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Como tirar de letra palpites inconvenientes no Natal em família

Getty Images
Imagem: Getty Images

Heloisa Noronha

Colaboração para o UOL

11/12/2017 04h00

Todo mundo tem parentes que não poupam saliva nem indiscrição na hora de tecer comentários sobre a vida alheia. E, obviamente, não são poucos os que aproveitam as confraternizações de dezembro para mandar perguntas e palpites indiscretos sobre os mais diversos assuntos: seu estado civil, seu salário, o valor da mensalidade da escola das crianças, seu peso, se você pretende ou não ter filhos, se pretende morrer sem ostentar uma aliança no dedo, de onde tira dinheiro para pagar as coisas que gosta de comprar, etc., etc., etc.

A lista, assim como a curiosidade de alguns familiares, é infinita. Em vez de se irritar, engasgar com o peru ou iniciar um barraco desnecessário que vai estragar a noite de todos, que tal tentar fazer diferente esse ano e encarar as coisas sob outra perspectiva? Inspire-se nesses passos:

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Antes de mais nada, cheque os seus limites

Reuniões familiares deveriam ser sempre agradáveis, calorosas, repletas de lembranças felizes e conversas amistosas. Se você já sabe que o encontro de Natal ou de Ano Novo com os seus parentes vai passar bem longe disso, pergunte-se: até que ponto valerá a pena comparecer? Você tem disposição suficiente para encarar? Se for difícil demais, melhor arrumar outro compromisso e deixar para encontrar aqueles com quem se dá melhor no dia seguinte ou numa outra oportunidade. E caso decida ir e o clima pesar, lembre-se que nada pode obrigá-lo(a) a ficar onde não se sente bem. Não se force a estar onde não é bom.

Entenda que o problema não é você, e sim os outros

Alguns parentes aproveitam o fato de já conhecerem os seus pontos fracos para atacar sem dó nem piedade. “Segure a onda e lembre-se do velho ditado: as árvores que dão bons frutos são as que mais recebem pedrada. Quem te machuca tem um motivo, mesmo que não se dê conta disso: pode ser inveja, ciúme, por achar que sua vida é melhor, que você tem sorte ou até mesmo por pura maldade, porque as pessoas, mesmo as da família, são assim”, diz Mônica Bayeh, psicóloga clínica e psicoterapeuta, do Rio de Janeiro (RJ). Seja superior, sorria e não dê prazer ao “inimigo” ao entrar na mesma vibe que ele.

Reveja suas questões e suas feridas

Por outro lado, em algumas circunstâncias o problema pode ser mesmo você, sim. Avalie: por que o comentário fere tanto? O que a pessoa fala é mentira? Se for, não há motivo para se incomodar. Porém, se corresponder à realidade, entenda que o que machuca não é a atitude do outro de cutucar a ferida: é a própria ferida que dói, e dó muito. Em vez de se voltar contra o familiar, aproveite o incômodo para repensar a vida e rever o que está mal resolvido dentro de si. E atenção: nem sempre quem pergunta quer seu mal. “O que a gente não enxerga, os outros podem ver claramente. Escute, pode valer a pena”, indica Mônica.

Tenha paciência com os mais velhos

Acredite: o conceito de invasão de privacidade provavelmente não foi algo colocado em prática na infância ou na juventude da sua avó ou daquele tio septuagenário. “Algumas pessoas mais velhas já têm enraizado o hábito de fazer perguntas inconvenientes e se ofendem se não respondemos”, comenta a psicóloga Ellen Moraes Senra, especialista em terapia cognitivo-comportamental, do Rio de Janeiro (RJ). “Isso acaba gerando um grande mal-estar. Se alguém idoso agir assim com você, tenha paciência: responda de uma maneira educada e siga em frente”, sugere.

Não se obrigue a responder coisa alguma

Segundo a psicóloga Naiara O. Mariotto, de Araraquara (SP), fomos acostumados na infância a nunca deixar de responder a uma pergunta. “Se a resposta que iríamos dar fosse algo comprometedor, poderíamos tentar escapar com alguma ‘mentirinha’, mas deixar de responder jamais! Por isso, na fase adulta, acabamos confundindo o não responder com falta de educação”, explica. Porém, hoje você é quem escolhe se quer ou não falar sobre certas coisas, seja lá com quem for. “Você não tem a obrigação de responder tudo o que questionam. Quando não souber o que dizer, dar a resposta em formato de outra pergunta de volta à pessoa pode ajudar a escapar da situação”, aconselha.

Não bata de frente; desvie

 “Ignore ou mude de assunto se perceber que a pessoa não vale o seu desconforto, seja porque você não tem um grau de intimidade com a mesma ou porque tem intimidade em demasia e sabe que responder de maneira ríspida não fará a menor diferença”, afirma Ellen, que diz ainda que, se houver maldade por trás da pergunta, retrucar com ironia é uma boa saída. “Comentários tóxicos são uma pegadinha, mas nem todo ataque deve ser revidado, porque às vezes a pessoa quer armar um climão. Faça de conta que não entendeu, banque o demente, dê uma meia gargalhada, puxe assunto com quem estiver do lado... Pense bem antes de reagir, pois no ano que vem vocês estarão juntos de novo”, fala Mônica, que também sugere: “Não seja você o algoz. Não machuque de volta nem se conecte com a raiva. Use essa pessoa como modelo do que não se deve ser.”