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Mulheres dos EUA sofrem penalidade salarial de 4% por filho

Rebecca Greenfield

01/12/2016 09h39

(Bloomberg) -- Ter um bebê é um mau passo na carreira de uma mulher, especialmente se ela for altamente qualificada e compensada. Para cada filho, as americanas sofrem uma "penalidade de maternidade" equivalente a 4% da renda.

Uma pesquisa divulgada pela publicação American Sociological Review mostra que essa penalidade chega a 10% por filho para as que ganham mais.

Quando a carreira está em ascensão, o salário sobe rapidamente e, portanto, uma pausa para criar filhos implica custo maior no longo prazo. Profissionais que param de trabalhar fora durante dois anos para cuidar das crianças deixam passar projetos, aumentos salariais e oportunidades que terão grande impacto no futuro.

"Seja qual for o período que param ou se passam a trabalhar em regime de meio expediente, isso sairá mais caro para elas", disse Paula England, professora de sociologia da Universidade de Nova York e principal pesquisadora do estudo.

Esta é uma das razões pelas quais poucas mulheres que recebem salário alto se retiram da força de trabalho. Uma análise da Pew realizada em 2014 concluiu que mães com diploma de mestrado ou mais avançado e renda familiar anual acima de US$ 75 mil que decidiram deixar o mercado de trabalho para cuidar da família representavam apenas 4% do total de mães que ficam em casa com os filhos.

E quem fica em casa não descreve uma decisão e sim uma falta de escolha. Em uma pesquisa de 2009 do Centro para Políticas Trabalho-Vida feita junto a mulheres com diploma avançado ou curso superior com honras, 69% responderam que não teriam saído do mercado para cuidar das crianças se seus empregos fossem mais flexíveis.

"Muitas mulheres estão sendo forçadas a sair por alguns anos porque não conseguem uma breve licença no começo ou porque não conseguem flexibilidade suficiente", disse Paula England. Nos EUA, a maioria não tem acesso a licença-maternidade remunerada. Uma pesquisa da Pew no ano passado concluiu que pais e mães acham difícil equilibrar a vida profissional com a vida familiar e que 41% das mães afirmam que cuidar dos filhos coloca impedimentos ao avanço de suas carreiras.

Os pesquisadores usaram dados da Pesquisa Longitudinal da Juventude Nacional com 5.000 mulheres, que acompanha informações de emprego e família ao longo da vida adulta das participantes.

A penalidade da maternidade também afeta as que ganham menos e o abalo para elas é maior, pois têm menos recursos, menos dinheiro sobrando e menos flexibilidade em termos do uso do tempo. No entanto, as que ganham mais sofrem perda desproporcional de renda.

Para os homens, nada disso é problema. Eles recebem de fato um bônus de paternidade: um aumento nos rendimentos de mais de 6% por filho. Para os empregadores, ser pai é sinal de estabilidade e compromisso.