Homens que ficam grávidos: novas formas de entender família e gênero
A professora do ensino infantil Taris de Souza, de 38 anos, e o auxiliar de produção Frank Teixeira, 27, terão uma menina, Antonella, em setembro. Mas quem está "grávido" é ele. A família vive em Itapira, a 166 km de São Paulo.
Taris conheceu Frank na academia, há seis anos, quando ele ainda se identificava com o gênero feminino, usava cabelão e sainha, conforme descreve sua parceira. Até então, a professora nunca havia se relacionado com uma mulher, mas "foi uma coisa sem explicação", ela afirma.
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Gênero é a forma de identificação de cada um/a com o gênero masculino, feminino, ou com os dois, ou com nenhum. Essas formas podem convergir ou divergir da maneira como a sociedade te enxerga desde que você nasceu. Quando elas convergem, utilizamos a palavra "cisgênero". Quando elas divergem, "transgênero".
"A gente caracteriza tudo na nossa vida; tudo entra numa caixinha. O problema não é ter caixinhas; é se resumir a caixinhas. Todos têm uma identidade de gênero, que começa a se expressar por volta dos 3 ou 4 anos de idade, e que em 99% dos casos corresponde ao sexo biológico da pessoa (homem ou mulher). Mas há os casos em que a identidade de gênero acaba conflitando com o sexo biológico, caracterizando a transexualidade", diz o psiquiatra Alexandre Saadeh, coordenador do Ambulatório Interdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual (Amtigos) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Há algumas curiosidades sobre o compartilhamento com a mulher do poder de procriação. Diversas sociedades desenvolveram rituais de nascimento. Esses ritos de couvade podem ser encontrados em vários continentes e são praticados pelos homens para reforçar o sentimento de poder paterno. Eles funcionam para diminuir a diferença entre pai e mãe.
Entre os corsos, no momento do nascimento dos filhos, ninguém se preocupa com a mulher. O homem, no entanto, fica deitado vários dias, como se sentisse dor pelo corpo todo. No país basco, logo após o parto, as mulheres ocupavam-se dos trabalhos domésticos, enquanto os homens deitavam-se com os recém-nascidos e recebiam os cumprimentos dos vizinhos.
Pelo apoio que o casal está recebendo em Itapira, fica claro que as mentalidades estão mudando e a diversidade é cada vez mais aceita. Ainda bem. A questão é que a lógica binária — homem/mulher; masculino/feminino —, a forma comum de se compreender os sexos e os gêneros, não é suficiente para abranger as múltiplas possibilidades de se reconhecer e de estar numa sociedade.
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