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Cozinhar em panela de ferro aumenta a quantidade do nutriente na comida?

Renata Turbiani

Colaboração para o VivaBem

15/08/2018 04h00

A receita é do tempo da vovó. Antigamente, as pessoas cozinhavam o feijão e outros alimentos em panela de ferro (ou junto com um prego) para aumentar a quantidade do mineral na comida.

É bem verdade que é cada vez menos comum a presença de utensílios de ferro nos lares hoje em dia. Porém, com a carência do nutriente na dieta e a preocupação com a anemia --problema de saúde que afeta mais de dois bilhões de pessoas no mundo -- será que vale investir na velha tradição? 

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Cozinhar em panela de ferro funciona?

Sim. Segundo os especialistas ouvidos pelo VivaBem, estudos comprovam que ocorre a migração do mineral para a comida, mas somente quando o alimento é preparado em panelas de ferro fundido. Também foi observado que o nutriente presente na peça possui biodisponibilidade (potencial de alcançar o tecido-alvo no organismo) similar ao ferro encontrado em alimentos de origem vegetal.

Os alimentos ácidos, como molho de tomate, são os que mais absorvem o metal. O tempo de cozimento e a quantidade de água usada no preparo também importam. Nos dois casos, quanto mais melhor, pois a comida vai ter um contato maior com a panela de ferro.  

Qual é o aumento do nutriente? Não existe um número conclusivo Porém, estudos indicam que o mineral transferido da panela para os alimentos pode suprir cerca de 20% das necessidades diárias. 

Qual a necessidade diária de ferro?

A recomendação de ingestão de ferro varia de acordo com a idade:

  • Até os 6 meses de idade: 0,27 mg de ferro ao dia;
  • De 7 a 12 meses: 11 mg/dia;
  • De 1 a 3 anos: 7 mg/dia;
  • De 4 a 8 anos: 10 mg/dia;
  • De 9 a 13 anos, 8 mg/dia;
  • De 14 a 18 anos: 11 mg/dia (homens) e 15 mg/dia (mulheres);
  • De 19 a 50 anos, 8 mg/dia (homens) e 18 mg/dia (mulheres);
  • Após os 51 anos, 8 mg/dia.

Nas gestantes e lactantes, a quantidade aumenta. Para as grávidas, o ideal é consumir 27 mg de ferro por dia. Já para as que estão amamentando, 10 mg/dia (de 14 a 18 anos) e 9 mg/dia (19 anos ou mais). Outro grupo que sofre alteração são os vegetarianos. A necessidade do mineral para eles é 1,8 vezes maior do que um individual com dieta ocidental.

Alimentos ricos em ferro

Entre as principais fontes do mineral estão a carne, em especial a vermelha, a gema de ovo, as leguminosas (feijão, lentilha), vegetais folhosos verde-escuro (espinafre, rúcula, couve) e frutas secas. É preciso destacar que nos alimentos de origem animal o mineral possui melhor biodisponibilidade.

Alguns alimentos também podem interferir na absorção do nutriente pelo organismo. Entre os que ajudam estão os fonte de vitamina C (laranja, limão, tangerina, acerola e abacaxi, por exemplo). Já os ricos em cálcio (leites e derivados) atrapalham, pois a substância compete com o ferro. Por isso, evite combinações como hambúrguer e queijo (entenda melhor no vídeo abaixo) 

Importância do ferro para o organismo

O ferro é um dos microelementos mais abundantes no organismo, sendo componente essencial das células vermelhas presentes no sangue. Ele tem como função principal o transporte de oxigênio por todo o corpo, e também é necessário para a produção de hormônios e, consequentemente, o crescimento, o desenvolvimento.

Riscos da falta de ferro

A falta do nutriente provocar uma série de complicações, sendo a principal delas a anemia ferropriva. Considerada um problema de saúde pública tanto nos países em desenvolvimento quanto nos desenvolvidos, a doença atinge pessoas das mais variadas idades e classes sociais.

Alguns de seus sintomas são palidez, cansaço, sonolência, apatia, palpitações, taquicardia, falta de apetite, queda de cabelo e unhas quebradiças. Nas crianças, o problema ainda pode afetar o crescimento, a aprendizagem e aumentar a predisposição a infecções. O tratamento se dá com suplementação de ferro, sendo que a quantidade deve ser indicada apenas por um médico.

Fontes: Adriana Paula Della Líbera, nutricionista do HCor (Hospital do Coração); Celso Cukier, nutrólogo da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo; e Fabiana Poltronieri, professora da área de ciência dos alimentos do curso de nutrição da Faculdade das Américas e conselheira titular do Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região SP-MS (CRN-3)

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