"Se eu não posso ter você, ninguém pode"

Um corretor de imóveis, Paulo Henrique Goulart, 43 anos, disparou 11 tiros contra a ex-namorada e o atual companheiro dela, que sobreviveram. Quando cercado pela polícia, alguns dias depois, o corretor cometeu suicídio. O caso aconteceu no Rio de Janeiro.

O amante passional mata ou se mata porque se torna insuportável a dor de perceber que não tem nenhum poder sobre o amado, que este o abandona. Um refrão comum aos assassinos emitido para suas vítimas ainda vivas é: "Se eu não posso ter você, ninguém pode."

Para o psicólogo e escritor americano David Buss, estudioso do tema, as mulheres estão sob um risco maior de serem assassinadas quando realmente abandonaram a relação, ou quando declararam inequivocamente que estão partindo de vez. Um estudo de 1333 assassinatos de parceiras no Canadá mostra que mulheres separadas têm de cinco a sete vezes mais possibilidades de serem assassinadas por parceiros do que mulheres que ainda estão vivendo com os maridos. O tempo de separação parece ser crucial.

O trabalho de Buss mostrou que as mulheres correm o maior risco nos primeiros dois meses depois da separação, com 47% das mulheres vítimas de homicídio sendo mortas durante esse intervalo, e 91% dentro do primeiro ano depois da separação. Os primeiros meses depois da separação são especialmente perigosos, e precauções devem ser tomadas por pelo menos um ano.

"O medo de que ninguém nos possa proteger e a suspeita de ser abandonado e rejeitado são os pesadelos da infância, mas também os fantasmas da maturidade.", diz o psicólogo e escritor italiano Aldo Carotenuto. Para nos livrarmos de tanta violência penso ser fundamental que homens e mulheres reflitam sobre como se vive o amor na nossa cultura, principalmente no que diz respeito à dependência emocional e possessividade.