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Lado B

Socorro, vou ficar grávida para sempre! (O mês que dura uma eternidade)

Maria Flor Calil

30/01/2018 04h00

Gravidez sem fim? (Foto: Getty Images)

É fato: todo bebê uma hora nasce, de um jeito ou de outro, mas nasce. E também é fato que o nono mês não acaba nunca, quem já o enfrentou sabe disso… Olham nossa barrigona, perguntam de quanto tempo estamos e, quando respondemos "9º mês", é batata: "Nossa, tá perto, já, já nasce". Não senhoras e senhores, esse "já, já" é só para quem não está carregando o equivalente a um melão na barriga (é com isso que o aplicativo compara o tamanho do bebê na semana em que estou. Calma que piora, daqui a pouco ele terá o peso de uma jaca!).

Mesmo em uma gravidez tranquila e sem muitos percalços como a minha, o finalzinho é de matar. Se ele cair no verão então, vixe maria! Temos que lidar com pés inchados que já não cabem em qualquer calçado e parece que estamos constantemente enroladas em um edredom de tanto calor que passamos. Imagino que deva ser mais ou menos assim que as mulheres se sintam com os fogachos na menopausa. (Amigas, toda a minha solidariedade!)

Uma barriga descomunal

O tamanho da barriga fica meio indecente, sério. Um monte de roupa não cabe mais e você fica mortalmente enjoada das três que ainda entram. Fora que ações prosaicas como passar hidratante, amarrar o tênis ou cortar as unhas do pé se transformam em um verdadeiro exercício de contorcionismo. Tenho passado pelo mico de pedir para que minhas filhas amarrem meu tênis, antes da caminhada matinal.

Falando nisso, a caminhada, que era um momento super agradável para mim, virou um suplício: a barriga fica dura o tempo todo – são as tais contrações de treinamento -, e sinto um desconforto monstro no osso púbico. E ainda por cima, sei que estou andando como uma pata, ou talvez como um pinguim. Que cena!

Dormir também é uma epopeia. Além de levantar 500 vezes para fazer xixi por conta da bexiga que está pressionada, achar uma posição confortável é praticamente impossível. E, cada vez que troco de lado, tenho que levar junto os travesseiros que estou usando, um sob a cabeça, outro entre as pernas e ainda um terceiro apoiando a barriga. Ah, e detalhe: Francisco só me deixa dormir deitada do lado esquerdo. Se eu me viro para o direito, ele se transforma em um alien e se mexe e me chuta até que eu desvire.

TPM elevada ao quadrado

E o meu humor?? Também não anda dos melhores e me sinto em constante TPM. Nessa fase, é normal ficar mais ansiosa e me preocupo com a hora do parto e a dor das contrações; a lista de coisas a resolver antes de o bebê chegar; a curiosidade de saber quem, afinal, anda habitando minha barriga todo esse tempo; o pânico de passar meses sem dormir direito, do bico do peito rachar, do leite empedrar, de sei lá mais o quê.

Tô mandando um sincerão para aqueles que pensam que toda gestante vive em estado de graça, mas não quero assustar ninguém com esse post que está super Lado B mesmo. Muitos desses perrengues nós esquecemos, se assim não fosse ninguém teria mais de um filho e a humanidade estaria em vias de extinção. E claro, passado tudo isso, recebemos aquele presente vitalício, nosso neném delícia, que vamos amar mais do que tudo. <3

No fim, acho que o texto é só para desabafar mesmo e pedir que todos sejam compreensivos e pacientes com as mulheres nessa fase. É um período puxado, intenso e que tem zero glamour.

Sobre a autora

A jornalista Maria Flor Calil, mãe da Teresa e da Julieta, e esperando Francisco, já trabalhou na TV Cultura, na Fundação Roberto Marinho e até foi dona de loja infantil. Depois da maternidade, foi abduzida pelo mundo da maternagem e editou o site da Pais & Filhos, a revista Claudia Filhos e lançou o livro “Quem Manda Aqui Sou Eu – Verdades Inconfessáveis Sobre a Maternidade”. Atualmente, é diretora de conteúdo do Aveq (www.averdadeeque.com.br) e editora de comunicações do Colégio Santa Cruz.

Sobre o blog

Começar de Novo, a música-tema do seriado Malu Mulher (exibido em 1979 e atualíssimo para as questões femininas), é inspiração para a jornalista grávida de um temporão. Um espaço para falar do lado B da maternidade, com uma dose de leveza e outra de profundidade.

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