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Os prós e contras de ser um chefe "gente boa"

Por um lado pode parecer maravilhoso ser querido pelo seu time, mas por outro, existem os impactos negativos da camaradagem - Getty Images
Por um lado pode parecer maravilhoso ser querido pelo seu time, mas por outro, existem os impactos negativos da camaradagem Imagem: Getty Images

Carolina Prado e Gabriela Guimarães

Colaboração para o UOL

31/10/2017 04h00

A figura do líder autoritário já foi comum. Muitas empresas eram comandadas por pessoas que exerciam modelos de liderança centralizadores e rígidos. Mas os tempos são outros e os gestores também. O chefe gente boa é o cara mais próximo da equipe, que gosta de agradar quem trabalha ao seu lado e manter as pessoas felizes no dia a dia. Mas se por um lado parece maravilhoso ser querido pelo seu time, por outro, existem impactos negativos da camaradagem. Veja quais são:

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Contras

Pega para si as tarefas que deveria delegar

Ele pode fazer isso por diferentes razões, como aliviar a equipe ou até para mostrar que é um chefe que “põe a mão na massa”. Contudo, quanto mais o líder assumir tarefas dos seus liderados, menos tempo ele tem para desenvolver a equipe – e maiores são as chances de ficar estressado. O chefe deve dar o exemplo, mas também autonomia para que a equipe experimente as tarefas, aprendendo com os erros e crescendo com os acertos.

Nem sempre é bem visto pelos clientes ou pela empresa

Às vezes, um chefe que tenta ser camarada pode não levar seu time a grandes desafios. Porque protege a equipe de maneira excessiva. E a imagem que passa para quem está fora do time, pode ser a de alguém que não age com a energia diante de um profissional mais fraco.

Passa a mão na cabeça por saber da vida pessoal do funcionário

Ao ter contato com um problema pessoal de um colaborador, este chefe pode tomar suas dores, em vez de orientar. O ideal não é resolver o problema, mas ajudar a pessoa a encontrar o caminho para obter ajuda. Não dá para ‘pegar no colo’, isso só se faz com filho. A relação profissional é diferente.

As críticas que dá não são bem recebidas

Uma das grandes dificuldades em ser um líder assim é que os funcionários nem sempre estão preparados para ouvir algo negativo dele, mesmo que necessário. Só que dar feedback e desenvolver alguém não se faz dizendo o que o outro quer ouvir, mas, o que precisa ouvir para crescer.

Prós

É conectado com a equipe

A base de qualquer relacionamento é a conexão, sem isso é complicado buscar resultados. Criar conexões sólidas gera confiança, dizem os especialistas. A confiança não fecha negócio, mas, sem ela, é muito difícil começar uma negociação.

Sabe dar feedback

O chefe gente boa enxerga o que a equipe está fazendo de positivo e reconhece, o que ajuda o time a crescer mais. Ele também não costuma trabalhar com respostas prontas e críticas objetivas, indica os liderados a encontrar repostas em si mesmo, assim como um coach.

Dá autonomia para a equipe

Deixar que as pessoas atuem com liberdade em determinados momentos potencializa as competências individuais. É também uma maneira de dar à equipe o que os americanos chamam de ‘ownership’, que é dar a sensação de propriedade, de ser dono do negócio que está tocando, o que aumenta a responsabilidade e o comprometimento.

Enxerga no que cada funcionário é bom

As pessoas não são boas em tudo e o gestor gente boa sabe disso. Mas ele consegue potencializar as qualidades, fazendo até com que o funcionário se torne referência naquilo. Segundo os especialistas, o bom líder empodera as pessoas, permite que os talentos sejam explorados e, ao mesmo tempo, consegue harmonizar para que não haja disputa dentro da equipe.

Ele sabe o que cada um faz

Como está mais próximo dos liderados, este chefe tem a chance de acompanhar de perto o desenvolvimento do trabalho. Assim, consegue reunir um número maior de informações para construir estratégias que beneficiarão a todos.


FONTES: Alexandre Lacava, autor do livro "7 passos para ser um líder de vendas" (Editora Gente). Alexandre Slivnik, diretor geral do Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento. Luciano Salamacha, professor de gestão e estratégia da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Marco Ornellas, psicólogo e membro do International Coaching Federation.