Resiliência: Saiba como transformar situações adversas em oportunidades para dar a volta por cima

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 12/03/2017 às 10:52
Carol Pessoa de Mello mostra otimismo para lidar com os desafios impostos pela vida (Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem)
Carol Pessoa de Mello mostra otimismo para lidar com os desafios impostos pela vida (Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem) FOTO: Carol Pessoa de Mello mostra otimismo para lidar com os desafios impostos pela vida (Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem)

Em 1962, quando escreveu a música Volta por Cima, o compositor Paulo Vanzolini talvez nem imaginasse que os seus versos (Levanta/ sacode a poeira/ E dá a volta por cima) seriam usados por psicólogos, como uma das ferramentas mais didáticas, para explicar o conceito de resiliência – definida como a capacidade que as pessoas podem desenvolver para enfrentar, superar, ser fortalecida e transformada por experiências de adversidade. Neste mês, dedicado a homenagens a mulheres, são várias as histórias de superação que servem de inspiração para quem deseja traçar novos objetivos diante de momentos de conflitos e problemas.

“A resiliência existe nas situações em que caímos, mas não ficamos no chão. Levamos uma queda, conseguimos levantar e seguir em frente. Isso é desenvolvido ao longo da vida. Uma pessoa não nasce resiliente: ela aprende (a ser flexível diante da adversidade) quando tolera frustrações e, diante das dificuldades, tenta encontrar uma saída”, explica a psicóloga Luciana Gropo, integrante da Associação de Terapias Cognitivas do Estado de Pernambuco.

Ela reforça que a resiliência é geralmente observada em pessoas que vivenciam doenças crônicas – aquelas de longa duração e, por isso, exigem que os pacientes aprendam a conviver com elas. “Em casos como esses, não existe um caminho a seguir para se resolver a situação definitivamente. Mas há a necessidade de a pessoa conseguir lidar com o problema por muito tempo ou pela vida toda. É assim que vem a capacidade de superar obstáculos”, acrescenta Luciana.

A juíza Valdereys de Oliveira, 49 anos, representa bem como a resiliência pode tornar as pessoas mais fortes. "Depois que perdi minha filha, há quase 12 anos, vivenciei a entrega ao luto. E aprendi que não temos domínio diante de muitas coisas. Vi que tinha dois caminhos: ou viver deprimida ou superar e tocar a vida. Diante da dor, a gente imagina que não tem forças para ir em frente e, de repente, percebe que tem", diz Valdereys, que contou com a ajuda de amigos e da família. "Quando Bruna faleceu, eu já tinha Gabriel, hoje com 15 anos. Mas decidi adotar mais duas crianças: Maria Júlia, 9, e Letícia, 8. Hoje resgato minhas forças na corrida, que me ajuda a aprender a importância de concluir cada quilômetro por vez, como se fosse uma alusão a atingir as metas da vida", acrescenta Valdereys, casada com o juiz Sérgio de Oliveira, 50.

"Resgato minhas forças na corrida, que me ajuda a aprender a importância de concluir cada quilômetro por vez, como se fosse uma alusão a atingir as metas da vida", conta a juíza Valdereys de Oliveira, 49, casada com o juiz Sérgio de Oliveira, 50 (Foto: Ashlley Melo/JC Imagem) "Resgato minhas forças na corrida, que me ajuda a aprender a importância de concluir cada quilômetro por vez, como se fosse uma alusão a atingir as metas da vida", conta a juíza Valdereys de Oliveira, 49, casada com o juiz Sérgio de Oliveira, 50 (Foto: Ashlley Melo/JC Imagem)

A publicitária e empresária Carol Pessoa de Mello, 38 anos, também é um exemplo de que um abalo emocional por problemas de saúde nem sempre leva a efeitos nocivos. Ao receber o diagnóstico de câncer de mama em 2012, ela estremeceu, como qualquer outra mulher que descobre ter a doença. “O baque chega de primeiro. Todo mundo que tem câncer pensa que vai morrer. Depois, percebi que fui escolhida por Deus para semear sorriso diante das adversidades”, conta Carol, que ganhou as redes sociais com a hashtag #AstralNoTopo.

Aos poucos, Carol percebeu que pode fazer da doença um ponto de partida para viver de forma saudável. “Passei por sessões de quimioterapia, fiz a quadrantectomia (retirada de parte da mama) e a radioterapia. Durante todo o tratamento, não deixei de treinar. Exercício físico significa vida para mim.”

Hoje ela está em tratamento da metástase óssea do câncer de mama: a cada 28 dias, faz quimioterapia e recebe uma injeção (bloqueador hormonal) de três em três meses. “Continuo praticando exercícios e crossfit, que tiram minhas dores e me dão mais disposição.” Recentemente, ela descobriu outro hobby: criou um perfil no Instagram (@desapeguei_evouvender) que funciona como um brechó para passar adiante roupas e acessórios. “Gosto de moda e customização. Estar dessa forma, nas redes sociais, me deixa viva e de cabeça para cima”, salienta Carol, carregando a certeza de que a resiliência é um recurso valioso para quem deseja superar problemas e ainda aprender com eles.

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