Em vez do berço, um colchão no chão. O mobiliário do cômodo, adequado ao tamanho da criança, permite que ela tenha acesso a tudo, dos brinquedos às roupas.
Inspirado na filosofia de ensino criada no início do século 20 pela educadora italiana Maria Montessori (1870-1952), esse tipo de quarto tem sido escolhido por muitos pais que querem estimular a autonomia dos filhos.
"O quarto deve ser um ambiente em que a criança se sinta à vontade para explorar", diz Sonia Maria Braga, psicopedagoga e presidente da Organização Montessori do Brasil. "É importante que ela possa acordar e pegar brinquedos sem depender de um adulto."
Para isso, a segurança tem que pautar todo o projeto do quarto. Objetos pesados e sacos plásticos, por exemplo, têm de ser evitados. Os móveis devem estar firmes e bem fixados, para que a criança possa se apoiar. As tomadas e quinas também precisam estar protegidas.
Marcus Leoni/Folhapress | ||
Sofia, 2, brinca em seu quarto, decorado segundo o método montessoriano, em SP |
"É claro que a supervisão de um adulto é necessária, mas a criança tem de ser a dona do ambiente", diz a psicopedagoga. "O espaço tem de permitir o desenvolvimento e estimular a criatividade."
A gerente administrativa Regina Santos, 39, conheceu a metodologia montessoriana quando a filha Sofia, 2, tinha seis meses. "Estudei bastante e comecei a aplicar os conceitos que faziam sentido à minha família", conta.
Aos poucos, adaptou o quarto. Incluiu brinquedos sensoriais -de vários tipos de materiais- e, em seguida, instalou uma estante de 60 cm de altura em que pudesse deixá-los acessíveis à filha.
A última mudança, três semanas atrás, foi a troca do berço pela cama no chão. "Não fiz antes porque meu marido e minha mãe não concordavam com a ideia", diz. "Mas, agora, a Sofia já está maior e acho que seria perigoso deixá-la no berço."
Segundo Braga, um pequeno colchão já pode ser usado pelos bebês. "O berço é um agente limitador e funciona quase como uma prisão", diz. "Não há como a criança se machucar se estiver no chão."
Já o arquiteto Jéthero Cardoso de Miranda, professor da Faap e do Centro Universitário Belas Artes, discorda: "O berço dá segurança ao bebê e aos pais. Aconselho a mudar só após os dois anos."