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Paola Machado

Diástase abdominal: o que fazer se o problema surgir após o parto?

Paola Machado

16/08/2019 04h00

Crédito: iStock

A diástase abdominal acontece quando ocorre a separação parcial ou completa da musculatura do reto abdominal. É muito comum durante e após a gravidez, pois o útero cresce e os musculatura do reto abdominal se separa para acomodar o crescimento do bebê. Um estudo descobriu que até 60% das mulheres podem apresentar diástase abdominal durante a gravidez ou no pós-parto. No entanto, essa condição não se limita à gravidez, podendo afetar qualquer pessoa, homens, mulheres, adultos ou crianças. Em alguns casos, pode resultar do levantamento incorreto de pesos ou da realização de exercícios abdominais excessivos.

O sintoma mais comum da diástase abdominal é uma protuberância, especialmente quando você contrai a musculatura abdominal. Sintomas adicionais incluem dor na região lombar, problemas posturais, prisão de ventre e inchaço.

Durante a gravidez, você pode não ter nenhum sintoma perceptível quando os músculos abdominais se separam. Mas, durante o segundo ou terceiro trimestre, você poderá ver uma protuberância ou um sulco se desenvolvendo em sua barriga. Pode aparecer acima e abaixo do umbigo. Pode ser mais perceptível quando você está tentando usar seus músculos abdominais para ficar em pé, sentar-se ou deitar-se. Se sentir qualquer dor abdominal, dorso ou pélvica extrema, consulte o seu médico imediatamente.

Após o parto, o sintoma mais perceptível é uma protuberância na região abdominal. Mesmo que você não esteja mais grávida, pode parecer que você ainda está.

Como se auto-avaliar após o parto

  1. Deite com a barriga para cima, pernas flexionadas, pés apoiados no chão.
  2. Levante ligeiramente os ombros do chão, apoiando a cabeça com a mão e olhando para a barriga — como se tivesse fazendo uma movimentação de abdominal.
  3. Mova os dedos da outra mão acima e abaixo do seu umbigo e ao longo de toda a linha média dos músculos abdominais. Veja se você consegue encaixar os dedos nos espaços entre os músculos.
  4. Se você sentir uma lacuna ou separação de um a dois dedos, você provavelmente pode estar com um estágio moderado de diástase abdominal. Depois de algumas semanas após o parto, esse espaço tende a diminuir à medida que seus músculos recuperarem a força.
  5. Seu médico ou fisioterapeuta também pode verificar a diástase abdominal usando uma ferramenta de medição chamada paquímetro ou exames de imagem como ultrassom. Isso lhes dará uma medição mais precisa.

A pressão abdominal excessiva causa diástase abdominal durante a gravidez, pois os músculos abdominais e os tecidos conjuntivos estendem e expandem com o crescimento do bebê. Eles são auxiliados pelos hormônios da gravidez, relaxina e estrogênio, porém isso é esperado durante a após a gravidez. Porém, deve ser observado e, se necessário, tratado, já que essa condição pode enfraquecer o CORE e gerar dor nas costas ou desconfortos pélvicos.

Se estiver com diástase

  • Evite qualquer trabalho pesado ou esforço adicional da sua musculatura abdominal.
  • Realize exercícios posturais.
  • Acomode sua região lombar quando estiver sentado com uma toalha ou travesseiro colocado atrás de você.
  • Quando estiver na cama, vire de lado, coloque os pés no chão e use as mãos de apoio para levantar.
  • Durante a gravidez, se houver liberação médica, você pode continuar a fortalecer o seu CORE com exercícios direcionados para a gestação.
  • Após a gestação, se estiver com diástase, evite abdominais tradicionais até que a diástase "feche".
  • Se notar que os exercícios extenuantes estão distendendo sua região abdominal, suspenda.
  • Evite apoiar os bebês de um só lado do quadril.
  • Evite transportar cargas altas.

Para algumas mulheres, a diástase abdominal pode ser corrigida após o parto, quando os músculos abdominais recuperam a força. Se você ainda estiver com sintomas ou separação oito semanas após o parto, os exercícios podem ajudar. Você pode realizar os exercícios em casa ou trabalhar com um fisioterapeuta ou profissional de educação física.

