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Marvelous Mrs. Maisel: Conheça a série da Amazon que ganhou o Globo de Ouro

Rachel Brosnahan é a protagonista de "The Marvelous Mrs. Maisel", da Amazon - Divulgação
Rachel Brosnahan é a protagonista de "The Marvelous Mrs. Maisel", da Amazon
Imagem: Divulgação

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

08/01/2018 10h00

Entre tantas estreias das séries em 2017, uma passou sem receber o merecido reconhecimento: “The Marvelous Mrs. Maisel”, do Amazon Prime Video, o serviço de streaming da gigante varejista. Mas isso acabou neste domingo (7), quando ela saiu do Globo de Ouro com duas estatuetas: a de melhor série de comédia e a de melhor atriz da categoria, para sua protagonista, Rachel Brosnahan.

A Sra. Maisel do título é Miriam, ou Midge, uma jovem dona de casa judia da Nova York dos anos 1950. Ela é a perfeição encarnada: vem de família abastada, mora em um apartamento grande e lindamente decorado em uma área nobre da cidade, tem dois filhos pequenos, e toda manhã ela levante cedo para se maquiar e arrumar os cabelos antes do despertar do marido Joel (Michael Zengen), um empresário que sonha em se tornar comediante (e recebe para isso total apoio da mulher). 

Depois de uma noite ruim, Joel anuncia que está tendo um caso com a secretária e deixa Midge.  Em um ato impulsivo movido a álcool, ela descobre um talento natural para a comédia stand-up no Gaslight Cafe, clube que realmente existiu em Nova York e onde se apresentaram nomes como Bob Dylan e Bruce Springsteen. 

Escrita por Amy Sherman-Palladino, criadora de “Gilmore Girls”, a série adota o mesmo tom leve e verborrágico que a consagrou: Midge é esperta, fala rápido e tem sempre uma resposta espirituosa na ponta da língua. E ela está cercada de coadjuvantes também divertidos de se ver: Tony Shaloub e Marin Hinkle vivem seus exagerados pais, transitando entre o drama e a comédia em uma série de discussões familiares; e Alex Bornstein, que participou de “Gilmore”, está ótima como Susie Meyerson, a mentora durona e ácida de Midge, com quem dá início a uma amizade improvável.

Alex Bornstein e Rachel Brosnahan em cena de "The Marvelous Mrs. Maisel" - Divulgação - Divulgação
Susie e Midge tentam se virar juntas no mundo da comédia
Imagem: Divulgação

Muito do mérito de “Mrs. Maisel” está na protagonista Rachel Brosnahan, famosa por interpretar a prostituta Rachel em “House of Cards” – sim, aquela que comeu o pão que o diabo amassou após fazer um servicinho sujo para Frank Underwood (Kevin Spacey). A atriz, encantadora e surpreendente no papel, constrói uma Midge que qualquer um gostaria de ter como amiga e mostra um ótimo timing para a comédia, seja em cima do palco ou fora dele.

Fazer comédia dentro da comédia, aliás, é um desafio que tinha grandes chances de não dar certo, mas funciona bem aqui. Midge conquista o público, dentro e fora da telinha, transformando suas desgraças pessoais em piadas ácidas e afiadas que muitas vezes passam do limite do que poderia ser dito nos Estados Unidos da época – assim como as de Lenny Bruce, único humorista da vida real que ganhou um retrato na série, na pele de Luke Kirby. Nos anos 1960, ele foi preso mais de uma vez por usar palavrões e vocabulário chulo em seu show, o que constituía crime de obscenidade.

Mesmo se passando nos anos 1950, “Mrs. Maisel” soa atual. Meio século depois de Phyllis Diller ganhar fama como uma das primeiras mulheres a fazer humor stand-up nos Estados e receber o título de “rainha da comédia”, o meio ainda é dominado por homens, e persiste o clichê de que mulheres não são engraçadas – frase que Midge chega a ouvir em certo momento. Mas a beleza da trama é que ela não toca nesses assuntos a partir da perspectiva sombria, mas de uma solar: Midge, apesar de ser frequentemente subestimada, segue firme e forte em seu caminho com uma confiança quase inabalável, o que é delicioso de assistir.

Adorável e cativante, “The Marvelous Mrs. Maisel” realmente faz jus ao seu título e já está renovada para uma segunda temporada. Uma boa escolha para começar 2018 com o pé direito.