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Paola Machado

O que é a andropausa? Como isso afeta o humor e a saúde do homem?

Paola Machado

06/08/2018 04h00

Crédito: iStock

Muitos homens, quando vão se aproximando da terceira idade, sofrem por mudanças hormonais e, os que convivem com eles, dizem que estão ficando com uma personalidade mais "ranzinza".

Isto é a chamada andropausa que podemos correlacionar a uma menopausa masculina.

Com o declínio da idade três sistemas hormonais afetam o ritmo de envelhecimento biológico:

  1. A menor liberação do hormônio do crescimento (GH) pela hipófise anterior deprime a produção de IGF-1 pelo fígado e outros tecidos, o que inibe o crescimento celular. Essa condição de envelhecimento chama-se somatopausa.
  2. A menor produção do hormônio luteinizante (LH) gonadotrófico e do hormônio folículo-estimulante (FSH) pela hipófise anterior, juntamente com a secreção reduzida de estradiol pelos ovários e da testosterona pelos testículos, causa, respectivamente, a menopausa em mulheres e a andropausa em homens.
  3. As células adrenocorticais responsáveis pela produção de DHEA reduzem a sua atividade, denominada adrenopausa.

A andropausa é uma síndrome caracterizada pela queda dos níveis plasmáticos de testosterona no homem, clinicamente chamado também de hipogonadismo. As modificações no eixo hipotálamo-hipófisário-gonádico em homens ocorre de forma lenta e sutil. A testosterona sérica total e livre declina gradualmente com a idade dos homens.

A testosterona é um hormônio derivado do colesterol, sendo produzido pelos testículos no homem (média de níveis plasmáticos 200-800ng/ml)  e nas glândulas suprarrenais em mulheres (média de níveis plasmáticos 14-70ng/ml). A testosterona é responsável pelas característica masculinas e quando se encontra em queda observa-se sintomas como depressão, cansaço extremo, queda de rendimento sexual e libido, redução de massa muscular e aumento de gordura corporal.

Quando o nutricionista e/ou médico avalia a porcentagem de gorduras em homens de meia-idade (a partir de 45 anos) e esta se encontra acima dos níveis saudáveis, observa-se uma redução na média plasmática de testosterona. O primeiro passo é mudar a dieta: melhorar a qualidade das proteínas consumidas, reduzir gorduras saturadas e trans, sódio, carboidratos simples e alimentos com calorias vazias.

É importante também aumentar a ingestão de alimentos de origem vegetal como frutas, verduras e legumes. A redução do peso corporal e a mudança do estilo de vida (praticar exercícios físicos, evitar o álcool e o cigarro, dormir bem) já podem ajudar a melhorar os níveis hormonais.

Dependendo da situação o profissional pode também corrigir este queda a partir de alguns fitoterápicos envolvidos na produção, secreção e conversão da testosterona. Neste último item a conversão pode aumentar os níveis de estrogênio no homem, indicados por aumento das mamas (ginecomastia) e aumento de gordura corporal nos flancos, costas e abdômen. A enzima aromatase é a principal responsável pelo conversão da testosterona. A indicação de fitoterápicos e nutracêuticos que podem modular a conversão estrogênica da testosterona tem alvo específico: a classe de enzimas chamadas aromatases. Basicamente essa grupo de enzimas oxidoredutases endógenas são encontradas no retículo endoplasmático das células produtoras de estrogênio, incluindo os ovários, placenta, células de Sertoli, células de Leydig, adipócitos e cérebro.

Desta forma, há no mercado uma série de suplementos nutricionais, com ervas ou extratos de raizes e plantas, nutracêuticos e substâncias bioativas em alimentos vegetais, com propriedades de inibição da aromatase (IAs). Eles precisam ser indicados por um profissional qualificado. Como temos uma lista muito vasta de substâncias e cada uma possui características bioquímicas variadas, só vou citar alguns disponíveis no mercado em produtos comerciais:

Polifenóis: Apigenina, Crisina, Kaempferol, Luteolina, Naringina, Quercetina, Resveratrol.

Ervas: Epilobium, Chá-verde, Lúpulo, Urtiga (fonte de Beta-sitosterol e acido octadecadienico), Pygeum.

Importante salientar que hoje em dia os médicos estão considerando a  terapia de reposição de testosterona (TRT), que visa o aumento e a manutenção nos níveis saudáveis do hormônio. Porém ela é de responsabilidade médica e só indicada quando nenhuma outra terapia consegue melhorar a situação do paciente.

Mas a parte boa da história é que isso pode ser prevenido com o estilo de vida que o homem leva, ao passo que tenho pacientes com mais de 50 anos que são fisicamente ativos, que mantêm uma alimentação saudável e que possuem níveis normais de testosterona para a faixa etária.

Faça exames de sangue periódicos, pois esta é a forma mais simples de acompanhar a sua individualidade bioquímica e metabólica!

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

Aqui eu compartilharei conteúdo sobre exercício e alimentação para ajudar você a encontrar o caminho para um estilo de vida mais saudável. Os textos são cientificamente embasados e selecionados da melhor forma possível, sempre para auxiliar no seu bem-estar. Mas, lembre-se: a informação profissional é só o primeiro passo da sua nova jornada. O restante do percurso depende 100% de você e da sua motivação para alcançar seu objetivo.