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Paola Machado

Idoso pode fazer exercício funcional? Sim, e treino traz muitos benefícios

Paola Machado

24/03/2019 04h00

Crédito: iStock

O envelhecimento gera uma série de modificações fisiológicas que se manifestam, principalmente, na perda da capacidade de adaptação e diminuição da funcionalidade do corpo.

As alterações repercutem na mobilidade dos idosos. A mobilidade física engloba vários componentes como agilidade, velocidade e equilíbrio.

Outras capacidades físicas que agem de maneira direta na mobilidade física são a força muscular e a flexibilidade. A redução da força muscular é responsável por uma deterioração na mobilidade e na capacidade funcional do indivíduo. Já a flexibilidade está intimamente relacionada à mobilidade, visto que pode ser definida como amplitude de movimentos disponíveis em uma articulação ou conjunto de articulações.

Níveis adequados de força muscular e flexibilidade, dentre outros fatores, são determinantes para a eficácia na mobilidade dos idosos e, consequentemente, na melhora da execução dos diferentes movimentos envolvidos na realização das atividades da vida diária.

O treinamento funcional tem como objetivo melhorar capacidades necessárias para simples movimentos do dia a dia. Por este motivo, são indicados exercícios que estimulam os receptores proprioceptivos presentes no corpo, estimulando os sistemas de controle motor, favorecendo a melhoria dos mecanismos de propriocepção, a diminuição dos desequilíbrios musculares, a incidência de lesões e aumento da eficiência dos movimentos.

Dessa forma, essa atividade tem atraído, cada vez mais, o público de terceira idade, pois usa exercícios diversificados e específicos, visando o treinamento global do corpo humano e preparando-o para os movimentos da vida diária.

As recomendações de atividade física durante o envelhecimento são semelhantes às preconizadas para adultos saudáveis, incluindo exercícios que contemplem a capacidade cardiorrespiratória, a flexibilidade e a força em suas diversas manifestações. Trabalhos de equilíbrio também devem ser enfatizados, tendo em vista a diminuição dessa capacidade com o envelhecimento.

O treinamento de força e suas diversas manifestações, no público idoso, tem se mostrado um meio eficiente para promover melhora de muitas das capacidades citadas. Esses benefícios repercutem de maneira positiva na autonomia funcional, favorecendo o desempenho nas atividades cotidianas tais como:

  • Aumento da massa magra.
  • Melhora do perfil lipídico — colesterol e triglicerídeos.
  • Redução do peso corporal.
  • Aumento do VO2 Max — capacidade cardiorrespiratória.
  • Melhor controle da glicemia.
  • Melhor controle da pressão arterial de repouso.
  • Melhora do equilíbrio e da marcha.
  • Menor dependência para realização de atividades diárias.
  • Melhora da autoestima e da confiança.
  • Significativa melhora da qualidade de vida.

Quando bem planejado, vimos que o treinamento funcional é uma ferramenta recomendada como parte de uma estratégia para melhoria da qualidade de vida da população idosa e um profissional qualificado em educação física fará toda a diferença.

Referências:
– Teixeira,Cauê V. La Scala. Musculação –perguntas e respostas: as 50dúvidas mais freqüentes nas academiasCauê V. La Scala, Dilmar Pinto Guedes Junior. –São Paulo: Phorte, 2010.
– Carvalho J, Soares JMC. Envelhecimento e força muscular: uma breve revisão. Revista Brasileira de Ciências do Desporto 2004; 4(3): 79-93.
– Mazo GV, Lopes MA, Benedetti TB. Atividade física e o idoso: concepção gerontológica. Porto Alegre: Sulina 2001; 236p.
– Matsudo SM, Matsudo VKR, Barros Neto TL, Araújo TL. Evolução do perfil neuromotor e capacidade funcional de mulheres fisicamente ativas de acordo com a idade cronológica. Revista Brasileira de Medicina do Esporte 2003; 9(6).
– Dantas EHM. Apontamento da disciplina relacionada à saúde, ao fitness e ao wellness [dissertação]. Universidade Castelo Branco: Rio de Janeiro, 2001.
– Gonçalves R, Gurjão ALD, Gobbi S. Efeitos de oito semanas de treinamento de força na flexibilidade de idosos. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano 2007; 9(2): 145-153
– Artigo: file:///C:/Users/familia/Downloads/efeitos-do-treinamento-funcional-na-mobilidade-de-idosos.pdf

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

Aqui eu compartilharei conteúdo sobre exercício e alimentação para ajudar você a encontrar o caminho para um estilo de vida mais saudável. Os textos são cientificamente embasados e selecionados da melhor forma possível, sempre para auxiliar no seu bem-estar. Mas, lembre-se: a informação profissional é só o primeiro passo da sua nova jornada. O restante do percurso depende 100% de você e da sua motivação para alcançar seu objetivo.