estavam simplesmente curtindo dias de sol, sem roupa.

Inclusive, existiam áreas específicas para quem quisesse transar. A piscina era só para a paquera e o descanso, mas em outro lugar havia uma jacuzzi onde podia tudo.  

Eu e Nino estávamos tímidos, curtimos a paisagem, o conforto e a liberdade mais no papel de observadores, entendendo como tudo funcionava e tentando nos adaptar."

"Não participamos das trocas, só observamos"

"À noite, rolavam festas temáticas do resort. Começavam com um show ou apresentação sensual, para animar o pessoal, e depois tinha bandas, atrações e música. Teve festa brasileira com roda de samba e uma com o tema Las Vegas, com direito a mesas de jogos.

Além do salão principal, onde as pessoas bebem, dançam, se divertem e flertam, existem os playrooms. São salas preparadas para quem quer curtir de outras formas. Tem sala para quem quer fazer troca, outras com janelas para quem quer ver ou ser visto.

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Na primeira noite, nós somente demos uma olhada. E só de ver os outros casais ali ficamos animados. Voltamos para o quarto e nos curtimos sozinhos. Na outra, ficamos ali no playroom um tempo, nos pegando. Mas quando o tesão ficou demais, voltamos para o quarto.

No fim das contas, essa primeira viagem foi muito mais de observação. Serviu para entender que meu marido não estava desesperado por outras nem tinha deixado de me amar, e também para quebrar meus tabus em relação a esse tipo de lugar. Saí de lá sabendo que não era essa coisa de "ninguém é de ninguém" e que existem regras e, principalmente, respeito."

"O primeiro swing foi numa pousada no Brasil"

"Apesar de não ter entrado na brincadeira das trocas, a gente gostou demais da experiência. Tanto que decidimos fazer uma viagem do tipo todo ano!

A segunda acabou sendo aqui no Brasil, em Búzios. Fomos para uma pousada com a mesma lógica do resort. Foi bem parecido, mas era muito menos gente e todo mundo falando português, o que ajudou para que ficássemos mais à vontade. Assim, fomos seguindo nossas vontades e fizemos a troca de casais pela primeira vez.

Foi desafiador, pois precisei colocar de lado todas as minhas inseguranças e me soltar. Eu não sabia se olhava para o meu marido ou para o outro cara, se pegava aqui ou lá. Era muita coisa. O que consegui com ajuda de uma taça de prosecco, para ficar mais solta e aproveitar. E no fim das contas, foi muito bom."

"O que acontece no resort fica no resort"

"Depois ainda fizemos mais duas viagens. Fomos para mais um resort em Cancun e também fizemos um cruzeiro liberal pela Europa. As duas experiências são incríveis. Mas o Cruzeiro é muito mais para passear e conhecer lugares, enquanto no resort a graça está mesmo em curtir o ambiente e o clima.

A gente gosta muito dessa coisa de poder ir para a praia sem vestir nada, namorar no mar, com uma paisagem exuberante ao fundo. E tem também toda a coisa do clima, que é a parte que mais gosto. Você tem a oportunidade de ver e ser visto, mas não necessariamente ser tocada. Tem toda uma brincadeira, um jogo de sedução... Mesmo quando não fazemos a troca, isso fica na cabeça. A gente sai daquele clima gostoso, vai para o quarto e, nossa!

Quando rola a troca, também temos regras. A principal é de nunca ir para a brincadeira em número ímpar, assim ninguém sobra. Também só realizamos as fantasias se os dois estão a fim. E nosso combinado é que tudo termina ali. Temos um desejo, fazemos e acabou. Depois somos só nós dois, um casal.

Chegar nisso tudo mudou muita coisa em nós. Eu fiquei muito mais confiante e segura de mim, perdi o medo de que meu marido me troque por aí. O que também tem a ver com o fato de que começamos a conversar muito mais e a ser mais sinceros sobre nossos desejos, ficando claro que podemos ter fantasias, mas isso não impede nosso amor. No fim das contas, essas viagens só fortaleceram nossa relação e pretendemos fazer muitas outras."

*Nomes fictícios para preservar a identidade dos entrevistados. 

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