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Segredos entre casais: o que você deveria esconder do seu parceiro

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Imagem: Getty Images

Claudia Dias

Colaboração para o UOL

14/10/2017 04h00

Responda com sinceridade: sua vida é um livro aberto ou existem algumas páginas coladas para que outras pessoas não conheçam trechos da sua biografia? Pois é. A maioria de nós tem uma ou outra história que quer esconder, inclusive de quem convive com a gente todo santo dia, em um relacionamento.

Mas isso não é de todo mal. Quando se trata do que é particular de cada lado do casal, pode até se revelar como sendo algo positivo. "Temos que entender que, em uma relação, existe uma individualidade. A dinâmica deve ser como um triângulo, com as duas pessoas no topo e cada uma delas em uma ponta", ilustra André Assunção, psicólogo do Hapvida Saúde.

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Fatos que criam um ponto de desequilíbrio e insegurança, como experiências amorosas anteriores, não precisam ser detalhados. E isso não significa que você está enganando seu par. Roberto Debski, psicólogo e diretor da Ser Integral, reforça que todos têm direito à privacidade, mesmo dentro de uma relação. "É diferente de mentir, que tem a ver com trair a confiança do outro e, sim, de ter espaço para o que é individual", opina.

Como saber se é ok não contar para o parceiro algo que aconteceu ou uma situação que está vivendo? Luiz Francisco, psicólogo e professor da Fadisp, argumenta que o bom senso individual é que vai definir os limites de um segredo. "Se tem uma opinião, impressão ou experiência que não tenha gravidade, essa informação pode ser omitida", comenta.

O importante, na opinião de André Assunção, é você se sentir bem com a confidência que guarda, sem prejudicar o outro ou o relacionamento. "Mas quando se sentir à vontade para falar, tiver abertura ou perceber que aquilo pode ser acolhido pela outra pessoa, sem julgamento, acredito que fique muito melhor para você se abrir e contar essa questão", recomenda André.

A sete chaves

Se você tem seus segredos que prefere não revelar ao parceiro, saiba que não está só. Tem muita gente nessa mesma situação, que prefere guardar para si os mais diferentes assuntos:

. Paquera no trabalho: a gerente Luana* teve uma relação rápida com um colega da empresa. "Tinha o maior tesão pelo cara, mas sabia que era só atração física. Pra quê gerar uma crise no meu casamento por isso? Matei a vontade e pronto!", justifica.

. Apps de encontro: Joana*, advogada, ama o noivo e está com casamento marcado. Mas sente que ainda não experimentou tudo o que tem vontade. Por isso, mantém perfil (discretíssimo) em aplicativos tipo Tinder. Vez ou outra, quando identifica um cara interessante, não tem dúvida de partir para o encontro pessoal. "Até o dia do casamento, pretendo seguir assim", diz. 

. Brinquedinhos: a telemarketing Monique* tem um bom esconderijo em casa para que o noivo nunca encontre seus dois vibradores. "Escondo porque gosto de usar, quero ter meu momento, e tenho receio de ele ficar meio grilado ou pensar que não me satisfaz. Mas sei que um dia teremos que falar sobre isso", admite.

. Sites pornôs: Carlos*, administrador, omite da mulher seu hábito de visitar (e gastar dinheiro com) endereços na web de conteúdo pornográfico, principalmente sites de camgirls. "Não quero que ela descubra e isso gere uma crise na relação. Prefiro guardar só pra mim", argumenta.

. Compras desnecessárias: várias vezes a blogueira Le Takamura precisou esconder do marido suas sacolas cheias. Ela costuma camuflar as embalagens no porta-malas do carro e no closet da filha. Também coleciona histórias engraçadas ao ser descoberta pelo esposo. "No fundo, ele sabe. Finge que não vê para não perder a graça", comenta.

. Salário: o marido da administradora Carla Cristina* desconhece o quanto ela recebe por mês. "Ele queria que eu pagasse várias contas e eu nunca podia comprar nada para mim. Então prefiro não revelar quanto estou ganhando para ter minhas coisas, sem dar satisfação", fala.

. Conversas com o ex: Karen*, publicitária, esconde do marido que ainda mantém contato com seu relacionamento anterior. O ciúme do atual parceiro é o motivo. "Não temos mais nada mas, para não magoá-lo, não comento quando o encontro e conversamos", explica.

. Gastos supérfluos: o consultor Rodrigo* não conta à esposa tudo o que tem desembolsado para reformar seu jipe, sua maior diversão. "Como não são gastos essenciais, ela implica. Aí não conto o valor exato que gastei", resume.

. Casa de swing: a parceira de Renato* nunca aceitou visitar uma casa em que os casais fazem trocas na hora do sexo. "Mas eu morria de vontade de conhecer. Numa noite, depois de um bar, eu e uns amigos solteiros fomos numa casa para saber como era. Foi legal a experiência, matei minha curiosidade e ela nunca soube", revela o bancário.

. O que faz/ pensa: há quem opte por segredos simplesmente para reforçar sua individualidade. "Não gosto de falar sobre tudo que faço ou penso. Então faço muita coisa que, às vezes, não tem importância nenhuma, mas 'faço escondido' só para não dar satisfação", justifica Larissa*, engenheira.

* Os nomes foram alterados a pedido dos entrevistados.