O tratamento pós-parto para a diástase abdominal envolve o fortalecimento do CORE e assoalho pélvico, além de exercícios respiratórios — hipopressivos. Sempre verifique com seu médico o melhor momento para começar a se exercitar após o parto. Depois de obter de estabelecido, siga um treino especializado para diástase.

Seguem alguns exemplos de exercícios sugeridos

  • Técnicas de respiração diafragmática O diafragma é um músculo respiratório que se movimenta com a movimentação na parte inferior da caixa torácica. O ideal é que ele e o músculo transverso do abdominal, mantenham seu CORE estável, pois assim protege suas costas e permite uma gama completa de movimentos dos membros e do tronco. O exercício de respiração diafragmática deitado, com a barriga para cima. Coloque as mãos em cima da parte inferior da caixa torácica e inspire. Sinta o diafragma fazer as costelas inferiores se expandirem em suas mãos, especialmente para os lados. Ao expirar, concentre-se em contrair o diafragma, criando o que chamamos de "efeito espartilho". Quando tiver certeza de que você está inspirando o diafragma, passe para os próximos dois exercícios.
  • Flexão em pé Esse exercício pode ajudar a melhorar a diástase abdominal e fortalecer a parte superior do corpo e alongar a parte inferior do corpo. Fique de frente para uma parede com os pés afastados na largura dos quadris. Coloque as palmas das mãos contra a parede, inspire de forma que a respiração flua profundamente nos pulmões. Permita que as costelas se expandam, em vez de deixar a respiração expandir muito o abdômen. Ao expirar, solte todo o ar. Permitindo que seus braços flexionem — fazendo uma movimentação de flexão em pé — encostando na parede inspirando. Afaste-se da parede ao expirar e retome sua posição ereta.
  • Ponte Um exercício para tratamento mais avançado é a posição de ponte de ioga. Para iniciar a postura da ponte, deite-se com as costas apoiadas no chão, pressionando toda sua coluna sobre ele. Seus pés devem estar planos e os joelhos flexionados. Coloque os braços ao lado do corpo com as palmas voltadas para baixo. Inspire lentamente, usando sua respiração diafragmática. Ao expirar, eleve a área pélvica em direção ao teto até que seu corpo forme uma inclinação reta, com os joelhos como ponto mais alto e os ombros mais baixos. Inspire suavemente enquanto segura a postura e, ao expirar, volte lentamente com a coluna no chão.

Vale lembrar que para o resultado efetivo, deve-se procurar um profissional.

Se não tratado, com o tempo, a diástase pode levar à complicações, como comprometimento da estabilidade do tronco e da mobilidade, dor nas costas, desconfortos pélvicos, problemas posturais, disfunções no assoalho pélvico e até hérnia, em casos extremos.

Se você está se programando para engravidar, existem formas de prevenir a diástase. Por isso, pratique o fortalecimento do seu core, incluindo fortalecimento do assoalho pélvico e músculos oblíquos. É importante aprender a exercitar a técnica correta dos exercícios abdominais. Evite qualquer exercício em que seu abdômen fique protuberante ou que cause tensão nas costas. Peça sempre auxílio profissional.

Referências:
– Conrad, K.P. Maternal vasodilation in pregnancy: the emerging role of relaxin. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol. 2011 Aug; 301(2): R267–R275.
– da Mota, P.G.; et al. Prevalence and risk factors of diastasis recti abdominis from late pregnancy to 6 months postpartum, and relationship with lumbo-pelvic pain. Manual Therapy. Volume 20, Issue 1, February 2015, Pages 200-205.
– Sperstad, J.B.; et al. Diastasis recti abdominis during pregnancy and 12 months after childbirth: prevalence, risk factors and report of lumbopelvic pain. BMJ Journals. Volume 50, Issue 17.
– Akram, J.; et al. Rectus abdominis diastasis. Review Article. Pages 163-169. 2013.
– Harms, R. W. Why do abdominal muscles sometimes separate during pregnancy? Mayo Clinic. 2014.

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

Aqui eu compartilharei conteúdo sobre exercício e alimentação para ajudar você a encontrar o caminho para um estilo de vida mais saudável. Os textos são cientificamente embasados e selecionados da melhor forma possível, sempre para auxiliar no seu bem-estar. Mas, lembre-se: a informação profissional é só o primeiro passo da sua nova jornada. O restante do percurso depende 100% de você e da sua motivação para alcançar seu objetivo.