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71% das publicitárias do Nordeste já sofreram assédio, alerta campanha

Cartazes da campanha "Esse case é foda" - Montagem/Divulgação
Cartazes da campanha "Esse case é foda" Imagem: Montagem/Divulgação

Denise de Almeida

Do UOL

25/08/2017 21h26

Ouvir cantada, encarar piadas machistas e até vestir-se para atrair a atenção de clientes homens. O setor de publicidade, visto muitas vezes como um ambiente moderno e descolado, pode ser muito cruel se você for mulher.

Um grupo de publicitárias do Nordeste fez um levantamento com 200 profissionais dos nove estados da região e descobriu que 71% delas já haviam sido vítimas de assédio no trabalho.

Os resultados da pesquisa, organizada pela agência TagZag, deram origem à campanha "Esse case é foda", cujo lançamento aproveita para lembrar o Dia Mundial da Igualdade Feminina, comemorado em 26 de agosto.

 

Vídeos e um site expõem os números e parte dos depoimentos recebidos, destacando que 39% das mulheres já tiveram que usar roupas para agradar clientes ou chefes e 54% delas foram humilhadas no trabalho por serem mulheres. Cartazes também foram enviados a agências de publicidade da região.

"Por estarmos em um ambiente descolado, muito assédio é feito em tom de brincadeira, e é esperado das meninas que 'entendam' que é brincadeira, senão somos nós que não temos senso de humor, ou acabamos ficando excluídas da galera 'descolada'", conta Carol Crozara, head of digital da TagZag.

Uma das desenvolvedoras da ação, Carol conta que o que mais a impressionou foram os depoimentos recebidos. "Veio muita coisa triste. Li meninas falando que nunca haviam se atentado para o tanto de assédio que sofriam até responderem a pesquisa".

Para Carol, a melhor forma de mudar essa realidade é discutir o tema. "O assédio não pode ficar como algo velado, é necessário falar, apontar, debater. Uma mulher tem que ajudar a outra e os homens que querem colaborar precisam ouvir e dar o protagonismo da voz para quem passa por isso. Afinal, se 71% das mulheres de agências do Nordeste já foram assediadas, tem bastante gente assediando, né?", questiona.