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Assédio moral: 9 situações no trabalho para ficar alerta e como encará-las

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Imagem: iStock

Mariana Bueno

Colaboração para o UOL

30/07/2017 04h00

As brincadeiras no ambiente de trabalho são comuns e podem ajudar a deixar o dia a dia mais leve e descontraído. Mas, às vezes, pode ter consequências mais graves. É o chamado assédio moral. Veja dicas para identificar se isso está acontecendo e saiba como lidar com a situação:

1. É só brincadeira?

Brincadeira tem humor sadio e diverte as duas pessoas. Já o assédio tem abordagem intimidadora, normalmente com o objetivo de diminuir a pessoa e também destruir sua autoestima e confiança. “Quando o humor é caracterizado por um tipo de sarcasmo que provoca divertimento apenas em quem o faz, fazendo com o que em quem o recebe se sinta coagido ou constrangido, corresponde à linha tênue utilizada para identificar a diferença entre a brincadeira e o assédio moral”, explica o especialista em comportamento e desenvolvimento humano Scher Soares.

2. A situação te incomoda?

Para a gestora empresarial Andrea Deis, o principal ponto é perceber quando começa a incomodar. Isso é diferente para cada pessoa, portanto, não há regra. “A forma de identificar assédio é o desconforto que isso te gera. Se alguém falou algo ou teve um comportamento que te deixou desconfortável, se te desqualificou, te expôs de forma negativa ou ofensiva, gerou algum dano à integridade de seus valores, então pode estar virando assédio. Tem que estar alerta e se blindar contra isso”, afirma.

3. Falta vontade de trabalhar?

Muitas vezes o ambiente fica insalubre e cruel, e a vontade de ir para o trabalho desaparece. Nesse caso, repense sua situação na empresa, avaliando se a tendência é continuar como está, melhorar ou piorar. “Se for ficar do que jeito que está ou piorar, vale iniciar um plano de mudança. Sei que é difícil e gera medo, mas é preciso coragem”, diz Scher Soares.

4. Está rendendo menos?

O assédio muitas vezes resulta em queda no rendimento. “As situações vão deixando a pessoa pensar que não sabe fazer bem feito o que ela sempre fez. Isso mexe com as convicções e gera falta de vontade. Então começa a produzir menos. E, nesse caso, mesmo quando percebe que há assédio, vem o medo de falar e perder o emprego. Então a pessoa se convence de que é melhor ficar quieta e aceitar. Isso causa um dano silencioso, que pode levar à depressão e síndrome do pânico”, pontua Andrea.

5. Os superiores têm atitudes desagradáveis?

Observar a forma como os superiores agem em relação aos funcionários também ajuda a identificar o problema. Scher explica que o assédio se dá por meio de artimanhas extremamente elaboradas por quem tem capacidade técnica e estratégica de manipulação, e normalmente usa situações de poder ou relacionamentos privilegiados para lançar algum tipo de coerção.

6. Sofre com o machismo?

Por causa do machismo ou do poder que, muitas vezes, um homem tem no comando, a vulnerabilidade feminina acaba sendo maior. “A mulher tem mais força interior, o que faz com que ela suporte e resista mais. Por isso, ela se cala mais, e também por medo de perder o emprego ou pela autopreservação, diante de uma figura de poder. Sabemos que, muitas vezes, a corda arrebenta do lado mais fraco. Então ela acaba não tratando o assunto como deveria, fazendo com que às vezes transcenda qualquer limite do absurdo”, afirma Scher.

7. Tem vergonha de falar sobre o assunto?

Quando é brincadeira, não existe problema em contar para os outros e compartilhar as situações. Mas quando é algo que constrange, surge também o receio de dizer a alguém e ser desacreditada. Essa dúvida já é sinal de assédio. “O medo do que o outro vai pensar, do julgamento, de acharem que a pessoa permitiu que as coisas chegassem àquele ponto... Tudo isso impede de se defender, e a vítima acaba assumindo o que ouviu como verdade. Mas é importante neutralizar esse sentimento e não deixar que domine a vida. Se abrir com alguém de confiança pode ajudar”, explica Andrea.

8. Há sintomas físicos ou psicológicos?

Na medida em que a pessoa vai aturando a situação, está se corrompendo e tem a autoestima e a autoimagem destruídas. Isso faz com que comece a se sentir mal, inclusive com ela mesma, por estar se submetendo àquilo. “Tudo isso faz com vá perdendo energia vital, chegando ao estresse crônico, causando até redução da imunidade e fazendo com que fique vulnerável a todas as outras doenças, como infecções. Fora as questões psicossomáticas que têm relação com depressão e podem gerar problemas sérios”, aponta Scher.

9. Fique calma. É preciso ter resiliência!

Mesmo que, a princípio, não seja possível solucionar o problema, é preciso ter resiliência para passar por ele da melhor forma. Muitas vezes são casos pelos quais todo mundo passou, passa ou passará em algum momento. Segundo Scher Soares, isso também é importante para aprender a lidar, sem passar a responsabilidade para o outro, para empresa ou para o meio. “Se estiver insatisfeita, a primeira coisa é colocar limites, alinhar expectativas e estabelecer boas regras de relacionamento, determinando o que gosta ou não, o que é saudável ou não é”, recomenda.