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Quando é o momento de apresentar os filhos para um novo amor?

Momento certo e conversa franca ajudam na hora de apresentar o novo par aos filhos - Getty Images
Momento certo e conversa franca ajudam na hora de apresentar o novo par aos filhos Imagem: Getty Images

Carolina Prado e Gabriela Guimarães

Colaboração para o UOL

01/12/2017 04h00

O "que seja eterno enquanto dure" é o novo "felizes para sempre". Ao fim de um casamento, nada mais natural do que seguir o baile e procurar uma nova oportunidade de ser feliz. Porém, quando existem filhos, é mais delicado assumir o novo namorado ou namorada. As inseguranças, o medo de perdas ou ciúmes, nem sempre explícitos por parte dos pequenos, são comuns e é o adulto quem precisa saber lidar com isso.

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Conversa casual

Desde a separação, é bom mencionar, vez ou outra, sobre a possibilidade de mamãe ou papai encontrar um novo amor. É para quando a ocasião surgir, a notícia não ser tão surpreendente. É também uma tentativa de evitar birras, narizes torcidos ou qualquer outro tipo de manifestação negativa. A psicóloga Patrícia Bernadete, 44 anos, conta que o encontro de seu namorado com seus filhos, de 11 e 18 anos, aconteceu sem problemas: "Tínhamos apenas dois meses de relacionamento quando o apresentei aos meus filhos. Antes, porém, eu já falava para eles que os amores e relacionamentos são distintos e que jamais alguém ocuparia o lugar deles em minha vida, mas que eu tinha o direito de tentar ser feliz novamente no amor. Com o mais novo foi tranquilo. O mais velho, no início, mostrou-se um pouco enciumado, mas depois ficou tudo bem".

Segurança no relacionamento

Melhor não se precipitar para inserir o novo amor na família. "Um cuidado essencial é o adulto estar se sentindo seguro na relação para depois dar a notícia aos filhos", diz a psicóloga Elaine de Cássia Gonçalves dos Reis. Assim, as crianças também ficarão mais seguras frente a um novo arranjo familiar. "Os pais não vão querer que a criança crie o vínculo e logo após o relacionamento acabe. Porque ela pode ficar angustiada com a mudança rápida e temer qualquer situação nova", diz o psicólogo Rafael Oliveira Gomes da Silva.

Nem pouco tempo, nem muito

Por outro lado, esperar demais é arriscado. A criança pode descobrir sobre a relação de outras formas e não saber lidar com a novidade. A psicóloga Camila Basso, 38 anos, parece ter acertado no momento de dar a notícia ao filho Enzo, na época, com 6 anos. "Namorávamos há dois meses. No primeiro encontro, ele só era um amigo da mamãe. E foi assim até que Enzo perguntou se estávamos namorando. Eu disse que 'sim' e tudo bem. Também não me preocupo com o futuro. Se acontecer um término, meu filho vai aprender que isso faz parte da vida e dos relacionamentos".

Aviso prévio

A psicóloga Avany Cardoso Leal sugere ter uma conversa com a criança antes da apresentação. A abordagem será diferente de acordo com a faixa etária. "Uma criança de 2 anos ou menos não entenderá se falarmos de namoro. Nessa faixa etária, as atitudes dos adultos junto com as mudanças vivenciadas pela criança explicarão por si só a situação. Já para os maiores, os pais devem explicar, de forma simples e clara, o que está acontecendo e quais as mudanças que poderão ocorrer com o novo cenário", diz.

O primeiro encontro

Evite grandes eventos para a apresentação do novo par, dizem os especialistas. "O mais indicado é que seja um programa de família, algo próximo da rotina dos filhos. Um almoço, um passeio com as crianças, por exemplo", cita a psicóloga Adriana Cabana do Prontobaby - Hospital da Criança. Seria bom também fazer um programa em que se tenha um equilíbrio entre as preferências de cada um. Em um jantar formal talvez não role uma mínima aproximação entre as partes. Da mesma maneira que a área de lazer de um shopping, com muito barulho e cheio de outras crianças, também não é o local ideal.

Resistência é normal

A aceitação de alguém que está chegando na família vai depender da relação que todos os adultos mantêm entre si e com as crianças. Se os maiores começarem a criticar ou interferir no namoro, é preciso paciência. Não se assuste se a célebre frase "você não manda em mim porque não é meu pai (ou minha mãe)" aparecer vez ou outra. Esse é o momento para reafirmar que os filhos terão sempre um lugar garantido no coração de todos. "Quando minha filha disse isso ao meu namorado, aproveitei para explicar que ela tinha razão, mas que ele a amava tanto quanto o pai dela. Expliquei que só permiti que ele entrasse em nossas vidas porque sabia que seria assim, pois eu não conseguiria ser feliz se ela também não fosse", conta Ceiliane Chaves Alves Dantas, 27 anos, esteticista, mãe de uma menina de 10 anos.